Alexandre.Tardin 20/01/2019
“Minha Imagem” (Psicografia de Eliana Machado Coelho; ditado pelo espírito Schellida)
Nesse romance espírita Vanessa reside na cidade de São Bento do Sapucaí, que faz parte do estado de São Paulo, e faz divisa com a cidade de Gonçalves no sul de Minas Gerais. Ela foi criada pelos avós maternos, pois seus pais faleceram em um acidente automobilístico; e cresceu em uma fazenda que foi transformada em uma pousada cercada de chalés. Nesse ambiente Vanessa foi cuidada com muito amor e carinho, e também ajudava bastante seus avós para a manutenção desse negócio. Mas sua vida não se resumiu somente a isso, e começou a alimentar a ideia de tentar fazer um curso superior. Após completar 19 anos, Vanessa conseguiu passar no vestibular de Farmácia e Bioquímica na USP, e com isso acabou se mudando para a capital. Para efetuar essa mudança contou com a ajuda de um dos seus dois irmãos, justamente o que morava em São Paulo, que a auxiliou em alugar um apartamento para ser dividido com outras três jovens, que também como ela eram do interior. Obs.: a alternativa de morar com seu irmão foi descartada por ser longe da faculdade.
Vida nova em São Paulo, e aos poucos Vanessa foi conhecendo a cidade, a USP, suas companheiras de apartamento, e também outros alunos na faculdade. Um deles foi Diogo, que também fazia o mesmo curso que ela, e começaram a namorar. Porém a distância entre eles era enorme no que diz respeito ao status social e experiências em geral, isso porque Diogo fazia parte de uma família abastada e era bem descolado, enquanto que ela não tinha muitos recursos financeiros e era muito ingênua, por ter sido criada no interior em um ambiente exclusivamente familiar. Após oito meses de namoro, Vanessa já fazia planos para apresentar Diogo para sua família, mas uma grande desilusão acontece quando ela descobre algo sobre a vida dele. Simplesmente Diogo era noivo e iria se casar com Ceres, que morava na Alemanha e tinha recém-chegado ao Brasil. Essa dolorosa descoberta fez seu mundo desabar, e a decepção foi tão grande que Vanessa resolve retornar para São Bento do Sapucaí, abandonando inclusive a faculdade. Mas ela não volta para o interior sozinha, pois consigo tinha um filho de Diogo em sua barriga, e ela optou em não contar isso para ele.
Anos depois a vida lhe reservou uma dura provação, pois o seu filho Rafael acabou sendo diagnosticado com leucemia, o que faz Vanessa procurar Diogo em busca de uma possível solução para esse problema. Ela e seus avós fizeram os exames para ver se tinham compatibilidade com Rafael, para serem doadores de medula óssea, mas foi tudo em vão pois nenhum deles possuíam isso. Sua esperança residia em Diogo, e mesmo não querendo foi obrigada a procura-lo. Ao chegar em São Paulo descobre que Diogo tem um irmão gêmeo idêntico, Felipe, o que foi uma surpresa para ela. Na ocasião Diogo estava morando na Alemanha, e nesse meio tempo Vanessa e Felipe acabam se apaixonando. Como Diogo tinha ficado viúvo recentemente, e havia perdido também seu único filho desse relacionamento, resolve retornar para o Brasil. Mas essa decisão foi motivada para tentar reconquistar Vanessa, e a partir daí muitos conflitos ocorrem entre diversas almas envolvidas, que não foram gerados unicamente nessa vida.
Além dos ricos ensinamentos espirituais sob a ótica evangélica, o espírito Schellida por intermédio da psicografia de Eliana Machado Coelho, aborda diversos temas importantes com propriedade. Aliás essa é uma característica de seus livros, que através dos seus personagens e circunstâncias, elucida com muita informação sobre diversos assuntos.
Um deles é relativo ao próprio título do livro, “Minha Imagem”, isso porque Diogo e Felipe são gêmeos univitelinos ou monozigóticos. Sobre isso muito é falado, pois são clones perfeitos, e a única coisa que os difere são as impressões digitais, além logicamente de suas personalidades. Diversos casos interessantes são contados sobre o sexto sentido que existe entre gêmeos (vale ressaltar que cientificamente isso ainda não foi comprovado), no qual eles compartilham sensações, pressentimentos, etc.; e inclusive isso acontece entre os gêmeos desse romance.
Outro assunto são as explicações sobre leucemia, pois essa é a doença que Rafael possuí. Além dessas informações, também é bastante abordado a questão dos doadores de medula óssea. A autora cita até mesmo o banco de dados que é financiado pelo Ministério da Saúde, o REDOME (Registro Nacional de Doadores Voluntários de Medula Óssea), e esclarece como são os procedimentos necessários para quem quer se tornar doador para pacientes que necessitam de um transplante de medula óssea. Além disso a autora também discorre um pouco sobre o tráfico de órgãos e suas questões éticas, jurídicas, etc.
Também me chamou a atenção a crítica que a autora faz em relação a forma que alguns planos de saúde possuem em agir, e aos médicos que fazem parte deles. Quando Vanessa buscava respostas para saber o que o seu filho tinha, se deparou com alguns médicos irresponsáveis e negligentes, que simplesmente diagnosticam quase tudo como se fosse uma mera virose, sem requerer exames e deixando o paciente em risco. O motivo desses médicos agirem assim, é porque alguns planos de saúde os pressionam a reduzirem a quantidade de pedidos de exame, sobretudo os mais onerosos. Essa economia com exames pode custar a vida de uma pessoa, pois acabam sendo gerados diagnósticos equivocados, sem bases e infundados.
A autora também aproveita uma personagem secundária amiga de Vanessa, que acaba se envolvendo com drogas e prostituição, e é justamente dessa troca energética sexual promíscua que são realizados diversos esclarecimentos. Diversos aspectos são abordados dessa prática, sobretudo os espirituais, e com certeza após essa leitura pensaríamos duas vezes antes de adentrar em um recinto de prostituição, seja no papel de frequentador ou de profissional do sexo.
Outras passagens interessantes foram as que contaram lendas e histórias da região de São Bento do Sapucaí, principalmente sobre a lenda da Pedra do Baú, situada na Serra da Mantiqueira. Outra lenda que é contada no livro inclusive deu origem ao nome da Serra da Mantiqueira, que em tupi-guarani a palavra “Mantiqueira” quer dizer “Serra que Chora”.
Mas o forte mesmo desse romance espírita são os conhecimentos transmitidos para a nossa evolução espiritual, e através desses ensinamentos cabe a nós começarmos a coloca-los em prática, na sequência de nossa jornada.