jota 25/04/2014Um livro sobre jazzO título original deste livro é But Beautiful: A Book About Jazz. But Beautiful é uma canção de Jimmy Van Heusen & Johnny Burke que diz que O amor é engraçado ou é triste / Ou é livre ou é louco / É uma coisa boa ou é mau e por aí vai, para dizer que, porém, o amor é lindo (but beautiful). E A Book About Jazz, é o que efetivamente o livro de Geoff Dyer é, muito distante do que o abrangente título brasileiro pode ou quer sugerir.
Todo Aquele Jazz parece querer significar que aqui vai se falar tudo sobre o assunto mas nem de longe é isso (são apenas 235 páginas) e lembra muito mais o filme de Bob Fosse, All That Jazz, de 1979, que é um drama autobiográfico sobre dança mesmo que utilize o jazz como trilha sonora. Todo Aquele Jazz, o livro de Geoff Dyer, é um misto de ficção e ensaio sobre algumas figurinhas carimbadas do fabuloso gênero musical que deu ao mundo artistas como Lester Young, Chet Baker, Duke Ellington, Art Pepper, Thelonious Monk e outros grandes.
Artistas talentosos em situações-limite, vivendo na corda bamba, a um passo do abismo (mas também da eternidade) com problemas de drogas, álcool, doença mental, relacionamentos, etc. É esse o material que Dyer nos traz a partir de uma extensa pesquisa histórica, mencionada no final do livro.
Muito interessante é o extenso posfácio (são 35 páginas de muita informação), Tradição, influência e inovação, onde o autor praticamente, aí sim, ainda que resumidamente, escreve sobre todo o jazz do passado, do presente e para aonde o gênero caminha. Achei que esta foi a melhor parte do livro, ainda que os outros textos, todos de caráter intimista, pessoal, subjetivo, tragam pequenas histórias sobre os músicos, quase sempre com alguma poesia, mesmo quando encerram fatos tristes de suas vidas.
Também no final do livro há uma Discografia Selecionada, muito útil para quem quer conhecer um pouco mais sobre os artistas enfocados. Toda composta por discos de música instrumental então não menciona nenhum álbum de Billie Holiday, a grande cantora de jazz, que é citada por Dyer apenas duas ou três vezes, já que o livro é sobre criadores (que executavam suas próprias canções), não sobre puramente intérpretes. Mas Chet Baker cantava muito bem também, não apenas tocava trompete como poucos. São dois dos jazzistas que mais aprecio. Eu e muita gente ao redor do mundo musical.
Lido entre 17 e 24/04/2014.