Sobre educação e juventude

Sobre educação e juventude Zygmunt Bauman




Resenhas - Sobre educação e juventude


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Rafa 21/02/2016

A educação da juventude perdida
Bauman inicia a temática relatando um tema polêmica atualmente, a imigração, discutindo aspectos relevantes e contemporâneos. Para o autor a imigração é um recurso e não um perigo, sendo a mistura de cultura, motor de criatividade.

O mundo do consumismo, da selva que vivemos, ressalta contexto pessoais, na qual o autor aborda que quando crescemos na vida, porém fomos explorados no passado, humilhados por nossos superiores, temos geralmente a tendência de explorar e maltratar. Não aprendemos nada com o erro e a humilhação que sentimos no passado que quando nos encontramos em condições superiores quereremos utilizar dos mesmos métodos de poder.

"Se queres colher em 1 ano, deverás plantar cereais, se queres colher em 10 anos, deverás plantar árvores, se queres colher a vida inteira, deverás educar e capacitar o ser humano".

Hoje, aprendemos nas escolas o ensino do repeteco, como assim repeteco? Os professores falam e nós, alunos, repetimos, não temos mais o poder da crítica e da dúvida, ou então estamos tão "sistematizados" que não conseguimos mais pensar. Esse fator é o principal motivo da crise na educação para Bauman, crescemos e não aprendemos a questionar o mundo, saímos das universidade com a visão do mundo exposta pelos professores, inocentes e imaturos, imaginando que o mundo que vivemos era o refletido pelos professores em sala de aula.

Vivemos em um mundo na qual não respeitamos mais nossos pais, nem os idosos, e com isso não estamos percebendo que estamos contribuindo para um mundo ainda pior ao qual vivemos. O respeito ao próximo é um dos princípios basilares da educação, porém a cada dia perdemos mais a humanidade e a sensibilidade, qual será o futuro da humanidade?

O que é ser Normal? Normalidade significa igual valor. Se 100% das unidades portassem a mesma características dificilmente surgiria a ideia de norma. O anormal se torna ameaçador. Uma crítica profunda de Bauman, por que? Se pararmos para pensar, será que todas as normas são justamente para conter o "anormal" da nossa sociedade para que possamos viver tranquilamente, mesmo que saibamos que o normal é só para a maioria? Os desprovidos de "direitos" de "igualdade" de "situação econômica" sempre serão oprimidos, porque na lei dos iguais, ser desigual é crime!

"Compro, logo existo". As pessoas afogam suas mágoas comprando, sentem prazer comprando, para sair do ostracismo, compram! Essa é a lógica do consumismo. Comprar, comprar comprar comprar para acalmar a alma, tranquilizar o coração e esquecer dos problemas, ahhh, comprar!

Uma das frases que mais me impactou e me fez pensar que o futuro da humanidade terá um fim, realmente próximo foi: Nossos filhos, netos, vão enfrentar um clima hostil, a exaustão de recursos(exemplo, água, árvores), a destruição (carros, gás carbônico, poluição, toxinas..), a dizimação de espécies (cada um por si, individualização, resultado, mortes e mais mortes por motivos fúteis de uma era capitalista voltada para o consumo exagerado, que acaba consumindo as pessoas até a morte), a escassez de alimentos (fome, miséria, uns tem muitos, muitos tem nada), a imigração em massa ( precisa dizer?!), e quase inevitavelmente a guerra (acha que estamos longe?) ...

Perdemos o convívio com nossos familiares para o mundo virtual, hoje não existe interação a mesa, não existe mais afeto, só existe o consumo ... das pessoas.
Aline Teodosio @leituras.da.aline 26/05/2018minha estante
Que resenha perfeita. Preciso ler esse livro, já.




Aline Teodosio @leituras.da.aline 24/04/2019

"Claramente, o mundo tal como o conhecíamos, ou pensávamos conhecer, está saindo dos eixos. Está acelerando a cada dia e, em tempo real, a cada dia ficando menor. As antigas certezas desapareceram. Os velhos remédios não funcionam. As velhas e confiáveis pranchetas permanecem desocupadas ou produzem cópias de antigas plantas, como que num transe sonambúlico. As esperanças parecem só ter abrigo sob as tendas montadas em praças públicas.
Tendas cheias de som e fúria em busca de um significado..."

Este trecho impactante, para mim, traduz toda a essência desse livro. Nesta obra em formato de debate, Bauman discorre sobre questões da nossa sociedade atual, que podem nos parecer simples, mas que estão arraigadas numa complexidade cultural. Através de explanações lúcidas e racionais o autor nos convida a pensar criticamente sobre temas como educação e respeito, felicidade e consumismo, minorias e religiosidade, juventude e cultura das aparências.

Bauman nos aponta que o mundo realmente mudou. Vivemos numa cultura do imediatismo, das aparências e da felicidade flamejante impulsionada, principalmente, pelo consumismo. As relações tendem a ficar cada vez mais rasas e a educação crítica é relegada a segundo plano. A impressão que eu tenho é que mais importante que saber, pensar e questionar/criticar é parecer estar por dentro de tudo um pouco, de forma superficial, para assim bancar o status. Mais importante do que o respeito e afetividade real aos pais e familiares é a foto na rede social. Mais importante do que o café com um amigo é a quantidade de contatos e seguidores virtuais. Mais importante do que SER é TER.

Sim, o mundo mudou. Vivemos em busca da felicidade, mas uma felicidade vazia de significados. Por enquanto, é isso.

(Preciso de uma releitura para compreender melhor os conceitos aqui elencados).
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sophialudwigb 13/04/2023

Édipo, Narciso e O mal-estar na cultura
Hoje, homens e mulheres estão à deriva, sem nenhuma âncora, e não existe autoridade, ainda que castradora, que lhes dê um senso de direção. Nessa condição, os indivíduos se confrontam com a tarefa de se reinventar dia após dia em busca de um meio de salvação que devem descobrir por si mesmos.

A infinita liberdade de que os indivíduos usufruem em nossa época assinala uma inversão da prescrição ética ? não nos pedem mais para adiarmos o prazer a fim de construirmos um futuro melhor para os que virão depois de nós (Kant), mas, em vez disso, somos estimulados a Usufruir Agora (Sade).

Existe uma conexão entre a atual epidemia e a vida nas sociedades pós-industriais baseadas no narcisismo e no mito do consumo. Bulimia e anorexia representam a expressão patológica desses dois mitos de nossa época. Os bulímicos manifestam o puro mito do consumo ? abocanham, mastigam e trituram tudo. Mas o vômito prova a impossibilidade de preencher o buraco que fica no cerne de seu ser e revela a ilusão que sustenta o Discurso do Capitalista ? tudo pode ser comprado, menos o amor. O amor é um presente inestimável, não um objeto lançado no mercado para ser vendido pela maior oferta, ele é totalmente livre. Os anoréxicos, por outro lado, rejeitam a lógica do consumo. Devotam-se ao culto narcisista do corpo esbelto. É um culto privado, autista e antissocial, um culto mortal que leva a uma irreversível perda de peso. É um culto perverso da autoimagem que afeta não apenas os anoréxicos, mas todo o corpo social.

É a nova forma histórica assumida pela falsa democracia do mercado nos países industrializados mais avançados ? o sujeito é literalmente empanturrado de prazer, mas ao mesmo tempo instigado a consumir mais e mais, de modo que o consumo em si abre espaço para outra pseudonecessidade. É o que Lacan define como a astúcia do Discurso do Capitalista. O que nos fazem esquecer é que nos seres humanos a necessidade não é um déficit a ser corrigido, mas a condição de toda criação.

A experiência inebriante da intimidade, talvez, quem sabe, da solidariedade. Essa mudança, que já está ocorrendo, significa: cada pessoa não está mais sozinha. E não foi preciso muito esforço para consegui-lo, pouco mais que trocar o ?t? pelo ?d? na desagradável palavra ?solitário?. Solidariedade por encomenda, que dura enquanto durar a demanda (e nem um minuto a mais). Solidariedade nem tanto em compartilhar a causa escolhida como em ter uma causa; você, eu e todo o resto de nós (?nós?, o povo na praça) com um propósito, e a vida com um significado.

Prazer, conforto, conveniência e redução do esforço, satisfação instantânea, sonhos virando realidade e atenuando realidades demasiado incômodas para serem descartadas como sonhos (ou fantasmas, ou produtos da fantasia) ? são essas as promessas, as apostas, os estratagemas de uma economia dirigida pela ganância e operada pelas compras. O fazer e desfazer amizades é apenas exemplo de uma estratégia aplicada universalmente. Você a formulou do modo correto ao lado da última promessa, dessa vez de tornar disponíveis (nas lojas, obviamente), sob encomenda, as doces memórias da infância: chega da laboriosa ?busca do tempo perdido?, na verdade, chega de tempo perdido; não é preciso mais um gênio como Proust para encontrá-lo, ressuscitá-lo e recuperá-lo ? um cartão de crédito pode muito bem dar conta disso, obrigado!

Será que nós, consumidores forçados, somos crédulos? Muito provavelmente sim. Mas mudos? Não necessariamente. Quem em sã consciência não preferiria a facilidade ao trabalho duro? A promessa consumista chegou na crista de anseios seculares; pode ser uma falsa promessa, enganosa e ilusória, mas de forma alguma se pode considerá-la sem atrativos, e sem dúvida ela não está fora de sintonia com uma ?predisposição natural? (Freud apontou a indolência inata do ser humano como uma das principais razões da necessidade de coerção; despidos de poderes coercitivos, os gênios do marketing conseguiram substituir a coerção pela sedução).

Afinal, uma vida para o consumo é vivenciada como a suprema expressão da autonomia, da autenticidade e da autoafirmação ? os atributos (na verdade, as modalidades) sine quibus non do sujeito soberano. É por essa razão que a orientação consumista consome (ou pelo menos ela taxa pesadamente) a energia vital que poderia ser empregada a serviço dos outros interesses humanos aos quais se recorre ? compromisso, devoção, responsabilidade.

A crescente insegurança a respeito da identidade que é típica da sociedade pós-moderna e as constantes humilhações a que nossa autoimagem é submetida causam o que Alain Ehrenberg chamou de ?o peso de ser eu mesmo?. Passamos de uma sociedade baseada na obediência e na disciplina a uma sociedade que valoriza e promove de modo incomum a crença de que, em todos os níveis, tudo é possível. Édipo, o símbolo da sociedade patriarcal, e do sentimento tipicamente burguês de culpa, é substituído pela vaidade, isto é, por Narciso e seu fascínio pelo espelho. Narciso traz a liberdade, mas também um crescente sentimento de vacuidade e impotência.

Freud reescreveria O mal-estar na cultura levando em conta o fato de que nossa cultura não mais nos encoraja a reprimir e postergar o prazer, mas, em vez disso, nos estimula a desfrutar livremente todo o prazer e todos os bens que nossa sociedade de consumo pode oferecer.
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Dani 01/04/2021

Boas reflexões sobre a modernidade líquida
Zygmunt Bauman em conversas com Riccardo Mazzeo traz algumas reflexões sobre o destino dos jovens e o papel da educação no contexto da modernidade líquida. Destaquei o trecho a seguir:

"A forma de vida em que a geração jovem de hoje nasceu, de modo que não conhece nenhuma outra, é uma sociedade de consumidores e uma cultura ?agorista?? inquieta e em perpétua mudança ? que promove o culto da novidade e da contingência aleatória. Numa sociedade e numa cultura assim, nós sofremos com o suprimento excessivo de todas as coisas, tanto os objetos de desejo quanto os de conhecimento, e com a assombrosa velocidade dos novos objetos que chegam e dos antigos que se vão."
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Lulu 02/04/2021

Interessante
Foi um livro muito interessante que me fez pensar sobre coisas tanto na minha vida política, como na pessoal.
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