Catharino 27/04/2013
Sem sombra de dúvidas um dos melhores livros que já li. Mas essa só foi a primeira leitura, creio que seja necessário lê-lo mais de uma vez caso queira absorver tudo o que nele está escrito. Neste livro, Alex Ross conta a história da música clássica ao longo do século XX.
Desde o almoço entre Strauss e Mahler antes da apresentação de Salome em Graz – que segundo boatos contou com a presença de um jovem chamado Adolf Hitler -, até a última grande ópera americana, Nixon in China, Ross nos presenteia com vários acontecimentos musicais do século passado.
A fria Viena do início do século, o atonalismo, e a iminente Primeira Grande Guerra representada pelo movimento final das Três Peças para Orquestra de Berg- “uma marcha fantasmagórica” – estão na primeira parte do livro assim como a influência do jazz nascente nos compositores europeus. A segunda parte do livro é toda dedicada a Música durante o período de 1933 até 1945. São três capítulos que mostram a influência da política na música clássica, através de programas governamentais implantados por Stálin, Roosevelt e Hitler em seus respectivos países. A terceira, e última, parte nos mostra o pós-guerra, a vanguarda dos anos 60, a dodecafonia, o minimalismo e a música do fim do século.
Interessante notar que a obra Doutor Fausto de Thomas Mann, tem uma grande importância para os compositores da segunda metade do século. Boa parte deles leu o livro, que fala sobre o compositor fictício Adrian Leverkhun.
Alguns capítulos são muito interessantes, dentre os quais vale destacar o capítulo “Homens invisíveis”. Nele Ross fala de vários compositores americanos que não conseguiram fazer carreira pelo fato de serem negros e/ou não fazerem uma música europeia, como era do gosto dos americanos dos anos 20 e 30.
O livro é muito bem escrito, e apesar de ter algumas partes que falam de aspectos mais técnicos da música, é de fácil entendimento para aqueles não “conhecedores da música clássica”.
Por fim, percebemos que a música clássica não é mais o centro das atenções da Música, mesmo atingindo um público maior do que décadas passadas. Mas ela não ficou para trás, “artistas pop inteligentes (Sonic Youth, Radiohead, Björk) e compositores extrovertidos” estão cada vez mais falando a mesma linguagem. Para Ross, “um possível destino da música do século XXI” é a fusão final entre o pop e o clássico, algo que ele disseca mais no seu livro seguinte, Escuta Só – Do Clássico ao Pop.