Jessica Alves 23/02/2024De acordo com o dicionário, Holocausto é o massacre cometido pelos nazistas contra os judeus e minorias. Fazendo um paralelo com esse genocídio, Daniela nos traz a história do “hospital psiquiátrico” Colônia, situado em Barbacena, Minas Gerais, que exterminou pelo menos 60 mil pessoas.
Fundado em 1903, o hospital, que foi construído com o objetivo de abrigar e tratar pessoas com transtornos psiquiátricos, não se limitava a apenas esses pacientes, mas também servia de local para ‘despejar’ pessoas indesejadas, como bêbados, prostitutas, homossexuais, assim como filhos desobedientes, esposas insubmissas, incluindo crianças, todos misturados no mesmo local. O ‘tratamento’ recebido nesse local macabro era degradante, como torturas através de choques e banhos gelados para punição de maus comportamentos dos pacientes, comida intragável, falta de roupas, cama, higiene, atendimento médico adequado, fora os abusos entre os internados.
O livro-reportagem, além de trazer a história do local, as denúncias, traz também o relato dos sobreviventes, funcionários, pacientes e familiares. Quando o hospital estava em vias de fechar alguns deles tiverem um final feliz, pois aos poucos, o hospital foi realocando os pacientes que conseguiam ser independentes para moradias, onde eles passaram a receber um auxílio para se manterem e também passaram a ser assistidos por profissionais da saúde que os auxiliaram a se reinserirem na comunidade fora dos portões do hospital.
Na leitura, às vezes me senti perdida pela história não seguir muito uma linha cronológica, mas ir e vir nos anos pra contar a história do local e os relatos. Senti que o capítulo onde a autora conta uma breve biografia do jornalista Luiz Alfredo destoou do tom triste do livro, perdendo um pouco do foco do assunto principal. É um livro bem triste, mas entendo a importância do registro enquanto denúncia desse Holocausto pouco comentado no país.
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