Tami 20/02/2014Inocente, triste e lindo!Resenha publicada no blog Gaveta Abandonada.
"Goebbels se materializou no pátio dos fundos, logo antes de nos mudarmos para Baltimore, e começou a roer o sofazinho de vime. Achamos que era um fugitivo da casa de um dos vizinhos, provavelmente dos Flanagan, à duas portas de distância. Os Flanagan tinham muitos animais de estimação, e os pais fingiam que não viam enquanto os filhos, Pat e Paul, os alimentavam com várias comidas que animais não devem comer, como bolinhos recheados e Pop Rocks e aí os faziam correr para ver como a comida afetava seu desempenho." (pág. 9, primeiras linhas)
Um livro singelo, é o que posso dizer. Não sabia muito o que esperar da história e fui surpreendida com uma história linda e simples sobre amizade, amor, cumplicidade. Sobre um sentimento ainda mais profundo e ao mesmo tempo simples que isso.
Bea e Jonah são jovens com problemas. Bea está mudando de cidade, sua mãe está depressiva e o pai parece não fazer nada. Jonah perdeu a mãe e o irmão gêmeo em um acidente, e apesar de morar com o pai o mesmo é ausente. Desde a 3ª série ele é considerado um "garoto fantasma" no colégio, devido a sua aparência e atitude, mas não se importa com isso. Bea cria outros amigos no novo colégio, mas Jonah é especial. Eles acabam formando uma grande amizade que divide gostos em comum, entre eles a adoração por um programa de rádio que passa na madrugada. E juntos vão tentar superar seus problemas.
O início confesso que me confundiu um pouco pois a garota ficava falando que não tinha sentimentos. Como assim não tem sentimentos? Não sabia se ela possuía alguma doença que a fazia não entender as coisas, ou algo assim. Mas com o tempo o livro "se explicou", e o robô do título começou a ter sentido.
O livro realmente me surpreendeu. É uma história simples, doce e especialmente inocente. Os personagens são tão queridos, comuns e ao mesmo tempo complexos que dá vontade de entrar na história para conseguir resolver os problemas. As narrações dos programas de rádio são tão divertidas, e seus espectadores tão bons personagens também que saímos do livro com a vontade de achar um programa assim para escutar e dividir a solidão.
É uma história muito gostosa de se ler, e emocionante. A forma como conseguimos entender e nos conectar com os personagens é ótima. Apesar de ser narrado por Bea, é como se conseguíssemos entrar na cabeça de todos e entender suas motivações. Uma narrativa cheia de sentimentos, com cenas muito tristes e complexas e outras leves e engraçadas. No fundo, creio que o assunto principal do livro seja a solidão e a forma como as pessoas buscam fugir disso. Parece um tema pesado mas é tratado de forma delicada então pode ser lido por pessoas de qualquer idade, apesar do foco jovem.
"Bem-vindo ao mundo adulto, benzinho. É solitário, é triste, e Deus o ajude. Mas há bons momentos, e noites como esta são um deles." (pág. 245)
A diagramação do livro ficou muito bonita. A capa simples em preto com o telefone em relevo ficou extremamente melhor do que a capa original, que é toda rosa. Os capítulos e o nome dos participantes do programa de rádio também são em rosa, além de algumas páginas específicas para nos ambientar na passagem dos meses, e isso deixou o livro bem bonitinho. Só espero que todo esse rosa não afaste os meninos dessa leitura! Foi uma história que gostei muito e espero que vocês deem uma chance ao livro também. Recomendo!
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http://gavetaabandonada.blogspot.com.br/2014/02/resenha-como-dizer-adeus-em-robo.html