Alessandra 25/03/2016
Uma mulher para todas as estações
Sabe aquele momento que vc tem tanto a dizer de um livro que não sabe por onde começar? Pois é, assim que estou nesse momento.
Nós que amamos romances históricos ingleses sabemos que nobres se casavam com nobres e que uma das exceções a regra eram os nobres falidos que se "submetiam" ao casamento com ricas herdeiras, mesmo sem nobreza, para salvarem seu título e suas propriedades. Esse é o caso de Fitz, ele é um rapaz de 19 anos e seu tio morreu lhe deixando o título de conde, propriedades em ruina, muitas dívidas e uma opção de resolver tudo isso. O tio de Fitz estava de casamento marcado com Millie, uma rica herdeira de 16 anos, que agora poderia se casar com o próprio Fitz já que o pai da jovem deixou isso bem claro, o interesse do rico senhor era conquistar um título pra sua filha, e agora Fitz era o novo conde.
O grande problema era que Fitz já era apaixonado por Isabelle e tinha a vida dos dois traçada em sua mente, a jovem que amava, porém, era de origem humilde e não poderia lhe oferecer um dote capaz de resolver os seus terríveis problemas financeiros. E foi assim que o jovem conde desistiu de se casar com a mulher que amava para cumprir com sua obrigação como novo Conde Fitzhugh.
Millie, ao contrário de Fitz, se apaixonou por ele logo que o conheceu e como ele não percebeu isso foi bem claro quanto aos seus sentimentos em relação ao casamento com ela e ao amor de tinha por Isabelle. Millie então propõe um acordo, basicamente um casamento amigável por seis anos e só ao fim desse prazo os dois iriam consumar o casamento para gerar o indispensável herdeiro. Ele propõe que sejam oito anos e ela concorda, mortificada por ele ampliar o tempo proposto, que por si só já era longo.
A partir daí esse jovem casal vai desenvolver uma linda história de conhecimento mútuo, respeito, confiabilidade e amor. Só que essa parte do amor é a única que os dois demoram a entender. Millie sabe que ama Fitz, mas não tem esperanças de ser correspondida e Fitz...
Fitz é muito idiota, eu defini ele assim durante toda a minha leitura e qual não foi a minha surpresa quando o próprio vai se definir dessa forma (rsrs). Mas ele é um idiota apaixonante, ao contrário de algumas pessoas que já vi acabando com ele por ter amantes e por escolher reatar o romance dele com Isabelle quando ela volta em cena viúva e com dois filhos, eu não posso concordar com isso, a única culpa de Fitz é ser um idiota cego, ele não fazia nada pra magoar ou atingir a Millie, ele achava que ela não amava ele, achava que ela amava outro e que só via ele como um amigo, além de não querer ele na sua cama, é...pois é, ele muda de ideia sobre isso, mas ela parece tão aferrada a esse acordo que ele não se sente à vontade em expor seus desejos, já ela eu também entendo, afinal como ela poderia se entregar pra um homem que amava e continuar a fingir não amá-lo vendo-o todos os dias?
Eu vi o amor do Fitz pela Millie desde o início do romance até a última página, ela está intrincada nos pensamentos dele o tempo todo, ela está sempre lá e eu não caí naquela história de consumar o casamento por ela, pra dar um filho pra ela, pra cumprir o acordo. Ele viu que pra assumir a outra teria que desistir da esposa e pensou "já estou há tanto tempo esperando por isso que só vou viver o meu "grande amor" depois que eu conseguir."
Fitz queria a esposa, admirava, respeitava, via ela como um enigma que ele queria decifrar a qualquer custo. E Millie, ela o amava de forma apaixonada e ao mesmo tempo tranquila e amadurecida, até quando se declarou ela foi um exemplo de dignidade, não se humilhou de nenhuma forma, foi madura de um modo como nunca vi uma mocinha desses romances ser.
Millie foi bem definida por sua mãe, ela era a esposa que qualquer homem deveria ser grato por ter ao seu lado. Pena que Fitz, por ser um idiota cego, demore a ver isso.
A autora está de parabéns pela narrativa maravilhosa do interior desses personagens, da forma como faz com que acompanhemos angustiados o modo como eles (principalmente o Fitz) irão tomando consciência de seus sentimentos e da profundidade do amor que sentem um pelo outro.
Obs: A resenha mais longa que já fiz!