Queria Estar Lendo 13/01/2016
Resenha: Cinder
Eu tinha certeza de que indicação do pessoal do Tumblr não seria roubada, mas não imaginava que Cinder, primeiro volume da série Crônicas Lunares, fosse derrubar tanto o meu emocional. História, cenário, personagens, tudo tão perfeito que eu quero desler pra ler de novo.
O mundo foi devastado por guerras, e nós estamos na Nova Pequim. A história começa com a Cinder, uma ciborgue que trabalha para a guardiã legal - uma mulher asquerosa e metida e absolutamente egoísta quando se trata da órfã que o marido adotou para criar - recebendo uma visita especial na sua oficina mecânica; o príncipe Kai, herdeiro do imperador, pede que ela conserte um androide que é de vital importância para ele e 'para a segurança nacional'.
Uma vez que ele se vai, a trama começa a se desenrolar cheia de adrenalina; existe uma doença fatal no ar, causada por um vírus perigoso e incompreensível, e os cientistas estão buscando uma cura há anos. Quando Cinder fica na presença de um infectado e não adoece, ela é levada até as dependências do palácio para ser estudada - e, principalmente, para entender porque diabos a ciborgue é diferente das outras pessoas.
Honestamente, eu nem vou reler o resumo porque sei que não fiz jus à complexidade genial que é a história da Marissa Meyer. Há anos, literalmente, tenho visto comentários a respeito de Cinder e de como o universo futurístico/distópico da autora é algo usual; e meu senhor amado, eu queria voltar no tempo pra poder ter lido isso antes! A história mistura elementos de ficção científica à clássicos dos contos de fadas, e conforme você identifica as inspirações, quem são os personagens, como a autora mesclou isso a um cenário apocalíptico futurístico, é tudo genial demais e você quer chorar.
"Mesmo no futuro as histórias começam com era uma vez..."
Não são só as nações da Terra que existem nessa trama. A Lua tem uma civilização, os chamados lunares, e eles estão prestes a começar uma guerra contra os terráqueos; quando a rainha lunar, uma mulher belíssima tida como feiticeira, vem ao planeta para uma negociação, as coisas que já estavam complicadas para Cinder e Kai ficam ainda piores. Com a doença se alastrando e a guerra piscando acima deles, segredos do passado e um futuro incerto cairão sobre os jovens até então estranhos um ao outro.
"Ela olhou corredor abaixo, imaginando se havia falado fora de hora e sentindo-se estranha ao lado do príncipe Kai, que, de repente, era apenas Kai."
A Cinder é MARAVILHOSA. Uma personagem que tinha tudo para ser sofrida e cabisbaixa, uma vez que a órfã pouco sabe da sua vida além do fato de ser uma ciborgue que causa comoção negativa nas pessoas que a encontram.
Ela não é humana, não merece respeito e nem a atenção dos outros. Mas ela exige isso; ela é forte, decidida e presente. Suas melhores amigas são uma androide engraçadinha e a meia-irmã do bem, Peony, e tudo o que Cinder sabe sobre o seu futuro é que envolve uma fuga; ela quer deixar a madrasta, aquela sociedade, tudo para trás. Ela quer partir e ser ninguém. Mas a vida não é tão simples, e suas decisões vão pesar sobre ela conforme a ciborgue se aventura mais e mais nas tramas políticas imperiais.
Kai, por outro lado, é a compaixão e o espírito rebelde contido dentro de uma corte que exige tanto dele. Com o pai adoecido, Kai precisa se portar como o futuro imperador, como um rosto que inspirará confiança em seus súditos, e há a guerra prestes a estourar e os acordos medonhos que a rainha lunar quer fazer com eles. Em meio a isso, Kai encontra forças para sorrir e para se fazer presente na vida de uma mecânica que ele encontrou por querer e que foi uma grata surpresa ao seu conhecimento.
Ele e Cinder se completam e, apesar das mentiras e das coisas que ele desconhece a respeito dela, você sente a amizade sutil crescer e se expandir em algo grandioso e emotivo que é o amor que eles sentem um pelo outro; nada de Cinderela ou Branca de Neve aqui, senhoras e senhores. Esse é um amor verdadeiro, pura e simplesmente. Algo que nasce com o tempo e se desenvolve com os descobrimentos e com os envolvimentos. Kai é uma gracinha de menino, todo tímido e sarcástico, e vai ser um grande imperador.
O ship deles é aquele tipo que me faz querer abraçá-los para protegê-los de todo o mal, amém. Há tantas faíscas entre os dois sempre que se encontram, e seus encontros são sempre inusitados e tão marcantes. Kai compreende Cinder, mesmo sem conhecê-la completamente, e os dois se mantém tão próximos, mas respeitosamente afastados. EU QUERO QUE SE BEIJEM QUERO QUE SE AMEM QUERO QUE CASEM E SEJAM FELIZES PARA SEMPRE PORQUE ISSO É BASEADO EM UM MOTHERFUCKING CONTO DE FADAS!
Outra personagem muito marcante foi a rainha lunar, Levana. Ela é claramente inspirada pela Rainha Má da Branca de Neve, mas tem elementos de outras vilãs dos grandes contos de fadas - o que a deixa ainda mais maravilhosa e medonha. Ela é uma antagonista, mas sei que há muito da sua história para conhecer.
"- Eles não têm espelhos porque não querem se ver?
- Vaidade é um fato, mas é mais uma questão de controle. É mais fácil induzir os outros a acreditar que você é lindo se você puder se convencer de que é lindo. Mas espelhos têm um jeito incomum de dizer a verdade."
Claro que eu queria socar a cara dela contra um espelho em determinados momentos da trama, mas ela é uma rainha impiedosa e uma governante cruel, e a Marissa trabalha a sua personalidade de maneira exemplar. Os planos ocultos dela e os segredos a respeito da sua magia fazem de Levana uma figura misteriosa e sombria. Uma rainha má, acima de tudo.
Através de tramas intrincadas por segredos sombrios e uma solução medonha para o fim da praga que assola a Terra - especialmente depois que você descobre de onde essa praga veio e porque existe - constroem um livro emocionante do começo ao fim. A narrativa da autora é de tirar o fôlego e abre alas para uma série excepcionalmente criativa.
Ah, a edição da Rocco é linda! Diagramação simples, mas com formato de letra agradável para leitura e páginas amareladas sempre bem-vindas aos meus olhos cansados. E a capa é um show à parte; as capas da série são deslumbrantes.
Cinder é uma leitura obrigatória a fãs de distopia, de ficção científica e dos bons e velhos e sempre inestimáveis contos de fadas.
site: http://www.queriaestarlendo.com.br/2016/01/resenha-cinder.html