Confesso que conheci Suzanne Brockmann quando a editora Valentina, no ano passado recém-chegada ao mercado, anunciou que lançaria a nova série da autora por aqui e por curiosidade fui atrás de conhecer a autora e seu estilo. Só de a autora trazer militares nos papéis principais já gostei, mas tinha receio de que fosse mais romance do que tudo e por isso aguardei ansiosa por esse lançamento para tirar logo essa dúvida. E sim, depois de poucas horas de leitura divididas em dois dias posso dizer que tem sim muito romance, mas não da forma que está pensando, é complicado explicar como uma pessoa como eu, que não gosta de romances, gostou muito de uma história coalhada de romance, cenas absurdas, divertidas e carregadas de conteúdo adulto. Conheçam Destino Mortal, primeiro da série Destiny.
A sinopse fala bastante de uma das pontas que dá início da trama e do enredo por trás dela, mas vamos para uma outra parte. Sim, Shane vai fazer parte dos testes do Instituto Obermeyer, mas isso é apenas o começo. Do outro lado da trama temos Mac, uma mulher de 27 anos que atingiu 50% do uso de seu cérebro. Na história de um futuro não tão distante os Estados Unidos enfrentam uma das piores depressões tanto econômica quanto social. A sociedade decai em um espiral de preços altos, desigualdade social, governo corrupto e outros problemas como polícia ineficaz e controlada por terceiros. É ai que entra o Instituto e sua pesquisa. Eles pesquisam e estudam o cérebro e pessoas que podem acessá-lo mais do que os 10% visto em pessoas comuns. Mac é uma das poucas que pode acessar 50%, Stephen, outro membro da equipe também e o Dr. Bach chegou aos 72%, um dos únicos homens capaz disso, eles são Maiorais. Com esse acesso ao cérebro eles podem curar seus próprios corpos, ordenar o envelhecimento ficando sempre com a mesma idade física e aparência, assim como desenvolvem certas capacidades, como sentir emoções, conduzir objetos com a mente, penetrar na mente dos outros e muitas outras habilidades. O grupo tem tido trabalho com uma nova droga que vem varrendo as ruas, e sempre estão capturando novos viciados que enlouquecem causando destruição. A Organização que produz a droga usa o sangue de pessoas como Mac para produzir a droga, sangue de pessoas com maior capacidade mental, Maiorais. O de Shane chega aos 17% por isso será testado como futuro Maioral. E aí entra Nika, de apenas 13 anos e cujo cérebro já chegou aos 20% e por isso foi sequestrada. Correndo contra o tempo o grupo precisa encontrá-la antes que ela seja torturada das piores maneiras possíveis para a Organização conseguir a droga. E para piorar o grupo enfrenta dúvidas quando Shane consegue aumentar a capacidade mental de Mac. O que está acontecendo? Ele é um Maioral ou apenas um condutor? Como eles conseguirão encontrar Nika a tempo? Seus poderes podem ser maiores do que o próprio Bach?
Ficou longo, mas sinto muito, foi preciso para você sentir a história. É a partir dessa trama que Brockmann desenvolveu sua história. Uma história inovadora e perspicaz, bem construída e bem narrada, mas para jovens adultos e adultos O livro tem um lado sexual forte, não é erótico, longe disso, mas tem bastante cenas quentes, linguajar aberto sobre sexo e discussões envolvendo o assunto. Vale lembrar que a forma que Brockmann optou por usar é bastante leve e divertida, não é humor, não vá confundir tom leve e divertido com uma trama engraçada, porque não é. É sombria, triste e forte em vários sentidos, mas marcada por personagens vívidos, que passam por situações que divertem o leitor pelo clima que passa e por suas cabeças duras, que cativam e entrelaçam o leitor nos instigando, nos fazendo rir, mas também quase chorar até o fim sem nem perceber.
Mac é uma cabeça dura de marca maior, mas tem bom coração e passou por tanta coisa ruim na vida que é surpreendente a força que ela tem até nos momentos de fraqueza onde age de cabeça quente. Shane também é ótimo, ficamos curiosos para conhecer o misterioso passado o protagonista, que é sincero, inteligente, também teimoso e sofre até hoje por sua escolha. Falando dos personagens secundários, é impossível não gostar de todos. Bach, Elliot, Stephen, até Anna e Nika. Bach é uma figura inteligente e única, um dos melhores, adorei o doutor. São todos ótimos, assim como os antagonistas são terríveis e brutais, um choque para o leitor essas partes. Com uma ambientação forte e imersiva é impossível não sofrer com os personagens e sentir por eles.
O fim foi ótimo, uma conclusão cheia de ação e tensão, que mantem o leitor preso até o derradeiro ponto final. Com algum alento claro, mas também com tristeza. Estou curiosíssima para saber o que vem por ai e mesmo não gostando de livros com um lado mais sexual eu adorei a trama criada por Brockmann e é impossível não gostar e torcer por seus personagens. Isso sem falar da premissa criativa, um futuro não tão distante e o lado científico intrigante da trama que explora o cérebro e suas funções de forma tão criativa e perspicaz.
Leitura rápida, que flui de forma natural graças a uma narrativa cativante e cadenciada, ao mesmo tempo marcada por emoções fortes, pesadas e tristes e por sentimentos bons, amizade e amor. Suzanne Brockmann me surpreendeu com seu universo complexo de escuridão e beleza contrastantes. A edição da Valentina como sempre surpreende, fonte ótima, tradução cuidadosa, capa bem imaginada e que surpresa! O conto que antecede o primeiro livro falando sobre o incidente que fez Shane ser expulso dos SEALS e colocado na lista negra do governo que trouxe tanto problema para ele está no final do livro. Um conto importante que demonstra a atenção, qualidade e compromisso da editora com o leitor. Uma história que (...)
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