Evy 27/02/2016
Formidável
Por onde começar?
Bem, As Luzes Brancas de Paris é um livro que me deixou totalmente deslumbrada. O contexto histórico incrível que a autora trás; os personagens tão defeituosos que quando você menos imagina, te ganhou; e o fato de que esse é um livro que você chega a acreditar nele, naquela história apresentada, o livro se torna real e assim, inesquecível.
O livro começa em 1917 nos apresentando Xenia e sua família aristocrata na Rússia, aos 15 anos ela passa pelos horrores da revolução comunista e se vê sendo a fortaleza da família que de uma hora para outra, perdeu tudo. O país expulsou e abandonou eles. Depois de deixar a Rússia, Xenia e sua família vão para Paris viver como refugiados. Conforme os anos se passam, mesmo trabalhando em um ateliê, Xenia se vê sempre com a pobreza na porta, até que um estilista lhe faz uma proposta que muda sua vida e assim, Xenia Fiódorovna torna-se modelo.
A Xenia foi obrigada cedo demais a ser adulta e isso fez ela muito cínica, ela perdeu o otimismo mesmo em meio a todas as dificuldades, ela ficou mais amargurada, mas também muito forte. Devo dizer que ela é um personagem admirável, mas que se fechou tanto em si mesma, que apenas sabe ser solitária. A ideia de ser vulnerável ao ponto de amar alguém, a assusta.
O caminho do par romântico se cruza em uma noite em que Masha, a irmã de Xenia, está desaparecida e Xenia tenta encontrá-la. O envolvimento da Xenia e do Max não é descrito de forma "florida", é real, palpável. Os defeitos e qualidades dos dois estão lá, à mostra, e é exatamente esses defeitos que complicam a relação dos dois.
O Max é um fotógrafo que com o passar dos anos se torna muito respeitado e requisitado, principalmente no mundo da moda. Privilegiado financeiramente desde o nascimento, Max é uma pessoa carismática, a princípio insegura, mas com o passar dos anos vemos a evolução dele no livro. Acompanhamos todas as fases dele e da Xenia com o passar dos anos.
O relacionamento do Max e da Xenia é marcado muito profundamente, pela distância. Eles passam meses, anos, sem se verem... (Tudo por causa, na minha opinião, da Xenia. O medo dela em se deixar amar alguém é tão grande, que ela faz uma bola de neve com a vida dela e a do Max) Mas sempre quando voltam a se reencontrar, o amor deles está ali presente.
E os relatos tão fiéis desde 1917 até a segunda guerra mundial, você se vê transportado no tempo e é inevitável se questionar com até que ponto o ser humano vai, até que ponto a bestialidade toma conta. E o mais triste de tudo, é saber que tudo aquilo ocorreu... Talvez esse seja o ponto mais triste do livro, encarar a realidade do passado.
Esse é certamente um livro que não esquecerei tão facilmente, e ainda bem, há uma continuação, pois a forma como acabou o livro... Nossa, esse é um conselho que dou: não leia esse livro se você não tiver a continuação.
A autora ganhou uma fã com certeza.