Resenhas - O Tango da Velha Guarda

Aguinaldo 28/07/2013

o tango da velha guarda
Lemos "O tango da velha guarda" com prazer, mas não é um livro fundamental, transformador. Trata-se de um bom entretenimento. É um livro fácil de ler, que oferece ao leitor ao mesmo tempo algo rico em associações históricas e também exemplar por demonstrar como uma trama convencional pode ser bem contada quando um sujeito é hábil em seu ofício. Pérez-Reverte cria uma narrativa em três planos temporais (1928, 1937 e 1966) que se alternam como num jogo. No de 1928 encontramos em um navio que sai da Europa rumo a América do Sul os protagonistas principais (Max Costa, Mecha Inzunza e Armando de Troeye). O primeiro é dançarino profissional do navio - dançarino mundano, escolheu o tradutor; Mecha e Armando são um casal de jovens ricos, ela muito bonita, ele um compositor muito famoso). Os dias no navio são de sedução, que se dá através do tango que Max e Mecha dançam bem, e das conversas entre Max e Armando, que tem interesse em incorporar o ritmo do tango em sua próxima composição. Max é argentino de nascimento e conhece bem a origem do tango, nos bairros proletários de Buenos Aires. Armando acaba convencendo Max a levá-los (ele e Mecha) a um local onde o tango tradicional seja dançado. Isso, claro, envolve alguns riscos, levando os três a uma situação limite. O leitor acompanha o desenvolvimento da história com interesse crescente, pois o ritmo é de uma história policial (como Pérez-Reverte alterna esses acontecimentos com os dias de Mecha e Max na ensolarada Sorrento de 1966 o leitor sabe algo do futuro dos dois, mas tem curiosidade em saber como ambos chegaram até aquele ponto de suas vidas). Após apresentar os sucessos de Max, Mecha e Armando em Buenos Aires Pérez-Reverte avança sua história em dez anos. No final da década de 1930 já se vive as tensões que culminarão na segunda grande guerra. Max se envolve em uma outra sedução, aquela que é mais próxima dos jogos de espionagem, de interesses cruzados entre fascistas, comunistas, ingleses, italianos e espanhóis (estes últimos já em aberto conflito armado em sua guerra civil). Resolvidos os sucessos deste segundo trecho do livro Pérez-Reverte avança trinta anos em sua história e desenvolve o jogo final de Max (ao qual o leitor já havia sido apresentado logo no início do livro). Ele está às voltas com duas questões delicadas para resolver. Uma mundana, que envolve sua autoestima, suas paixões e um balanço final das escolhas que fez na vida; a outra envolve o uso das habilidades profissionais que desenvolveu (mas estavam aposentadas). Suas técnicas e profissionalismo são colocados à prova uma vez mais, quando ele tem de ajudar o filho de Mecha, um excelente enxadrista envolvido numa disputa com um campeão mundial russo. Como em qualquer romance longo e ambicioso (como é o caso), há um acúmulo de temas que podem ou não funcionar bem juntos. Pérez-Reverte discute basicamente a luta de classes, como as vidas das pessoas comuns - e o arrivismo inerente a quem almeja melhorar de vida e de status social - são afetadas nas transformações políticas e econômicas geradas pelos grandes jogos de poder, no caso, a aparente tranquilidade dos anos que se seguiram a primeira grande guerra, a guerra civil espanhola e a guerra fria, os tais três planos temporais da história. É um livro bem resolvido, a trama é mesmo interessante e são oferecidas ao leitor muitas passagens realmente boas, mas falta algo nele. Fica implícito em "O tango da velha guarda" o quão difícil é para um autor ficar satisfeito com as coisas que inventa antes de finalmente publicá-las, apresentá-las ao público leitor. Arturo Pérez-Reverte começou a escrever esse livro em janeiro de 1990, mas só alcançou terminá-lo e publicá-lo em junho de 2012. São vinte e dois anos, um bocado de tempo. Não sei os motivos que o fizeram esquecer do projeto por tanto tempo e/ou mantê-lo por tanto tempo em gestação até alcançar publicá-lo (Não tive paciência de procurar os motivos, mas achei um blog em que Pérez-Reverte conta, após a publicação original, alguns destes porquês. Entusiastas de gênese literária gostam particularmente de materiais assim; li um bocado, mas talvez só tenha sentido acompanhar tudo se você realmente gostar destas coisas). De qualquer é um livro que consegue se defender sozinho e é também algo cinematográfico (ou apto a ser adaptado para o cinema) como, de resto, quase todos os demais livros dele que já li.
[início: 06/07/2013 - fim: 15/07/2013]
"O tango da velha guarda", Arturo Pérez-Reverte, tradução de Luís Carlos Cabral, Rio de Janeiro: editora Record, 1a. edição (2013), brochura 15,5x23 cm., 389 págs., ISBN: 978-85-01-40276-9 [edição original: El tango de la Guardia Vieja (Madrid: Alfaguara) 2012]

Beatrys 02/07/2023

Pérolas, xadrez e O Tango.
Corresponde às expectativas. Terminei essa leitura com a sensação que vivi anos a mais, que romance fora do comum! Um estória de amor autêntica, com muita personalidade. Preenchida com bastante tango e xadrez, é bem descritivo; ação e espionagem (século XX, que século!) e muitos drinks.
É rico em tudo, uma obra de arte. Cumpre tudo que propõe, um romance bem construído, sem espaço para clichês e personagens medíocres.
É glamuroso e muito agradável, me senti adorável lendo!

Gigi 28/11/2014

Tangos, espionagem e uma emocionante partida de xadrez
Sabem quando um livro te chama na livraria? Pra mim acontece assim... o livro grita: "Ei, estou aqui. Leia-me"!! hahah

Não foi diferente com O tango da velha guarda, do espanhol Arturo Pérez-Reverte. O que primeiro me chamou a atenção foi a capa. Misteriosa e em preto e branco. Uma mulher mexe em um baú. Pérolas e uma máquina fotográfica antiga. Um cheiro de memória. Recordações empoeiradas. Ou soterradas.

Mas o que decididamente me fez comprar o livro foi uma pequena sinopse que li no jornal. Era um resumo muito eficiente. Uma história de amor em três atos. Ato 1 - Um navio ruma para Buenos Aires em 1928. Uma aposta de músicos. Um casal dança um tango que ainda não foi composto. Ato 2 - Espionagem em meio a Guerra Civil Espanhola. Nice, 1937. O mundo sente a aproximação da Segunda Grande Guerra. Ato 3 - Uma emocionante partida de xadrez. Rússia. Roubos. Reencontros. Sorrento, 1960.

Como resistir a tal trama? A história de Pérez-Reverte é emocionante. Devastadora. Antes de iniciar a história, o autor espanhol apresenta essa frase de Joseph Conrad, de Dentro das marés: "Uma mulher como você e um homem como eu não se esbarram muitas vezes na face da Terra". E você acaba se perguntando... ainda existem hoje grandes histórias de amor como essa?

A bela Mecha Inzuza acompanha seu marido, o grande compositor Armando de Troeye, em um navio que rumo para Buenos Aires. O músico fez uma aposta com o grande compositor Maurice Ravel. Esse disse que comporia um bolero. De Troeye propõe uma pequena disputa - se Ravel pode compor um bolero, ele vai escrever um tango. Quem criar a melhor música, paga um jantar ao outro.

É Max Costa, o dançarino mundano, que mostra ao casal o verdadeiro tango portenho. Uma música mais veloz, tocada pelos músicos da Velha Guarda. Esses instrumentistas não leem partituras e improvisam canções que falam do cotidiano do submundo em Buenos Aires. Mecha e Max iniciam sua história. Um relacionamento embalado a tangos e cigarros.

A história continua em Nice. Espionagem e reencontros em meio a Guerra Civil Espanhola. Depois ela retorna em Sorrento, Itália. Uma emocionante partida de xadrez é o pano de fundo para grandes revelações. Nostalgia. Os meninos da Velha Guarda que se perderam. E um tango que permanece vivo. E imortaliza o passado.

site: http://longedaquiaquimesmo.blogspot.com.br/2013/07/tangos-espionagem-e-uma-emocionante.html

Julio Cesar 30/01/2015

Se já ouviram falar de um filme noir certamente entenderão quando escrevo que este é um LIVRO NOIR. Dos bons. E inesquecível. Uma oferta para quem quer conhecer o que podemos de chamar de vida boêmia a Argentina. Texto expressivo, vigoroso, quase sempre surpreendente. Quem gosta de um bom texto e boa história, pode inclui-lo na sua lista de desejos. Não se arrependerá.

Valério 25/06/2015

Envolvente
O livro é cercado de mistérios, envolvente. Uma boa leitura.
Só. Nada de magistral.
Os personagens se encontram e reencontram em momentos e lugares diversos.
Não se compara aos grandes títulos da literatura mundial, mas se for para ter uma leitura leve, para distrair e passar o tempo, é uma boa opção.

Andrea.Salles 17/02/2020

É um livro interessante. Conta a história de um dançarino de tango que trabalha em um cruzeiro. Tudo muda quando ele vê uma mulher que era um antigo amor de sua juventude. Várias histórias entrelaçadas. Gostei.

DevilAngel 26/05/2022

Não julgue um livro pela capa
Essa é prova mais concreta desse ditado!
Confesso que não dava nada para esse livro e o li para não deixar buracos na estante, mas ele me surpreendeu de uma maneira inédita.
É um romance contado em três partes e dividido em passado e presente, tendo um sistema de narrativa muito bom e um final que não deixa a desejar.
O que me impede de completar a 5 estrelas é o desenvolvimento de algumas partes, onde descrevem muito o lugar e consequentemente perde o foco na situação. As vezes todos os detalhes ficam cansativos, mas para alguém já bastante apto a leitura talvez seja mais tranquilo.
Super recomendo!

anaclarbastos 25/07/2023

Já parou pra imaginar como seria sua vida caso você se apaixonasse por alguém que não pudesse ter, e nunca esquecesse esta pessoa? É o que acontece em "Tango da velha guarda" onde Max, um dançarino que é pago para entreter nobres senhoras em um cruzeiro se apaixona por uma jovem ao dançar tango, mas está é casada com um dos maiores compositores do país. O destino se encarrega de garantir que ambos se reencontrem mais algumas vezes, e algumas surpresas aparecem no caminho de Max.

Bella :) 14/09/2023

Intenso
Com uma escrita intensa e detalhista percorremos uma história de amor que carrega a euforia pelos anos, com reencontros e memórias

o tango está diretamente ligado com as personagens, sendo retratado de forma poética

um romance em circunstâncias inusitadas

Marina 06/06/2018

Descartável
Pra quem gosta de aventuras em lugares sofisticados, com personagens vazios e muitas descrições de roupas, colares e isqueiros.

Razuki 07/12/2020

Infinidades de detalhes...
Uma leitura que com certeza agradaria os amantes do tango, tem muita informação, inclusive técnica, a respeito dessa dança apaixonante, mas, tem tantos detalhes em cada parágrafo que me perdi nas histórias, seja do tango, dos roubos, dos amores, até do xadrez que conheço e normalmente me agrada muito. Esse exagero nas descrição de tudo e todos deixou a leitura enfamdonha e cansativa, mas mesmo assim não consegui parar de ler até chegar as últimas palavras, mesmo achando muitos parágrafos extremamente desnecessários. Não é um livro que vou recomendar p/ alguém, bem escrito, boa trama, uma história legal, mas não é o meu tipo de leitura, não me convenceu em muitos aspectos.

"'Os homens acariciados por muitas mulheres cruzarão o vale das sombras com menos sofrimentos é menos medo...'"

Cilafernanda 03/03/2021

aah o Tango ??
Com esse livro é possível mergulhar nas histórias sobre o Tango raiz, que nasceu nos subúrbios argentinos.
Com uma série de amores, traições e jogatinas, os personagens se envolvem no resgate daquilo que torna o tango envolvente e sedutor, e de quebra, se enlaçam um amor de vida.
Dividido em três cercos principais, acredito que o terceiro arco se perde um pouco por passar a envolver enxadristas, mas não invalida o encanto dos dois primeiros.

Dalila 10/11/2021

Uma história de amor, trapaça, tango e xadrez
O livro narra os encontros e desencontros de Mecha e Max, e seu romance cafajeste, que não conseguem nem evitar nem viver plenamente, narrado em 3 passagens de tempo no decorrer de suas turbulentas vidas
Esse livro me perseguiu até que eu o lesse, e eu não me arrependo, é um bom livro, com um enredo muito interessante, bem escrito, bastante descritivo e detalhado, tem gente que detesta, mas eu gosto assim.

@umapaixaochamadalivrosblog 02/11/2022

Médio
Olá, leitores.
Este #livro me ganhou pela capa e pelo preço. Estava na minha estante há um bom tempo. Resolvi ler. Apesar do enredo ser muito interessante pela sua originalidade e diferente dos assuntos que costumo ler, o que me atraiu, o achei cansativo e muito detalhista. Alguns capítulos instigando e outros se arrastando, achei uma #leitura mediana. Temos a oportunidade de conhecer melhor particularidades do tango e do xadrez. Além de um romance com triângulo amoroso, mentiras e traições.

#otangodavelhaguarda #arturoperezreverte #ficção #semprelendo

Beijos e até mais.