Um Operário em Férias

Um Operário em Férias Cristovão Tezza




Resenhas - Um Operário em Férias


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Valério 01/06/2016

Bate papo cotidiano
As crônicas de Tezza reunidas neste livro são de um período que vai de 2008 a 2012.
Crônicas leves, com pitadas de humor (que nem sempre funcionam).
Não se limitam a um único assunto e, mesmo os capítulos separando as crônicas por objeto, o autor passeio em assuntos variados.
Assemelha-se a um bate-papo descontraído sobre vários assuntos.
Vale a leitura. Mas não espere se apaixonar pelo livro.
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Henrique Fendrich 14/08/2013

Saldo positivo para as crônicas de Tezza
Cristóvão Tezza é um cronista divertido, cheio de sacadas que, vez ou outra, levam inclusive à gargalhada. E isso não é de se estranhar, pois também é assim que ele se apresenta nas tantas feiras do livro e bienais pelo Brasil afora. Nesses encontros, Tezza costuma discutir temas que também estão entre os preferidos de sua coletânea “Um operário de férias”, seu primeiro livro de crônicas, lançado recentemente pela Record.

Assim é que a primeira parte do livro é toda dedicada a assuntos que envolvem a atividade de escritor, a literatura, a leitura e a língua. Tezza tem uma visão interessante a respeito, sempre desmistificando a visão de escritores que sabem exatamente o que fazer. E, sem ser saudosista, aproveita para discutir questões contemporâneas, como o suposto fim do papel, os e-books, os blogs, os e-mails.

A parte realmente divertida do livro, no entanto, vem a seguir, e corresponde aos temas triviais do cotidiano (aqueles que costumam fazer mais sucesso na crônica), como o ato de lavar louça, o primeiro carro do cronista, as fotografias, a abstinência da internet, entre outros. De maneira leve e auto-irônica, Tezza promove nessa parte os melhores momentos do livro.

Também se inclui nessa parte os textos que falam da sua vida como torcedor do Atlético Paranaense, que geralmente estava numa má fase de dar dó no momento da escrita de suas crônicas. Um dos textos mais engraçados é justamente “O Dentista Coxa-Branca”.

Na sequência há textos também bem sacados sobre Curitiba e então começa a parte dos textos sérios de Tezza. É preciso dizer que essa estratégia de separar as crônicas em blocos temáticos, coisa que quase todo cronista faz hoje em dia, em geral atrapalha. Sempre há textos que cabem em mais de um bloco, e nem sempre se entende a explicação para cada um, e sempre há o risco do leitor não gostar do tema principal de toda uma fileira de crônicas. Pessoalmente, prefiro as crônicas misturadas.

E o bloco com os textos sérios de Tezza é provavelmente o que mais sofre com essa estratégia. São os temas menos afeitos à literatura – muitos envolvem política nacional e internacional. E neles não há também muito espaço para as risadinhas: Tezza é duro e incisivo, embora elegante e preciso.

Alguém poderia questionar a inclusão desses textos no livro, julgando-os envelhecidos e excessivamente jornalísticos. Sou da opinião contrária: acho que representam uma das facetas mais importantes da crônica, certamente desprezada pelos críticos literários, mas nem por isso alheia ao gênero. E não deixa de ser agradável discutir a sério com Tezza. Um livro de crônicas é, no fundo, uma grande conversa com alguém cheio de ideias a dizer.
O livro termina com uma pequena seção chamada “Ficções”, mas são ficções leves, e ainda bastante apegadas à realidade e mesmo à atualidade. No geral, o saldo do livro é positivo. Tezza é um cronista tardio, mas digno de uma boa leitura.

O que é desnecessário no livro são as notas de rodapé explicando esmiuçadamente referências locais de Curitiba e região. É certo que os leitores de outros lugares não saberão o que é Morretes ou Antonina, mas não deixa de ser um pouco provinciano querer que eles não fiquem sem saber. Além de não atrapalhar a leitura, as referências poderiam estimular uma pesquisa àqueles que realmente estejam interessados em desvendá-las.

Mas vale, vale a leitura sim. Temos tidos bons livros de crônicas lançados nos últimos meses. E nomes que vieram do romance estão sabendo se virar no gênero.
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