Tratado do amor cortês

Tratado do amor cortês André Capelão




Resenhas - Tratado do amor cortês


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Marcos606 07/04/2023

O livro I define o amor; suas condições de possibilidade; seus efeitos; os meios para obtê-lo de acordo com a respectiva condição social das pessoas em questão. Logo no início de seu tratado, nos oferece uma famosa definição de amor, que atribui grande importância à concepção tradicional de visão:

“O amor é uma paixão natural que surge da visão da beleza do sexo oposto e do pensamento obsessivo dessa beleza. Passa-se a desejar sobretudo possuir os abraços do outro e a desejar que, nesses abraços, sejam respeitados, por uma vontade comum, todos os mandamentos do amor."

Na segunda parte do tratado, "Como manter o amor", o autor examina as formas de manter o amor e os problemas da infidelidade. Expõe 21 sentenças de amor que teriam sido proferidas por algumas das maiores damas do reino da França.

O sistema social do amor cortês, desenvolvido gradualmente pelos trovadores provençais a partir de meados do século XII, experimentou uma rápida expansão. Um dos círculos em que essa poesia e sua ética foram cultivadas foi a corte de Leonor da Aquitânia. Argumenta-se que esta obra codifica a vida social e sexual da corte de Eleanor em Poitiers, entre 1170 e 1174. Aborda vários temas específicos que foram objeto de debate poético entre trovadores no final do século XII.
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Marcone 10/04/2015

Leitura interessantíssima!

Este livro foi escrito no século XII por um clérigo chamado Andreas Capellanus, com o intuito de explicar a seu amigo, Gauthier, o que é o amor, qual o papel do homem e da mulher, de diferentes classes sociais, nas relações amorosas, dentre outras coisas. Nesta edição, traduzida do latim por Claude Buridant, há uma longa introdução, que fornece informações importantes sobre o que se sabe de Andreas, suas possíveis relações com o clero, e as teses sobre quem seria Gauthier, etc. Na minha opinião, a julgar apenas pelo valor histórico, o livro já se torna de leitura interessantíssima!

Após ler o livro, os leitores poderão ficar com diversas impressões diferentes (a mais óbvia delas será classificar Andreas como mero machista). Mas se o leitor possuir um mínimo de repertório cultural do período medieval, e souber que o mundo não foi criado em maio de 1968, talvez chegue à conclusão de que o empirismo deve ter muito mais valor do que conceitos inventados por quem acha que entende do ser humano.
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Nara Jr 25/12/2010

Imoralidade ou ironia?
Tratado do Amor Cortês (Traité de l’Amour Courtois) é o título dado por Claude Buridant à sua tradução e comentários da obra de André Capelão (Andreas Capellanus). Este clérigo do século XII (embora não esteja totalmente claro que sua clerezia seja a eclesiástica) é o autor do Tractatus de Amore ou De arte honeste amandi.

Aparentemente, essa summa amoris pretende ensinar a arte da cortesia, porém sua conclusão é surpreendente: após páginas dedicadas ao deus amor e à idealização da mulher, condena categoricamente o amor e vitupera a mulher como a origem de todos os males.

O paroxismo da obra não se resolveu. Ainda que a leitura geral pareça indicar certo cinismo em André Capelão, não faltaram críticos que o consideraram um verdadeiro adepto do amor cortês. O clérigo talvez tivesse percebido seus excessos e tentasse com o epílogo negativo contrabalançar seus princípios liberais. Ou, o que seria pior, assumisse conscientemente a duplicidade de vida.

O livro — escrito com estilo, requinte e erudição — interessa porquanto ilustra o ideal aristocrático da cortesia, retrata o período áureo do trovadorismo, e diverte com a descrição de galanteios inventados entre pretendentes de classes sociais diversas.

Por outro lado, a obra decepciona pela apologia do adultério e da luxúria, cuja condenação aparece no texto muito tardiamente. Por fim, deixa um mau sabor de boca com seu desfecho antifeminista.
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