Deixa comigo

Deixa comigo Mario Levrero




Resenhas - Deixa comigo


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Aline T.K.M. | @aline_tkm 23/08/2013

Franco e com personalidade
Despretensioso, o livro diminuto – tem apenas 160 páginas –, surpreende pelo conteúdo.

A narrativa franca e direta de Levrero dá personalidade à história e é o que mais chama a atenção no livro; adorei o relato debochado, que se faz sério e cômico de maneira simultânea. Característica, aliás, também presente nos nomes da cidades fictícias de Penurias e suas vizinhas, Miserias e Desgracias.

Os personagens são figuras improváveis e corrompidas, a partir do que nos mostra o narrador-protagonista. Um gorducho que já passou dos 50, ele faz de seus encontros com a prostituta Juana uma forma de terapia – da qual não se priva desde que seja o primeiro da noite. Exceto pela peculiar terapêutica, ele próprio parece não ver sentido em sua estada na cidadezinha de Penurias, ainda que a publicação desse romance sem rosto tenha se tornado para ele um compromisso pessoal para com a literatura.

No mínimo, a viagem lhe terá servido para enfrentar o trauma de infância (um sujeitinho que sempre roubava seu material escolar); além de lhe garantir um dinheiro do qual necessita verdadeiramente, isto é, caso consiga encontrar o tal escritor misterioso cujos originais promissores deixaram os suecos empolgadíssimos.


LEIA PORQUE... O enredo simples e a narrativa de forte presença resultam num livro que cativa sem necessitar de artifícios mil. Além da novela, o livro traz a “Entrevista imaginária com Mario Levrero por Mario Levrero” (escrita em 1987), e um posfácio por Joca Reiners Terron.

DA EXPERIÊNCIA... Ler Deixa comigo foi uma surpresa das mais agradáveis. Narrado com avidez e sem papas na língua, o livro agrada do início ao fim. E deixa um gosto de quero mais com relação ao autor.

FEZ PENSAR EM... Sabe aquela cena de desenho animado, quando o personagem fica louco de empolgação e várias coisas meio nonsense aparecem acontecendo ao mesmo tempo na cabeça dele?! Pois sente só o trecho abaixo e diz se não é algo como a versão literária de uma cena desse tipo...


Deixa comigo faz parte da coleção OTRA LÍNGUA, que começou a ser lançada este ano pela Editora Rocco, trazendo autores que compartilham a mesma língua: o espanhol latino-americano. Nas palavras de Joca Reiners Terron, organizador da coleção, “mestres das vanguardas, narradores consagrados e novas vozes da atualidade se encontram aqui para revelar o que diz essa língua do lado de lá da fronteira, estranha irmã de nossa própria fala”.

site: Leia mais em: http://livrolab.blogspot.com
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Renata (@renatac.arruda) 25/04/2014

Resenha:
Deixa Comigo, originalmente lançado em 1996, foi o título escolhido para inaugurar a coleção e a opção não poderia ter sido mais feliz: a breve novelinha é divertida e despretensiosa, recheada de um humor afiado em uma linguagem simples e direta, capaz de prender o leitor da primeira à última página, sem a necessidade de fazer uma pausa sequer. Aquele tipo de livro ideal para se ler durante uma tarde preguiçosa.

Fã dos romances policiais, Levrero constrói uma narrativa que flerta com o gênero: um escritor considerado menor por sua editora, vivendo em um período de decadência (já passando dos 50 anos, acima do peso, fumante e abandonado pela esposa) tem seu romance recebido sem entusiasmo por seu editor mas mesmo assim arrisca pedir um adiantamento. Em contrapartida, recebe uma proposta: estão dispostos a lhe pagar caso resolva o problema de um original escrito à mão que trazia apenas o nome, talvez pseudônimo, do seu autor e mais nenhuma informação de contato. Decidido a receber uma boa quantia, o escritor sem nome parte rumo à cidadezinha de Penurias a fim de encontrar o misterioso autor que causou tanto frisson na editora. Durante a busca, encontra consolo terapêutico nos braços de uma prostituta, revê um antigo colega de escola que talvez tenha uma importante informação e conhece um misterioso artista cheio de sabedoria. Mas não se engane: é da literatura o que Levrero trata neste livro.

Leia mais no Prosa Espontânea:

site: http://mardemarmore.blogspot.com.br/2014/04/deixa-comigo-mario-levrero.html
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Nélson 18/01/2015

-
O livro do Levrero é uma agradável obra. Dono de um estilo muito próprio, o autor consegue misturar sentimentos que podem parecer contraditórios como a sensibilidade e a casmurrice. Um humor fino percorre toda a história. Sem exageros e sem afetação, são feitas críticas ao regime militar uruguaio, ao mercado editorial e ao provincianismo alheio as artes e sem pretensões intelectuais de cidades interioranas.
Acredito que o autor tenha colocado muito de si próprio na construção do seu protagonista. Mas talvez isso seja apenas mais uma "broma" desse ótimo escritor.
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jota 19/12/2015

Pode deixar...
Joca Reiners Terron traduziu e escreveu o posfácio do livro do uruguaio Mario Levrero (1940-2004). Chama o autor de Georges Perec cisplatino com certa razão.

Há algo de comum entre A Coleção Particular (único de Perec que li) e este Deixa Comigo: a, digamos assim, aparente ou real falta de seriedade, a literatura que é quase como um jogo, as desconexões com a realidade, algumas frases bem humoradas aqui e ali etc.

Apesar das anunciadas 160 páginas da edição da Rocco, Deixa Comigo tem mesmo 117 páginas. Como no livro de Perec (que emendou a A Coleção Particular um conto, A Viagem de Inverno), temos outra história a seguir, na verdade Uma Entrevista Imaginária com Mario Levrero pelo próprio escritor.

Essa entrevista às vezes é engraçada – ou interessante - às vezes não. Do mesmo modo que Deixa Comigo. Que parecia bastante promissor de início e termina meio abruptamente depois de dar várias voltas. Tal e qual o livro de Perec. Como não conheço mais nada de Levrero, em se tratando de literatura uruguaia por ora acho mais confortável ficar com Mario Benedetti e Juan Carlos Onetti mesmo.

Reconheço que parte de minha nem tão boa vontade assim com Deixa Comigo se deve a essa terrível semana política por que passou o país. Governado há 13 anos por uma organização criminosa travestida de partido político, que espalhou seus tentáculos por toda a sociedade e nos empurra em direção ao abismo...

Lido entre 16 e 19/12/2015.
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Ana :) 16/02/2017

Uma feliz descoberta
Dei risada, me envolvi com a trama, fui cativada pelo estilo da narrativa, refleti e, de quebra, o livro conversou muito comigo tanto enquanto leitora quanto como escritora. Uma das melhores leituras do ano, e uma feliz descoberta na obra dos nossos vizinhos :)
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Rodrigo 14/10/2018

DEIXA COMIGO
Um escritor é contratado pra viajar até o interior do Uruguai e descobrir o autor misterioso de um romance genial recebido por uma editora via correio, porém sem os dados do remetente.
Falta vontade, mas o cara precisa da grana.
Bem divertido, mas pra mim a melhor parte é uma "auto entrevista" do autor, no posfácio do livro, de bônus.
Recomendo
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Bibi 24/11/2019

Jorge Mario Varlotta Levrero (1940-2004) foi um escritor uruguaio, que também atuou como fotógrafo, livreiro, escritor de quadrinhos, humorista e criador de palavras cruzadas e jogos de engenhosidade. Publicou diversas obras, mas foi principalmente reconhecido por sua última - Um Romance Luminoso.

Em Deixa Comigo, um escritor decadente de 50 anos tem toda a sua aventura iniciada em uma tarde na qual decide levar seu mais novo romance para que sua editora inicie a publicação e lhe entregue algum adiantamento. É com esse pedido que ele recebe uma contra proposta do chefe: Encontrar Juan Pérez, o escritor do romance misterioso recém-recebido tido como um dos mais bem escritos no Uruguay.

A partir daí, somos conduzidos de Montevidéu à pequena cidade de Penurias por nosso narrador. Penurias se encontra próximo as cidades de Miserias e Desgracias, todas das quais você poderá chegar por um mesmo trem. Nesse cenário já podemos sentir toda a atmosfera de romance noir querendo se mostrar. É entre noitadas (que estavam mais para "tardadas"), cigarros e andanças que conhecemos os peculiares habitantes de Penurias e seus hábitos e acabamos por nos sentir parte da comunidade - como o nosso narrador já vinha se sentindo.

Como a sinopse já avisou, achei esse um bom livro para conhecer o universo de Levrero. Com a sua narrativa simples, fácil, fluida e envolvida em mistérios e desconexões, o autor nos guia ao íntimo do narrador, mostrando suas preocupações, traumas de tempos anteriores e o quanto um (pseudo) detetive é também humano, se desvia de seus compromissos, comete erros e passa por noitadas.

Apesar de esse não ser o tipo de livro que estou mais habituada, achei uma narrativa agradável, uma narrativa cotidiana com um quê de estranheza e mistério que nos envolve com a trama e com os personagens. Me fez ter vontade de conhecer mais obras do autor e principalmente seu clássico "O Romance Luminoso?.

Para mais resenhas: IG @bibi.dibooks
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luisfelipe.monteiro2 19/10/2020

Bom em certos aspectos
Mantenho a curiosidade de ler a literatura sul-americana, sendo apresentado a essa obra de Mario Levrero. Em um livro curto, Mario mantêm uma narrativa que cumpre o seu papel, mas sem muitos louvores. É um livro de fim de semana, para aqueles que querem andar pelas ruas do interior do Uruguai sem muitas preocupações para pensar. Boa Leitura.
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Renan 27/10/2020

Uma grata surpresa. Leitura gostosa, simples e fascinante. Levrero nos leva a imaginar a cada instante quem seria Juan Perez e chega a um final imprevesível, porém, interessante.
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Nathalya Porciuncula 23/12/2020

Engraçado
Esse livro mostra um escritor medíocre de meia idade e seus problemas pessoais se misturando com os profissionais. Se passa numa cidadezinha do interior do Uruguai onde o tempo parece passar num ritmo diferente do tempo da capital.
Passei raiva com o comportamento do protagonista, mas em alguns momentos tive raiva dele. E em outros eu ri.
Livro levinho de ler.
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Rodrigo 20/02/2021

Literatura uruguaia de boa qualidade
Trata-se de um (pequeno) livro gostoso de ser lido, que se passa em uma pequena cidade do interior do Uruguai, com seu estilo de vida peculiar.

Para mim o maior mérito desse livro é a demonstração de que é possível a construção de uma história de investigação e (um certo) suspense sem que o livro seja apelativo, isto é, sem a existência de crimes sangrentos e de morte.
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@wesleisalgado 29/03/2021

Road Trip uruguaia de uma cidade só.
Acompanhamos a viagem do nosso protagonista, um escritor, até fictícia cidade de Penurias no interior do Uruguai, a pedido de seu editor em busca do autor de um manuscrito. Lidando com o término recente de seu casamento, e questões como idade, o fracasso ou não da sua profissão, sexo, amor e felicidade. No melhor estilo latino americano de Diários de Motocicleta, aqui, porém em uma só cidade. A escrita é deveras melancólica, mas sem denotar pesar ou depressão por parte do simpático protagonista em busca de seu Juan Peres. Gostei!
OBS: Resenha nº 33 do desafio Skoob 2021.
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none 22/05/2021

Em busca do autor perfeito perdido
Levrero é cínico, sincero, não se encaixa em rótulos e faz piada quando os críticos chamam sua literatura de satírica. Apreciador de romances policiais, aqui o protagonista é um autor recrutado para buscar o autor de um brilhante romance uruguaio perdido no interior do país. A graça está nas peripécias ocorridas em meio à viagem e estadia dele nessa cidade em meio ao nada, um hotel/pensão quase sem vagas misteriosamente vazio, personagens esquisitos/originais e referências à desenhos animados e séries clássicas da TV, Deixa comigo precisava vir à tona. Levrero com arte refaz a realidade e a torna interessante. Realismo mágico? Como a realidade, com suas artes.
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