O Jardim Simultâneo

O Jardim Simultâneo Milton Rezende




Resenhas - O Jardim Simultâneo


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Penalux 06/11/2017

Olhares poéticos
Com uma coleção de poemas, todos nomeados, Milton Rezende estende o seu domínio de grande prosador, parar o papel em forma de poesia. Na abertura de sua obra em “As Flores do Lado de Lá” o discurso acontece fluidamente na estruturação e uma narrativa poética, na qual o autor apresenta a ambiguidade derivada das relações humanas, quando estas são meramente convenientes. De um lado as pessoas que conhecem o narrador desejavam após afastadas, reaproximar-se do escritor, para saber de sua vida. O narrador, por sua vez, está mais interessado a convidar estas pessoas para as atividades sensíveis ligadas ao amor, proposta esta que recebe como retribuição apenas o eco da ausência daqueles que antes se chegaram até ele.
Os versos construídos com a simplicidade da unicidade das linhas, de palavras diretas e significantes, constroem em seus conjuntos de estrofes, a argumentação e narrativa características da prosa, porém sempre formulando imagens e metáforas dignamente poéticas, em “Quando o silêncio forma / poças de água na memória / e o meu pensamento quase / alcança o teto das emoções, / é hora de abrir as gavetas.
Alguns poemas são sérios, sisudos e até mesmo escrachados, como em “coloquei o saco plástico / no dia e horário previsto / e já ia saindo pro almoço, / mas resolvi aguardar pelo lixeiro / e procurar saber dele o meu / destino no mundo e a situação / do planeta terra. ele me disse / que estávamos todos no aterro / sanitário e sorriu. Neste poema o escritor recorre a imagens pesadas de aterros sanitários para associar o objeto a elementos da vida. O amor é explorado na poesia em seu viés obsessivo, destrutivo, desalinhando-se das ideias românticos à cerca do sentimento, como vistos em “já que você não me quer nesta vida, / vou sequestra-la num domingo qualquer”.
Com sua poesia bela, enquanto sutil, mas também atrevida enquanto sarcástica e imprevista, Milton apresenta os temas do amor, da vida, da existência, entregando à escrita sua personalidade, que as vezes ousa a parodiar os próprios sentimentos humanos, demonstrando com o toque do sarcasmo, camadas existentes sobre a consciência humana, mas que precisam do humor e do absurdo para serem compreendidas.
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