Carol 18/08/2021
Sensível e emocionante!
"Se eu tivesse asas, corujinha, eu voaria de estrela em estrela, de aventura em aventura.”
Todo mundo está um tanto que familiarizado com a história do garoto Peter Pan. Eu sempre fui fã do filme da Disney e gosto também das adaptações que vieram depois.
Então, assim que a Editora Nemo (do Grupo Autêntica), me enviou a HQ de Peter Pan para resenhar, fiquei muito feliz e li em um dia. Porém levei uma semana depois que finalizei a leitura para escrever essa resenha. Cada dia uma palavra nova, um sentimento novo, vinham a tona e eu não sabia como expressar tudo que senti lendo em apenas uma texto, mas vou tentar.
A HQ de Regis Loisel é direcionada para o público adulto e conta a história de Peter, um garotinho de uma Londres pobre e miserável, com pessoas peculiares e grotescas (não consegui palavra melhor!). Essa história seria como uma ‘introdução’ para o que eu conhecia da história de Peter Pan até então. Aqui nós vamos descobrir o que leva o garoto a não querer crescer jamais, a questão dos órfãos, a rebeldia, quando ele conhece a fada Sininho, dentre outras coisas que farão sentido, provavelmente, nos outros volumes da série.
Eu diria que para qualquer leitor conseguir aproveitar a leitura, com certeza alguns tabus e a infantilidade do desenho da Disney devem ser deixados de lado. Peter é um garoto que viveu com a maldade e a malícia das ruas, logo ele não é um herói como o esperado. A linguagem que Loisel usa contém uma certa violência, porém que se faz necessária para o contexto e para a crítica ficar mais evidente.
Essa série foi lançada em 6 volumes, e a Editora Nemo decidiu trazer apenas 3 para o Brasil, mas sem perder conteúdo, ou seja, são dois livros por volume. Neste primeiro volume, a primeira parte se intitula ‘Londres’ e a segunda ‘Opikanoba’.
Em Londres, a temática gira em torno de crianças morando nas ruas, inverno rigoroso, prostitutas, abuso sexual, dentre outros assuntos, que são abordados de uma forma que pode chocar quem não estava preparado (assim como eu!). É neste primeiro momento do livro que Loisel conseguiu passar para nós o motivo do Peter nunca querer ser adulto. A forma como isso aconteceu foi bem sensível e emociante, e a leitura já valeria a pena só por este trecho.
A segunda parte é mais fantasiosa do que a primeira, e nela vamos conhecer outros personagens famosos como o Capitão Gancho e toda a tripulação. Essa parte é marcada por aventuras e a superação dos medos e traumas de Peter. Novamente Loisel conseguiu mexer com as emoções em uma cena que é de segurar a respiração e bom .. quando você chega nesta parte, vai saber do que estou falando!
Não é à toa que esta HQ recebeu o prêmio de Grand Prix do Festival de Angoulême, o mais prestigiado dos quadrinhos, em 2003. É uma história que os amantes de HQ’s precisam ler com certeza! (Com mais de 16 anos ok?)
Falando sobre a edição que está impecável. A capa dura, o formato grande e as folhas que são de ótima qualidade garantiram perfeição das imagens e da leitura. A Editora está de parabéns pelo trabalho!
O traço do autor, com uma paleta de cores intensa e as imagens dos personagens são marcantes e muito diferentes do que imaginamos, porém dão um toque especial para essa adaptação que Loisel apresentou.