Ju 06/10/2013De volta para casaDe Volta Para Casa é o segundo livro que leio de Karen White. E é a segunda vez que ela destroça o meu coração e pisoteia os pedacinhos.
Comecei a leitura com uma expectativa imensa, por ter amado Após a Tempestade. E, confesso, achei que ia me decepcionar. A visão que eu tive no início foi de que as pessoas estavam se intrometendo demais na vida da protagonista e interferindo em seu livre arbítrio. Isso não é algo que eu consiga aceitar.
Mas, na verdade, eu estava muito enganada. E acho que a autora teve essa intenção, uma vez que a Cassie se sentia mais ou menos assim no início da história. Aos 35 anos, com o pai bem doente, ela se vê obrigada a retornar à pequena cidade que abandonou há 15 anos atrás. Na época, sua irmã, Harriet, e seu noivo, Joe, fugiram juntos. Cassie não conseguiu continuar na cidade depois disso. Harriet e Joe construíram uma família, mas Cassie ainda tem dificuldade de aceitar que eles tenham sido feitos um para o outro.
"- Prometa-me que viverá sua vida sem arrependimentos. Encontre seu coração e o escute, e você não vai errar."
Ao chegar a Walton, na Geórgia, vinda de Nova York, Cassie não consegue se ver lá por muito tempo. Mas a cidade a surpreende. Todos os habitantes têm o costume de deixar as portas das casas e dos carros abertas. Existe uma rede de solidariedade (e de fofocas, claro... rs...) super eficiente, e as pessoas acabam por formar uma grande família. Cassie, além de ter a oportunidade de rever as pessoas que deixou para trás, também conhece os cinco filhos de sua irmã, e passa a questionar se tomou a atitude certa. Se realmente não pertence àquele lugar, como seu orgulho sempre a fez acreditar.
"- Esta cidade e a sua população são a minha vida, e são mais valiosos para mim do que qualquer dinheiro neste mundo. Tenho muita pena daqueles que a desdenham e não sentem necessidade de pertencer a ela."
A história é mais que emocionante. Chorei quase a ponto de soluçar descontroladamente em alguns trechos. O amor e o perdão têm destaque no livro, esses são temas que realmente me conquistam. As pessoas se entregam de verdade, sem medo de se expor e de ser julgadas.
"- Amar não é se sacrificar. É atender às necessidades do outro, é companheirismo.
(...)
- Acho que está enganada em relação a sacrifícios. Amor é só sacrifícios, grandes e pequenos. Só conhecemos o amor verdadeiro quando nos damos conta de que desistiríamos de tudo por alguém."
Ao mesmo tempo, dei gargalhadas em algumas partes, principalmente em cenas protagonizadas pelo Sam, o médico super gato, gentil, e apaixonado pela Cassie praticamente desde sempre! *-* Tá, ela tem um noivo em Nova York, mas ele é um idiota insensível, então não tem como torcer por ele... rs...
"- Nem todos os homens são iguais, Cassie. Alguns fazem questão de retirar toda essa parafernália externa para descobrir a verdadeira mulher que há por trás. É suado, mas vale o prêmio. Basta ser paciente."
Cassie passa por um longo processo de autoconhecimento. Tem a oportunidade de despertar de novo a garota que sempre esteve dentro dela, esperando o momento certo de aparecer. Deixa para trás a personagem que criou para si mesma, a publicitária elegante para quem a carreira é tudo o que importa. Harriet é uma personagem fantástica também, uma pessoa muito forte e dedicada. Não consigo nem imaginar vivenciar uma situação como a dessas duas. Só sei que eu ficaria sem o amor da minha vida se ele tivesse um relacionamento antes com a minha irmã. Isso nem se discute.
Algumas personagens secundárias me conquistaram. Como dona Lena, uma senhora que tem o hábito de ler romances eróticos e indicá-los para todos os moradores da cidade... rs... Constrangedor, mas hilário. Ela está doente, e às vezes não se lembra bem de quem é nem do que está fazendo, mas tem momentos de lucidez bem importantes para a história.
Enfim, depois que superei minha birra inicial com o livro, a leitura fluiu maravilhosamente bem. Espero que venham mais livros da Karen White por aí, porque acredito que nunca me cansarei deles.
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