Resenhas - Em noites de Sol

Penalux 31/10/2017

Beleza do Cotidiano
Wilson Guanais com “Em noites de sol” vem com sua poesia rápida e leve, disputar com a vida movimentada, a atenção do leitor. Suas poesias sempre bem recortadas, criam jogos de sentido, sendo que algumas vezes as palavras colocadas isoladamente em cada verso, chegam a penetrar tão intrinsicamente à alma do leitor, que é difícil dizer qual a interpretação correta para cada sentença.
As palavras isoladamente dotam-se de força imagética, como em “sempre / nas praias / desertas / onde nunca / estou / invisto / meu Tempo / esculpindo / Delícias / – em areia / movediça – / : depois / eu / desapareço / n’Elas. Nesta colocação das frases, características de Guanais, funde-se a colocação de sujeito objeto, mostrando que sua poesia tem várias faces; ambiguidades.
Seus versos livres, de rimas quase nunca intencionais, areiam-se pela colocação fragmentária de cada palavra. A estrutura do poema também não segue uma regularidade, há poesias de quatro, cinco estrofes, bastante recortadas - com sua técnica costumeira - mas há também as poesias como em “Oferenda”, na qual toda ideia pode ser resumida em 4 versos, “Este coração torto / enraizado / até o caroço / no magma do instante / é a única asa que tenho”.
Como um poeta do cotidiano, Wilson Guanais sublima o corriqueiro em poesia, há aqueles versos dedicados às mulheres como Ana, e há a poesia que metaforiza conceitos em comparação à formas concretas como em “Sem/ fundo/ sem / margens/ o corpo/ é o rio / onde /bebemos/ nossas/ almas./ “.
Percorrendo um rio cujos ondulações formam pequenas ondas de sublimações, reflexões, Wilson Guanais entrega ao leitor com “Em noites de sol”, a beleza do cotidiano, no qual ideias e emoções se misturam na sensibilidade da contemplação da vida e de suas imagens.