Beto 12/04/2021
O que explica a decadência ocidental?
Se você leu "Civilização", uma das grandes obras de Niall Ferguson, deve ter ficado curioso sobre como o autor revisitaria suas próprias considerações finais, afinal, a conclusão do livro é recheada de "micro previsões" para os dias atuais e é interessante compará-las com o que ocorre hoje, já que ele foi escrito no início da última década.
Publicado em 2012, "A Grande Degeneração" é um complemento das ideias de "Civilização", já que este, após explicar como o Ocidente se descolou do Oriente em termos de desenvolvimento nos últimos 500 anos, comenta em suas páginas sobre como esse "gap" ficou mais estreito, o que se torna o mote daquela obra.
Ao longo de "A Grande Degeneração", Ferguson separa quatro pontos principais - que envolvem, basicamente: o endividamento público, o excesso de regulamentação, o estado de Direito (ou de juristas) e a "falta de presença" da sociedade civil -, os quais serão os responsáveis por explicar a queda do Ocidente nos últimos anos, tanto no campo econômico, quanto no civil.
É claro que, depois de eu te contar os pontos acima, você provavelmente pensou em outros inúmeros fatores que estariam levando à decadência ocidental (principalmente no famoso campo cultural), contudo, o plano de Ferguson não é fazer uma obra gigante sobre esse fenômeno, mas demonstrar uma concisa tese sobre a grande degeneração do Ocidente - afinal, devemos lembrar que a expectativa após o fim da Guerra Fria é que tudo só iria melhorar.
Nesse âmbito, o livro é perfeito e representa tudo o que há de melhor em Ferguson: um background teórico incrível - representado nas notas de menção -, uma escrita atraente, argumentos perfeitamente apresentados e que se encaixam, e uma narrativa bem construída que é capaz de capturar problemas que a literatura tradicional no campo da história e da economia costuma deixar passar.
"A Grande Degeneração" é um livro que, mesmo curto, possui uma carga de explicações densa, tornando-se fundamental para entender um pouco mais das crises ocidentais que passamos hoje. A cada livro que passa, a obra (como um todo) de Ferguson se mostra cada vez mais necessária, e o autor continua marcando seu nome como um dos grandes de sua geração.