Isabella Pina 05/05/2021Eu tinha baixas expectativas com esse livro, e acho que ele se mostrou ser o que eu esperava: algo que não funcionou muito bem pra mim. Pra começar, o que eu gostei: achei a escrita da autora boa, meio floreada, meio romântica, e funcionava na maioria das vezes - mas não sempre: dependendo do contexto, acabava soando um pouco forçada. A proposta da história também é boa: eu gostei de acompanhar a protagonista enquanto ela viajava pela Europa atrás do pai. Gostei de me sentir visitando os lugares, mesmo que nenhum tenha me marcado de maneira significativa.
Quanto aos personagens, nenhum é muito notável. A protagonista, Gabriella, me deu sentimentos conflitantes: às vezes gostava dela, às vezes a personalidade dela tinha algum tom que me fazia ficar de saco cheio. Os outros personagens não têm um espaço muito significativo na história, na verdade. Seus criados, Lorenzo e Olminia, são até que interessantes, muitas vezes eu ficava do lado delas e não da Gabriella nas situações, porque eram mais sensatos. O pai de Gabriella aparece mais em flashbacks, e sua personalidade me lembrou qualquer cientista idoso desses filmes de época, com um quê de anormalidade. O romance aqui não ocupa muito espaço, e eu achei isso bom, porque o par romântico da Gabriella também entra na categoria "baunilha" do resto dos personagens.
Apesar de superficialmente esse livro parecer ser só uma coletânea de viagens de uma jovem burguesa do século XVI, a história é na verdade muito mais sobre ela, especificamente. O destaque do livro é dela, e toda essa jornada é pra personagem crescer e amadurecer, encarar de verdade quem seu pai é, e não a lembrança do que gostaria que ele tivesse sido, enquanto aprende a se conhecer e superar seus traumas. É uma proposta boa, e eu tenho certeza que teria funcionado melhor se eu autenticamente gostasse da Gabriella, mas nunca passo do ponto de achar ela "ok". Inclusive, eu poderia falar isso de todo o livro: ele tem momentos legais, mas nunca evoluem pra algo que se destaque de outras leituras. Talvez o gênero de ficção histórica não seja muito pra mim, no final das contas, porque eu estou longe de entender a Europa do século XVI e suas referências, e não posso dizer que esse livro me deixou mais curiosa nesse assunto.
A conclusão da história é meio corrida, e um pouco decepcionante por conta disso. Não digo que fica um gosto de quero mais, mas eu gostaria de ter tido mais informações sobre o que motivou a Gabriella a viajar metade do mundo. O ritmo do livro não é ruim pra mim, mas quando chegamos ao final, dá pra notar que o resto da história poderia ter sido contado de outra forma pra deixar mais espaço à conclusão. Enfim, não é um livro que eu me importei, infelizmente.
Obs.: a revisão desse livro poderia ser melhor - mas foi engraçado ver um "viajem" escrito.
NOTA: 2 baús de medicamentos