Camille 28/06/2013http://beletristas.com/resenha-nada/Pierre Anthon é estudante do sétimo ano e, quando percebe que nada importa, decide sair da escola e passar os dias em uma ameixeira, gritando para os ex colegas de classe a falta de sentido encontrada em fazer as coisas.
Quando seus colegas vão para a escola, acabam passando pela ameixeira e, ao escutar as frases não convencionais de Pierre, tentam provar que ele está errado. Na maioria das vezes não é uma conversa e pedras e gritos quase desconexos são a arma para provar que ele as coisas importam e, principalmente, têm significado.
Sem grande sucesso até então, todos os alunos se unem para, de uma forma criativa, provar à Pierre que ele está errado. É assim que uma pilha de coisas com significado começa a ser formada. Cada aluno é obrigado a colocar nela o que o aluno anterior mandou que fosse colocado, seja o que for, porque só assim ela teria realmente o "mais real" significado.
É difícil para mim falar desse livro porque eu tenho certeza que exatamente o que me fez desgostar tanto foi o que fez o livro vender tantos exemplares. Vou tentar explicar sem dar spoiler e inicio dizendo que uma das piores consequências da minha rejeição ao que estava escrito foi a leitura não me prender em nenhum momento.
Estou indo além da forma de escrever de Jane Teller, estou diretamente falando do conteúdo do livro. Mesmo entendendo a linha de raciocínio dos adolescentes, as justificativas para suas ações e os questionamentos criados (exatamente o ponto alto do livro), não consegui aceitar nem um pouco bem o que estava sendo feito e decidido.
A todo instante eu estipulava novos limites para conseguir sentir uma espécie de alívio ao que estava lendo. Logo em seguida, outra fala ultrapassava esse limite e eu tinha que alterá-lo. O principal problema foi que, em algumas dessas exigências com significado, o meu limite de aceitação acabou sendo tão baixo que minha mente corria para o outro lado.
E, por mais complexo que possa soar, não era exatamente pelo que era ordenado que fosse feito. Era porque aqueles adolescentes acabavam aceitando, mesmo que aos prantos e implorando para que não precisassem fazer aquilo.
Eles aceitavam se colocar em situações tão... ridículas (não no sentido de engraçadas) que eu sentia vontade de entrar no meio deles e mostrar o quão absurdo era o que estavam fazendo, o que estavam mandando os outros fazerem. Mostrar que aquilo não era mais para dar significado a algo, e o único significado daquilo era uma espécie de loucura delirante, sem limites. Muitas vezes sem amor próprio.
Precisei de umas horas para organizar melhor os pensamentos e continuo achando tudo de muito mal gosto, mas não sou inocente de achar que não é algo real para tantas outras pessoas. "Nada" é bizarro e me fez pensar o quanto, no final, não estaríamos quase todos doentes de ver beleza em algo que de bonito não tinha nada.
site:
http://beletristas.com/resenha-nada/