Luciana 05/12/2021
Uma história épica e também melancólica
Talvez o modo mais fácil de definir O Silmarillion seja dizer que é uma série de mitos que remontam a criação do mundo desenvolvido para O Senhor dos Anéis, não estando no entanto, restrito apenas a Terra Média.
Não para menos, o livro se inicia com um Deus chamado Eru (ou Ilúvatar), pai dos Ainur, os primeiros seres criados por ele, dotados de grande poderes que mudariam o destino do mundo e estando dividos entre Valar e Maiar, estes últimos menos poderosos do que os primeiros. Ilúvatar, também foi o responsável pela criação dos Primogênitos (Elfos) e os Segundo Filhos (Homens), sendo os anões uma criação de um dos Valar, Aulë.
Os Valar foram os Ainur que escolheram deixar o plano divino, assumindo novas formas e assim contribuindo para o desenvolvimento de Arda, mundo do qual faz parte a Terra Média, sendo Manwë (Rei de Arda) e Melkor os mais poderosos dentre eles. Melkor, posteriormente conhecido como Morgoth, era o mais poderoso entre os Ainur, mas virou-se para a escuridão sendo o antagonista definitivo de Arda, de quem todo mal do mundo se derivou, inclusive a corrupção de Sauron, um dos Maiar de Aulë que fora seduzido pela malícia e maldade de Melkor e é o grande antagonista de Arda durante a Terceira Era, quando se passa O Senhor dos Anéis.
Cosmologias a parte, o livro está dividindo em cinco partes realmente importantes, sendo elas : Ainulindalë (A música dos Ainur); Valaquenta (sobre os Valar e os Maiar); Quenta Silmarillion (A história das Silmarils); Akallabêth (A queda de Númenor) e Sobre os anéis de poder e a Terceira Era, que é basicamente um resumo da história que encontramos em O Senhor dos Anéis.
Apesar da poesia que encontramos nas primeiras partes do livro que envolvem a criação de Arda, em Quenta Silmarillion, a história se torna mais animada e sangrenta e é onde os elfos assumem o protagonismo dentro do livro. Tudo começa com a criação das Simarils por Faenor, o elfo de destaque entre os Noldor que criou as jóias mais cobiçadas do mundo durante a Primeira Era.
O legal de ter os elfos como protagonistas é que tudo o que eles fazem em um campo de batalha é absolutamente épico e assim vemos muitos deles lutando com lobos, dragões, balrogs e inclusive entre eles mesmos, pois um dos pontos altos do livro é certamente mostrar um lado mais sombrio de todos os elfos, descortinando muito aquela visão etérea e sábia transmitida a nós pelo O Senhor dos Anéis. Aqui eles cobiçam, sentem inveja, fúria, egoísmo, ciúme etc. Porém, em outros momentos, sua natureza mais pura e ingênua os tornavam mais fácil de enganar e corromper.
Muito também foi reservado aos homens e os contos De Beren e Luthien; De Túrin Turambar e Da Quinta Batalha: Nirnaeth Arnoediad foram certamente os meus favoritos. A parte envolvendo Túrin me lembrou muito as tragédias shakespearianas e deixou meu coração encolhidinho.
Em tese, O Silmarillion é um livro épico, mas também melancólico pois suas páginas estão imersas em grandes feitos, mas também em grandes perdas, tragédias e sacrifícios. E é muito legal perceber também toda a influência que Tolkien carregou para suas páginas. Seu conhecimento de linguística, sua filosofia/religião e partes da mitologia nórdica e grega.
É de fato uma leitura difícil, que exige muito do leitor e talvez seja uma leitura indicada para quem realmente curte todo o universo criado por Tolkien e deseja conhecer todos os detalhes deixado por ele.