Adriane Rod 06/07/2013COMENTÁRIOS
“(...) Isso depois de fazer aquele lanche com macarrão instantâneo, prato muito popular entre os alunos alojados, por ser rápido e barato.”
Para quem não sabe, até o ano passado eu morava em um colégio interno; esse ano é que eu decidi viver “externa”, ou seja, tenho uma vida fora da escola: alugo uma casa onde moro com mais 3 amigas, trabalho durante o dia e vou à faculdade à noite. Mas foram 3 anos trancafiada em um internato e foi maravilhoso, passei momentos incríveis, fiz excelentes amigos que durarão para sempre. E esse primeiro quote me fez lembrar as minhas madrugadas de estudo, onde o “miojo” era o meu companheiro – sempre. Um sentimento de nostalgia pairou sobre mim.
Mas foi só. O restante do livro nada se compara com o internato que vive, já que ele retrata uma realidade nada igual ao UNASP (Centro Universitário Adventista de São Paulo) que tem um regime cristão e muuuuuitas regras, das quais eu não sinto falta.
Mas vamos ao livro.
A narrativa está em terceira pessoa e tem como narrador o próprio autor, e por se tratar de um livro curtinho, a leitura é muito rápida e fácil. Não gosto muito de narrativas em terceira pessoa por achar que a história fica distante do leitor, não permitindo um certo envolvimento no decorrer da leitura; porém, eu tenho percebido que quando o livro é mais curto, não tendo a necessidade de prolongar o enredo, essa narrativa contribui para o livro se tornar objetivo.
O enredo é bastante real, embora fictício. Digo isso, porque trata da história de 4 amigos nordestinos que em busca de uma melhoria de vida, se mudam para o Rio de Janeiro a fim de estudar e conquistar um futuro digno. Mas o que eles não sabiam é que a escola onde eles iriam estudar fica bem em frente a uma favela e tiroteios, batidão da polícia, medo e violência faziam parte da rotina do local. Lá, a droga tinha seu lugar garantido entre a maioria dos estudantes que moravam no alojamento.
O livro traz 4 personagens principais: Marcos, João Paulo, Antônio e José Pedro. A construção dos mesmos foi muito bem sucedida, o autor conseguiu criar um perfil que no decorrer da história foi se desenvolvendo e tomando forma. Em todos os grupos de amigos sempre tem aquele mais “cabeça”, centrado, conselheiro e estou falando de Antônio, o amigo mais “pé no chão” do grupo, que conseguiu arrastar consigo seus outros três amigos para o Rio de Janeiro. João Paulo e José Pedro são os amigos “Maria vai com as outras”, fáceis de influenciar. Já Marcos é o extremista do grupo, leva tudo ao extremo; e arrisco a dizer que seu mal foi, na verdade, o amor de uma mulher.
A capa tem tudo a ver com a história e o livro tem 86 páginas de pura realidade, onde podem ser encontrados: traficantes infiltrados na escola; mortes de inocentes por policiais; gravidez indesejada; desistências do estudo; lesbianismo; estupro; brigas e outras coisas mais.
O autor, ao publicar o livro, tem como objetivo mostrar essa realidade que os jovens têm que enfrentar em muitas das escolas espalhadas no Brasil. São barreiras que impedem muitos jovens sonhadores de conquistarem seus objetivos; uns desistem, outros se entregam às drogas e a prostituição e outros ainda têm suas vidas interrompidas por causa da violência.
Nesse livro, você não vai encontrar fantasia ou magia; a leitura te apresenta à realidade de nosso país, algo que está diante de nossos olhos e que é preciso mudar urgentemente a fim de ajudar nossos jovens a concretizar seus sonhos, em busca de um futuro melhor.
SE VALE A PENA LER??
Sem dúvidas!! O livro vai te dar um chacoalhão, vai te fazer refletir sobre qual é a sua posição diante de tudo isso e sobre o que você tem feito para mudar esse quadro.
Eu recomendo a todos e dou cinco estrelas.
Resenha originalmente postada no blog Pseudônimo Literário.
site:
http://pseudonimoliterario.blogspot.com.br/2013/07/resenha-escola-de-um-destino.html