Resenhas - Andrômaca - Britânico

Reccanello 25/03/2023

Hermione, sua bisca!
Que bela bisca essa Hermione, hein?! E o Orestes, então? Que belo pedaço de excremento! Em resumo, mais um novelão mexicano, daqueles bem açougueiros, com Fulana que ama Beltrano que ama Sicrana que não ama ninguém. Não é à toa que as novelas continuam fazendo tanto sucesso...

Marcos606 05/09/2023

Em Andrômaca (realizado em 1667, publicado em 1668), Racine substituiu o heroísmo pelo realismo em uma tragédia sobre a loucura e a cegueira do amor não correspondido dentro de uma cadeia de quatro personagens. A peça se passa no Épiro, após a Guerra de Tróia. O rei Pirro ama em vão sua cativa, a viúva troiana Andrômaca, e é por sua vez amado pela princesa grega Hermione, que por sua vez é amada por Orestes. Poder, intimidação e chantagem emocional tornam-se os recursos pelos quais esses personagens tentam transmitir a profundidade de seus sentimentos à pessoa amada. Mas esta forma de comunicação é, em última análise, frustrada porque a profunda insegurança dos personagens os torna egocêntricos e imunes à empatia. Assassinato, suicídio e loucura destruíram todos, exceto Andrômaca, no final da peça, original porque Racine derruba o lendário relato da Guerra de Tróia e permite que uma rainha troiana triunfe sobre os gregos. O público da peça estava plenamente consciente de que estava a testemunhar uma nova e poderosa concepção da condição humana, na qual as relações apaixonadas são vistas como basicamente políticas nos seus meios e expressão. Elaborado com mais habilidade do que os esforços anteriores de Racine: sua exposição é um modelo de clareza e concisão; a interação de amor, ódio e indiferença é organizada de maneira sutil, mas convincente; a retórica é contundente, mas próxima do discurso normal; e o uso inovador dos bastidores para direcionar a atenção do público para além do visual e para o imaginário é notável. Esta última técnica tornou-se uma tática preferida da poética de Racine.

Com Britânico (encenada em 1669, publicada em 1670), Racine aceitou o desafio de criar uma peça com dimensões políticas e históricas substanciais: uma tragédia com cenário romano. Racine retrata os acontecimentos que antecederam o momento em que o adolescente imperador Nero, astuciosamente e implacavelmente, se liberta da tutela de sua mãe dominadora, Agripina, e faz com que Britânico, um legítimo pretendente ao trono, seja envenenado durante um banquete fatal de supostos crimes. reconciliação fraterna que ocorre nos bastidores da câmara de Nero. Uma das características marcantes da tragédia é a quantidade de “momentos oníricos” (seis ao todo), quando os personagens permitem que sua imaginação os leve, como um sonho, para outro tempo e lugar, escapando momentaneamente do espaço trágico que Racine criou para todos os seus dramas.

Omar.Eron 04/07/2021

Duas grandes tragédias
- Andrômaca conta a história da personagem título e que vive, no desenrolar da peça, no palácio grego de Pirro, filho de Aquiles. Andrômaca é cativa desde que morreu seu amado esposo Heitor na batalha de Tróia. Andrômaca possui um filho de seu falecido marido, Heitor, e o desenrolar da peça se dará por meio do sacrifício que Andrômaca acredita ter de fazer para que seu filho viva. A trama possui outras personagens importantes como Hermione e Orestes que terão de lidar com amores não correspondidos. Há belíssimos trechos na obra como por exemplo o momento em que Andrômaca lembra da despedida de Heitor quando este foi para a guerra, ou cenas de vingança passional como a cena de Hermione arquitetando a morte de Pirro. Tradução maravilhosa de Jenny Klabin Segall.

- Britânico de Racine conta uma história baseada em personagens históricos: Nero, Britânico e Agripina. Estas personagens existiram e a base sobre a qual se constrói o enredo tem os três por alicerce. Agripina na peça é a segunda esposa de Cláudio, imperador que já morreu antes do início do enredo, é mãe de Nero e madrasta de Britânico. Através de sua persuasão conseguiu que Nero assumisse o trono no lugar que era legítimo de Britânico. Chega um momento porém que Nero já não deseja mais ser guiado pela mãe e aqui inicia-se uma trama de traições e engodos que trarão o desfecho da peça. Importante também na peça é a personagem Júnia, a amada de Britânico, pela qual Nero se apaixona e deseja tomar para si. As cenas de Júnia e Britânico são permeadas de grande lirismo.

Mario Miranda 11/04/2020

Racine é o clássico dos clássicos quando falamos da Literatura - especialmente Teatro - Francês. Com uma temática Clássico-Bíblica, correntemente suas obras versam sobre fatos da Grécia Antiga e passagens bíblicas. Neste livro unimos uma narrativa épica-grega e outra Romana.

Andrômaca, a esposa de Heitor - Filho de Príamo, Rei de Troia - narra o destino desta após a morte de seu esposo e a queda de troia para os gregos. A Princesa torna-se butim de Neoptólomo (na obra, Pirro), filho de Aquiles. Este apaixona-se por ela, apesar de ter um casamento marcado com Hermione (Filha de Helena e Menelau). Esta perpetra uma vingança por ciúmes contra Pirro, utilizando do amor de Orestes (Filho de Agamêmnon) por ela.

Racine foi um grande conhecedor da cultura clássica, o que retrata na ótima qualidade da obra, além de amplo conhecimento da mitologia grega.

Britânico também é uma narrativa que envolve a disputa pelo amor de uma pessoa: Britânico e Nero disputam o amor de Júnia, que ama o primeiro. Não fica claro se Nero tem apenas amor por Júnia, ou se o que o move é a vontade de arruinar o seu meio irmão, Britânico.

Mérito vai pela excelente coletânea, poética e com boa introdução, desta coleção que mantém vivo o legado de Racine.