Moonlight Books 25/06/2013
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Um gato mudou uma vida.
Já fui fisgada no começo, quando James apresenta a entrada de Bob em sua vida, pois vi claramente seu envolvimento com ele, a sensação soou muito familiar, pois toda vez que vejo um gato sou tomada por muita ternura, sou totalmente apaixonada por estes carinhas fofos e maravilhosos, confesso que essa foi a razão para ler este livro, já que não é o tipo de leitura que costumo fazer.
Tive vários gatos, mas minha preferencia sempre foi pelos "laranjinhas" e ao ver Bob fui remetida aos tempos com cada um dos meus fofos. Cada cena que James descreve é muito verdadeira, concordo plenamente com ele quando cita que os laranjinhas são os gatos mais ativos e espertos que existem.
A narrativa em primeira pessoa, mostra a história de um jovem que está se recuperando do vício das drogas, diferente de muitas pessoas que entraram nessa, James não fica lamentando e culpando alguém, ele é realista, e fala claramente que entrou nessa por causa da solidão. A família sempre mudou muito, e ele não conseguia criar raízes em nenhum lugar, mesmo tendo uma boa relação com a mãe, não sentia a casa como um lar. Ao cair no mundo em busca de si mesmo, perdeu-se no vício, durante mais de dez anos viveu nas ruas.
Amante da música, afirma que esta foi a única âncora com a normalidade, e o que lhe permitiu não enlouquecer. Em pleno processo de desintoxicação, encontra no corredor do prédio que morava um gato laranjinha, faminto e machucado. Com a intenção de apenar deixá-lo melhor para voltar às ruas, James acolhe o gato, mas o carisma do bichinho lhe derruba, ele lhe dá o nome de Bob e quando percebe, não consegue mais viver sem ele.
Uma leitura fluída, que além de mostrar uma história real, emociona o leitor com o relato de James. Ele é um cara legal, humilde, sensível, tranquilo e de coração enorme. Vivia com pouco, mas não ligava pra isso, ele dava valor a sua amizade com o gato, queria apenas ter uma família e criar raízes. Quando ele toma a decisão de fazer de Bob seu bebê, não só abraça a responsabilidade pela vida do gato, mas pela sua também. A vontade de compensar a amizade que Bob que lhe devota, faz com que ele não poupe esforços na sua recuperação. Bob é um incentivo, e nos dá momentos divertidos ao entrar de vez na vida do rapaz, em especial quando vai trabalhar com o músico.
Das tantas segundas chances que James teve e deixou escapar, Bob foi a única que verdadeiramente fez a diferença em sua vida. Ele trata Bob como um igual, é muito engraçado as vezes ele falar que queria saber como foi a vida do gato antes de conhecerem-se, como se ele tivesse um passado histórico. Um exemplo de dedicação e respeito aos animais.
Esta resenha é muito pessoal, vi no livro muito do mesmo amor que dediquei aos meus gatos, senti tudo que foi descrito, me emocionei muito. Foi algo nostálgico, não tenho nenhum gato atualmente, a partida do último foi muito sentida e não consegui criar coragem de ter outro, doeu muito mesmo, sinto agora ao fazer esta resenha. Mas não há companheiro melhor no mundo, me desculpem os amantes de cachorros, mas a maneira como um gato nos escolhe é mais fiel do que tudo, pelo menos os meus sempre foram muito sinceros, se não gostavam de alguém, nada os comprava.
Acordar com aquela bolinha de pelos te lambendo não tem preço, ver eles se enroscando no seus pés é impagável, por isso, amantes de felinos, leiam Bob, e para quem não é, leia também e conheçam mais estas criaturas sensacionais.
"Ver-me com meu gato suavizou-me aos olhos das pessoas. Ele me humanizou. Especialmente depois de eu ter sido tão desumanizado. De certa forma, ele estava devolvendo minha identidade. Eu tinha sido uma não pessoa, e estava me tornando uma pessoa novamente."