Ana Luiza 11/05/2013
Resenha do blog Mademoiselle Love Books - http://mademoisellelovebooks.blogspot.com.br
Hanna é a garota mais popular da escola. Linda, inteligente e amigável, todos a amam, desde professores a alunos. Apesar de ser gentil com todos, Hanna tem um seleto e variado grupo de amigas. Suas quatro melhores amigas: Olivia, Gilda, Patrícia e Sheila, são completamente diferentes uma da outra. Olivia, a amiga mais antiga da Hanna, é uma garota sarcástica, que sempre tem uma resposta na ponta da língua, e está interessada em um atleta da escola. Gilda é a mais arredia de todas, está sempre mal humorada e não entende porque a Hanna a escolheu, já que não faz o tipo “popular” como a amiga. Patrícia também não entende o que a Hanna viu nela, já que é uma garota muito tímida, sem nada de especial e que adora fotografia. Sheila, diferentemente das outras, não foi escolhida pela Hanna. A garota se mudou durante o segundo ano e, como era popular em sua outra escola, logo se anexou a garota mais popular do lugar, Hanna. Apesar de suas diferenças e conflitos, as garotas são amigas unidas.
Com a chegada do último ano, as garotas percebem que Hanna está um pouco diferente. Seu namorado, o estranho e pouco popular Alex, também parece estar percebendo mudanças em sua namorada. Hanna está muito nervosa e melancólica por esse ser seu último ano na escola, ela tem medo do que virá depois, afinal, a rotina de garota popular que leva é a única vida que ela conhecesse.
“Se Hanna Best pretende fazer uma saída, então fará do seu jeito. Nunca fui de me esconder ou ficar nas sombras. Não faz sentido começar agora. (...) De uma forma ou de outra, terei de ir embora, mas não será silenciosamente. Eles saberão. Não terão escolha.” Hanna (Pág. 110)
O comportamento de Hanna também chama a atenção dos outros alunos quando uma lista de convidados bem estranha é divulgada. A garota é conhecida por suas festas, mas, para essa, alunos nada populares foram convidados e alguns muito populares foram deixados de fora. Todos comentam sobre a estranha lista de Hanna, e alguns até ficam bravos, inclusive algumas de suas amigas. Conforme o ano vai passando e outras festas, com convidados cada vez mais incomuns, também acontecem, as garotas começam a se desunir. Hanna está cada vez mais estranha e as outras meninas começam a nutrir sentimentos pouco amigáveis em relação a ela.
“Odeio ela. Se eu não fosse tão covarde, simplesmente me livraria dela de uma vez por todas, para me libertar e viver minha própria vida. Tenho medo. Tenho medo da Hanna e tenho medo de ficar sozinha, sem ela.” Olivia (Pág. 143)
Sheila está cansada de ser ofuscada pela Hanna e planeja tomar seu posto de garota mais popular. Olivia também não suporta mais o comportamento da melhor amiga e também planeja acabar com sua popularidade. Patrícia, por ser um ano mais nova, não sabe como será sua vida quando a Hanna e as outras se formarem e tenta descobrir quem é sem a Turma. Gilda parece não se importar muito com as mudanças nas amigas, mas, quando tem uma conversa esclarecedora com Alex, acaba desejando o namorado da melhor amiga. Na verdade, todas as garotas da Turma parecem se envolver com Alex, exceto Hanna. Enquanto a garota fica cada vez mais distante do namorado, Sheila acha que ele é a chave para a destruição de Hanna, Olivia começa a repensar seus sentimentos quando ele se diz apaixonado por ela, Gilda acha que ele é seu destino e Patrícia começa a se apaixonar por ele por causa de sua personalidade tão estranha quanto à dela.
“Foi por isso que ela criou a turma, e a gente sempre esteve lá pra ajudar. Mas não se pode ser criança pra sempre. Quando você se torna um adulto, as pessoas esperam que você consiga se virar sozinha. A Hanna não sabe ficar sozinha.” Gilda (Pág. 244)
Conforme a Turma vai se desunindo, as coisas, assim como as garotas, ficam cada vez mais confusas. Todas começam a se envolver cada vez mais com Alex, o que gerará mais confusão. Entretanto, é justamente o garoto que guarda a resposta para tantas perguntas. Alex é único que sabe do mais profundo segredo de Hanna que, de certa maneira, acaba sendo revelado. Uma face completamente nova da inatingível Hanna mostrará que, até mesmo a garota mais linda, popular e, aparentemente, feliz, pode ser vítima de uma infância difícil e da sua própria mente.
“Minha namorada, a perfeita Hanna Best, não era tão perfeita assim. A garota mais popular do colégio possuía problemas que iam além dos desvios de personalidade considerados normais.” Alex (Pág. 208)
“A Turma” é um livro envolvente e surpreendente. Dividido em duas partes, a primeira é narrada pelas garotas e a segunda por Alex. O começo foi meio confuso, já que a cada um dos pequenos capítulos é narrado por uma garota diferente. Entretanto, conforme aprofundamos mais na história e em cada personagem, fica mais fácil perceber quem é quem. A autora conseguiu, em sua excelente narração em primeira pessoa, transmitir as características distintas de cada garota, o que foi muito importante para a trama. Apesar de tão diferentes, todas as garotas tinham, no fundo, um pouco da Hanna, o que é essencial para entender como todas elas estão relacionadas, o que só é possível quando o segredo da Hanna é revelado.
Algo que me agradou bastante foi o modo como a autora deixou pequenas pistas, por assim dizer, durante a primeira parte do livro, o que nos intrigava a ir adiante. Conforme avançava na história, cada vez mais curiosa sobre o que viria a seguir, fiquei imaginando qual seria o segredo da Hanna e fui surpreendida quando ele foi revelado, ao mesmo tempo em que percebi que ele estava ali o tempo todo. O que quero dizer é que toda a trama é bem amarrada, cada pequeno detalhe é essencial para a história. A autora soube narrar os fatos e criar personagens de uma maneira que nos intrigasse, mas que fizessem sentido na história como um todo.
Todos os personagens possuem características próprias e papel na trama, destaque, claro, para as garotas da Turma e, posteriormente, para Alex. De todos, a que menos me agradou foi Sheila, achei-a muito antipática, uma das principais características da personagem. Olivia também não me conquistou muito, sua personalidade não era tão marcante quanto a das outras. Gilda foi uma personagem interessante e adorei seu jeito mal humorado, de quem não se importa com nada, mas que no fundo revelam uma garota como outra qualquer. Patrícia foi a minha segunda favorita, com a qual mais me identifiquei, por causa de sua personalidade tímida, artística e meio deslocada. Mas sem sombra de dúvida, a Hanna foi a favorita, que despertou em mim todos os tipos de sentimentos. Confesso que no início a odiei, seu jeito de garota popular e modo como tratava o Alex me irritaram. Entretanto, o modo como tratava as amigas e todos os conflitos que estavam escondidos por debaixo da sua superfície de garota mais popular da escola, fizeram com que eu acabasse amando a personagem. Hanna é uma garota complexa e, ao mesmo tempo, simples. Todos os problemas, por mais profundos que sejam, são apenas reflexos de uma garota que queria as mesmas coisas que qualquer outra. Hanna queria ser feliz, queria deixar o passado conturbado para traz e ser alguém completamente diferente. Ao mesmo tempo em que queria ser a garota linda e popular, queria ser a garota tímida e frágil, mas que é profundamente amada. Hanna queria, como todos nós, ser é amada e feliz. Então, é impossível não se identificar e se encantar pela personagem. Outro personagem que adorei foi Alex. Como a Hanna, não gostei dele no início e seu comportamento me deixou confusa. Entretanto, na parte dois, narrada por ele, percebemos o quanto ele é doce, atencioso e apaixonado pela Hanna. Alex é uma cara sensível, que apenas queria o melhor para a garota que ele amava. Mas, como a Hanna, ele também estava confuso, também queria ser amado e feliz. O que, ele só conseguiria ao lado dela.
A editora fez um bom trabalho com o livro. A diagramação estava boa, assim como a tradução, mas não entendi porque mudaram o nome das garotas. Originalmente, elas são: Olivia (único nome mantido igual), Zelda (Gilda), Nordica (Patrícia), Shelly (Sheila) e Hamilton (Hanna). Confesso que os nomes são estranhos e os da nossa edição soam bem melhor, mas achei meio estranho a editora modificar o nome das personagens. Outra coisa que a tradução deixou passar foi um trocadilho com o nome “Gabriel”, o atleta que Olivia gostava. Os personagens usam o nome em expressões como “dar uma Gabriel” que, honestamente, não fizeram nenhum sentido em português. É possível entender as frases pelo contexto, mas o trocadilho perdeu o sentido, então penso que poderia ter sido excluído. A capa do livro é bonita e combina perfeitamente com a história.
“A Turma” é uma história intrigante, tocante e surpreendente. Apesar do início aparentemente bobo e juvenil, o livro guarda uma trama inteligente e bem amarrada que, além de nos emocionar, nos faz refletir e perceber em nós um pouco de cada personagem. Amei cada um deles e, assim como a história, eles ficarão na minha cabeça por um longo tempo. Agradeço a editora pela oportunidade de ler o livro e espero ver outras obras da autora por aqui, Alissa Grosso já me conquistou. Recomendo “A Turma” para todos, principalmente para quem gosta de tramas completas, aparentemente simples, mas que guardam personagens reais e cativantes e histórias maravilhosas.
Autora da resenha: La Mademoiselle
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