Leonardo 04/09/2020
Emocionante, cativante, instigante, de arrepiar
LASHER – ANNE RICE
Continuando a minha redescoberta da obra dessa autora incrível, chegou a hora de revisitar Lasher, que é a continuação de A Hora das Bruxas. Pode-se dizer que Lasher é a concretização de tudo o que foi construído nos volume I e II de A Hora das Bruxas. Ou seja, enquanto, com A Hora das Bruxas, Rice nos apresenta a longa jornada das Bruxas Mayfair e do misterioso espírito que as acompanha, em Lasher, temos as consequências das decisões tomadas pelos personagens.
É preciso salientar que, com esse romance, a autora foi bastante ousada. Não é incomum ler livros ou ver filmes de terror em que espíritos anseiam por voltar à vida, muitas vezes, para isso, possuindo pessoas. Em Lasher, o espírito consegue esse feito, mas isso só é possível graças a uma peculiaridade nos genes da família Mayfair (Anne Rice sempre propôs explicações científicas e “realistas” para seus fantasmas e vampiros, mas foi neste romance que essa característica ficou mais evidente). Lasher, no entanto, não é humano, e sim uma criatura misteriosa e forte, que conhecemos melhor ao longo das páginas. Logo, temos aqui um romance de terror gótico, com elementos de ficção científica e fantasia.
Enquanto o ritmo de A Hora das Bruxas é bem lento, exigindo bastante esforço e engajamento do leitor, o de Lasher é bem acelerado, com muitas revelações e acontecimentos importantes, o que torna a leitura dessas 541 páginas muito rápida (exceto um capítulo totalmente desnecessário sobre uma personagem chamada Velha Evelyn, que caminha pela cidade, em busca da neta, enquanto vai recordando diferentes momentos de sua juventude. Seria bem interessante se não viesse logo após um acontecimento extremamente chocante e não estivéssemos ansiosos para saber o que aconteceria em seguida!).
As principais linhas narrativas acompanham Lasher, em sua tentativa de perpetuar sua espécie (esse é um dos pontos mais assustadores da história), Mona, uma garota de 13 anos super precoce e que tem um destino bem surpreendente, Rowan em suas angustiantes tentativas de fuga da criatura à qual deu à luz, e Michael, que está tentando encontrar a esposa e jura matar Lasher, além de conflitos dentro da até então inofensiva Talamasca.
Emocionante, cativante, instigante, de arrepiar e com um final nada menos que chocante. Essas são as minhas impressões sobre essa obra, que me fascinou mais uma vez e que valeu muito a pena ser relembrada!
Há uma continuação de “Lasher” chamada “Taltos”, da qual não me lembro muito. Esses personagens continuam aparecendo mais adiante, misturando-se com os das Crônicas Vampirescas (inclusive no ótimo “A Fazenda Blackwood”), mas creio que esses três primeiros volumes são, de fato, os de maior relevância quando se trata das Bruxas Mayfair.