A Arte de Voar

A Arte de Voar Antonio Altarriba




Resenhas - A Arte de Voar


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Léia Viana 27/12/2023

#12livrospara2023 - Livro de Dezembro
Viver é uma sucessão de escolhas, das quais somos cobrados um dia.

Que história! Que vida!

A história de Antonio Altarriba, contada em quadrinhos, passa pelos movimentos sociais que ocorreram na Europa no período da Guerra Civil Espanhola - 1936 à 1939 - vemos Antonio se envolver com os movimentos anarquistas, para logo
em seguida estourar a Segunda Guerra Mundial e Antonio vai para a Resistência Francesa. Tudo regado com o mínimo de tudo: amor familiar, oportunidades, trabalho, respeito.

Até aqui temos alguns fatos históricos que nos ambienta um pouco na história, o que enriquece ainda mais essa HQ e humaniza o personagem. Aos poucos, as desilusões das quais Antônio passa para tentar sobreviver as angústias desse mundo começam a ficar cada vez maiores. Não é fácil!

Amei e me emocionei com essa história! Se em "Asa Quebrada", a versão da mãe de Altarriba já me fez molhar os olhos de dentro pra fora, confesso que nessa HQ algumas lágrimas desceram pela minha face.

Essa HQ é muito mais que uma história familiar, fatos históricos ou a vida de uma pessoa. Essa HQ é a vida como realmente ela é e o que se pode fazer com ela.

“Eu vivia nele quando ainda não tinha nascido e ele vive em mim depois que morreu.”

Leitura recomendada!
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eusil 30/10/2023

Minha primeira HQ. não consigo entender pq ainda não havia lido livros assim. mas esse sei que tinha que ser o primeiro mesmo. sensível com temas tão importantes e pautados de uma maneira tão simples que rasga a alma. todo mundo tem uma história. e eu amo ouvi-las.
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skuser02844 24/12/2022

No inicio a leitura fica arrastada por causa do excesso de recordatórios, mas com o avançar das páginas a gente se acostuma e percebe que é um recurso necessário para a narrativa.

A história é sobre a vida do pai do autor. Começando pelo fim [o suicídio], volta à infância do pai e segue apresentando os acontecimemtos e infortúnios que conduziram até o momento final de sua vida.


Vale muito a pena ler "Prelúdio à decolagem" no final, uma complementação com os acontecimentos posteiores à morte de Antônio Altarriba pai, bem como revelar a motivação do filho para contar essa história: dar visibilidade a um ser humano , como a maioria de nós, comum e invisível para a sociedade, mas com histórias e experiências de vida únicas.
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najuliass 30/11/2022

-Dertrás de esos cambios había una tragedia personal tan profunda como indefesable... no se trataba de traicion sino de suicidio ideológico... para afrontar el presente, debían acabar com el pasado... morir para seguir vivos.
Danilo.Teognosceres 30/11/2022minha estante
Que hermoso




Luma.Lage 10/03/2020

Antônio cometeu o suicídio aos 90 anos, e seu filho herdou nao apenas o nome do pai (Antônio Altarriba) como a culpa por não ter feito mais para ajudá-lo. Nessa HQ extremamente sensível temos a biografia do pai, escrita pelo filho, nos mostrando as situações que trouxeram a depressão a toma e com ela, sua trágica morte.
Acompanhamos Antônio lutando lara sair de um vilarejo da Espanha, sonhando em se tornar motorista na cidade, ele na guerra e a batalha pós guerra para se tornar novamente uma pessoa digna, os amores e desamores e as perdas que passa em sua vida.
Eu estou realmente apaixonada pela história, em vários momentos quis abraçar o Antônio (pai) e dizer que tudo ficaria bem, uma pena que isso tenho acontecido com ele, só que passou por essa doença, seja na pele ou por um ente querido consegue entender a dor que ela causa.
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Cilmara Lopes 08/08/2019

Preciso ler mais coisas de Altarriba, para ontem
"Eu vivia nele quando ainda não tinha nascido e ele vivia em mim depois que morreu."
E foi assim com essa ideia de transferência, ou melhor, de transubstanciação, que Antônio nos conta a história de seu pai, cujo o nome também era Antônio.
Caminhamos pela Espanha do séc.20, onde um menino tenta desde cedo fugir das mazelas da pacata cidade rural em que vive, mas quando chega a cidade "grande", a famosa Saragoça, não vê grandes diferenças do trabalho árduo no campo para o trabalho árduo montando e carregando camas.
Um tanto desiludido volta para o pequeno vilarejo, mas isso é temporário, logo retorna para Saragoça e pelos infortúnios da vida acaba sendo uma das vitimas do franquismo.
Entretanto, tudo o que passou não derrubou o seu senso de justiça e união para com os seus.
Sentimos ao decorrer da história, o quanto ele preservava seus ideais apesar de todos os males.
Dentro de si sempre carregou o sonho de voar, e o mais perto que chegou foi durante a guerra, e ouso dizer que quase em todos os quadros há essa alusão ao "voar". Um lirismo empregado pelo filho.
Uma vida inteira muito bem escrita, uma forma de catarse para o autor e de deleite para o leitor.
Um romance literário em quadrinhos, que resultou nesse casamento perfeito!
Quando iniciei a leitura já estava muito empolgada em ter uma história tão rica em mãos, conhecemos não só o pai do autor, mas por meio dele conhecemos um pedaço importante da história da Espanha, como as pessoas viviam diante de um governo ditatorial.
Só digo uma coisa: leia e aproveite!
Terminada a leitura, carrego um carinho muito especial por esta obra.

PS: Eu intercalei essa leitura com "Asa Quebrada" (história da mãe), lá no final quando o pai dele vai conhecê-la, eu parei e fui ler Asa Quebrada, depois retornei para este. Funcionou muito bem para mim, esse cruzamento das histórias enriqueceu ainda mais a experiência. ;-)
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Dude 05/07/2019

A arte de emocionar
Soberbo. Como n?o se emocionar, sobretudo, ao ler o prelúdio ao final da história. N?o se assuste se sentir os olhos cheios d'água ao fechar o livro. Mais do que uma homangem ao pai, trata-se de uma redenç?o do filho, extirpando qualquer sentimento de culpa. Um livro sobre a eterna busca de sentido. Uma história sobre todos nós.
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luisa.bergamife 06/02/2015

“Eu vivia nele quando ainda não tinha nascido e ele vive em mim depois que morreu.” — Antonio Altarriba, sobre a aliança de sangue entre pai e filho.
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Teeh 07/01/2015

A ARTE DE VOAR, DE ANTONIO ALTARRIBA KIM
Comprei A Arte de Voar simplesmente porque achei interessante quando conheci a Editora Veneta. E adoro quando compro algo sem preensão alguma e sou surpreendida com uma boa história.

Logo no começo do quadrinho vemos o pai de Antônio, um senhor em uma casa de repouso se jogando do 4º andar, e assim ele voa pelo três andares que contam a sua história de vida. Nisso, seu filho vai nos contando e aos poucos ele entra no corpo do seu pai para ele mesmo nos contar sobre sua vida, os anos são separados em andares e assim conhecemos Antônio.

site: http://livrosaquaticos.com/2014/06/06/a-arte-de-voar-de-antonio-altarriba-kim/
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Marc 22/10/2013

Mais um quadrinho espanhol que leio e fico extasiado. Mesmo que não sejam muitos os autores espanhóis que li, todos foram muito acima da média. É uma pena que, de modo geral, quando se fala de quadrinhos europeus, raramente a produção desses artistas entre na conta.

No caminho aberto por Maus, embora a comparação entre os dois não possa ser levada muito longe, como veremos, certamente esse aqui é um dos que mais se destacam. Apenas para orientar futuros leitores que esperam uma versão espanhola de Maus ou de Fun Home (e pior ainda de “Você é minha mãe?”), esse álbum também narra a vida do autor, mas sem cair no psicologismo de Alison Bechdel, nem na pseudometalinguagem de Maus. Ao contrário, aqui, através de um raciocínio lógico e bastante verdadeiro, me parece, o autor transfere a voz do narrador para o próprio personagem principal, seu pai.

E nesse ponto, apesar de tratar do mesmo período que Maus, a diferença é gritante. O autor não insiste em mostrar o quanto era difícil a convivência com seu pai. Prefere mostrar que de um jeito ou de outro, viver é uma sucessão de escolhas. E durante a juventude elas parecem infinitas, parecem não trazer sequer relação entre si. Os caminhos podem ser mudados e depois abandonados, simplesmente porque há muito tempo disponível. Mas à medida que envelhecemos as escolhas diminuem porque são condicionadas por outras que fizemos anteriormente. De modo que no fim da vida, ao olhar para trás, só o que vemos é um único caminho, uma sequência lógica e determinista, onde a escolha foi eliminada. E tudo parece inevitável. Creio que embora não pareça, essa é a justificativa para o autor se colocar no papel do pai e contar a história em primeira pessoa: ou como ele diz, o filho já está contido no pai, e mesmo depois de morto, este continua a viver através daquele.

Mas ainda assim, é o filho avaliando a vida do pai. E ele evita julgá-la em termos de sucesso ou fracasso. Em Maus, a mera sobrevivência, mesmo diante de todos os problemas de relacionamento entre os dois, já é suficiente para justificar o livro. Aqui, a sobrevivência já está posta, afinal o pai continua no filho, assim como este já vivia naquele momento, ao menos em possibilidade. Isso quer dizer que Altarriba não tem medo de mostrar o quanto a vida parece sem sentido mesmo depois de tudo que se realizou. E acredito que o principal motivo disso é a contradição entre os ideais que o alimentaram durante a vida, que o fizeram lutar contra os fascistas e depois tentar sobreviver durante a ocupação alemã à França, onde se refugiou. Mais tarde, voltando a seu país natal descobre que venceu a guerra, mas saiu perdedor, porque o franquismo conseguira se estabelecer. Enfim, seus ideais mostravam que era preciso lutar pela revolução, por uma sociedade mais justa, mais igualitária, mas sua história mostrou que apesar dos grandes ideais, é sobre as pessoas comuns, sobre os indivíduos que as catástrofes se abatem. Essa grande contradição, ideais de coletividade, de um lado, e por outro lado, em sua vida concreta, a necessidade de sobreviver como um indivíduo, como um átomo diante da História, com H maiúsculo, só pode ter sido o motivo de tanta tristeza no fim de sua vida.

E digo isso porque a sensação não pode ter sido outra senão a de que o tempo todo traiu aquilo que acreditava. Me parece que, ao menos para pessoas com valores morais elevados, como ele se via, não pode haver nada pior do que sentir que traiu tudo o que acreditava. Infelizmente, e isso aparece bastante desde o início da história, jamais houve uma reflexão aprofundada para tentar concluir se aqueles valores eram verdadeiros ou não. Parecia o correto a se fazer, lutar por uma sociedade mais justa, com menos pobreza, mas nunca houve um método para se chegar lá. Sabia apenas que era preciso lutar, e foi o que fez durante toda a vida. Mas esqueceu, quando olhava para trás, que só o fez porque havia paixão, o elemento essencial e que evapora logo depois que damos o passo a que fomos impelidos.

A arte de voar é, portanto, a retomada da capacidade de escolha na vida. E mesmo que essa escolha seja por uma solução drástica e impossível de voltar atrás. Mas se pensarmos que seu pai via o quanto essa capacidade lhe fora retirada com o avanço da própria vida, da idade, a ponto de sentir-se um mero passageiro — ele que sempre estivera no controle, pilotando e decidindo o caminho e a velocidade —, podemos até não aceitar, mas o raciocínio não chega a ser absurdo. Naturalmente que poderíamos enveredar por uma longa discussão sobre o absurdo do suicídio como resposta ao absurdo da vida, mas deixo essa questão para os leitores, assim como tenho a minha.

Pode ser que ninguém concorde com minha leitura, mas esse álbum me pareceu com uma carta de amor e compreensão. Tendemos sempre a olhar a vida dos outros avaliando e buscando seus erros, ainda mais quando se trata de nossos pais. É uma tentativa de compreender o horror da vida que termina, de contextualizar suas escolhas. A despeito da maneira como a possibilidade de escolha é retomada, esse é um trabalho que demonstra a raríssima capacidade de alteridade.
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Hugo Sales 12/10/2013

e a arte de chorar
Terminei de ler "A Arte de Voar". Apesar do meu parco conhecimento sobre HQs, digo que esta é uma das melhoras histórias que li. Uma das mais sensíveis, também. A últimas páginas foram chegando e meus olhos marejaram a ponto de chegar a escorrer.
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Flávio 20/08/2013

[Resenha] A Arte de Voar - Vortex Cultural
Como se destacar no meio de tantas editoras? Basicamente, trabalhando duro, publicando materiais de qualidade, e claro, um pouco de sorte. Um bom exemplo disso é a independente Veneta, editora fundada em 2012 por Rogério de Campos, ex-editor da Conrad, e que pouco a pouco tem mostrado seu potencial e alcançado seu lugar ao sol.

Rogério de Campos, que não é bobo, deve ter escolhido a dedo o primeiro lançamento de sua editora, e verdade seja dita, escolheu muitíssimo bem. A Arte de Voar, de Antonio Altarriba e Kim, é um belo início e denota a visão apurada da editora nessa escolha de publicação.

A Arte de Voar se dá início em um 4 de maio de 2001, na Espanha, onde acompanhamos um homem de 90 anos, pai do autor desta HQ, perto do fim de sua vida, com graves problemas renais, – o que o impossibilitava de calçar seus próprios calçados – e definhando de uma depressão absoluta por um passado que o assombra, tentando desesperadamente subir ao quarto andar de um asilo onde estava internado já há alguns dias, para de lá se jogar e assim dar fim ao pouco que ainda resta de sua vida sofrida.

O que motiva o ser humano a se suicidar, colocar um fim em sua existência, mesmo que repleta de desilusões e pouco tempo de vida pela frente. Quais são as razões para gestos humanos tão radicais como o suicídio acontecer? Devemos julgar tais atitudes? São essas apenas algumas das perguntas que o autor nos questiona ao longo da obra.

Alguns dias após o suicídio de seu pai, uma das poucas lembranças que recebeu foi uma conta de 34 euros do asilo onde seu pai estava internado antes de morrer. Sem ao menos respeitar o seu luto, a dívida já estava sendo cobrada. Coisas da vida moderna. Altarriba não aceitou e devolveu a conta à casa de repouso, pedindo ao menos que respeitassem alguns dias do seu luto. Bobagem. A dívida seguiu em frente judicialmente e o autor acabou perdendo o pouco que restava da herança do pai. Motivado pela revolta, Altarriba decidiu expurgá-la escrevendo sobre seu pai.

Assim, a trama retorna à Espanha do século XX e o autor passa a contar como a história do seu pai está intimamente ligada aos movimentos sociais que ocorreram na Europa, narrando o período da Guerra Civil Espanhola, de 1936 à 1939, que dividiu o país, partindo na sequência para a Segunda Guerra Mundial. Ambos conflitos tem um importante peso na formação do protagonista, desde seu envolvimento com os movimentos anarquistas na Guerra Civil Espanhola, como também na Resistência Francesa durante a Segunda Guerra.

A segunda metade da HQ reforça a ideia das desilusões do protagonista. Com o fim da guerra, Altarriba continua sem esperança e descrente do que será o seu futuro, já que não encontra emprego e vê como única solução utilizar de meios ilícitos para sobreviver. A história se desenvolve com a derrocada das crenças do protagonista.

Ao ler A Arte de Voar é impossível não traçar alguns paralelos com Maus. Ambas as histórias se passam durante a Segunda Guerra, os autores são os filhos dos protagonistas de suas histórias, que por sinal, nunca se deram muito bem com eles, mas me parece que a HQ em questão é mais contundente em seu objetivo. A história de Altarriba é por vezes mais densa, não pelo conteúdo em si, mas por se tratar da história daqueles que ninguém tem interesse em saber, dos anônimos, decadentes, e acima de tudo, dos párias da sociedade.

A HQ toca em temas políticos, e o tom pessimista aumenta a cada página, mesclando momentos históricos com dramas particulares. Os traços de Kim são extremamente detalhistas, mas com uma crueza típica de histórias reais. Extremamente honesta, dura e densa, A Arte de Voar é uma história importante e necessária na formação de qualquer indivíduo. Não deixem de conferir!

site: http://www.vortexcultural.com.br/quadrinhos-e-hqs/resenha-a-arte-de-voar/
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