Lista de Livros 12/07/2021
Lista de Livros: Para entender O Capital (Livro I), de David Harvey
Parte I:
“A missão de Marx n’O capital, porém, é conceber uma ciência para além do fetichismo imediato, sem negar sua realidade. Ele lançou as bases para isso na crítica da economia política burguesa. Também mostrou a que ponto somos governados pelas forças abstratas do mercado naquilo que fazemos e como estamos constantemente ameaçados de ser governados por construtos fetichistas, que nos impedem de ver o que está acontecendo. Até que ponto você pode dizer que vive numa sociedade livre, caracterizada pela verdadeira liberdade individual? As ilusões de uma ordem liberal utópica, na visão de Marx, têm de ser desmascaradas como aquilo que são: uma réplica daquele fetichismo que perverte as relações sociais entre pessoas, transformando-as em relações materiais entre pessoas e relações sociais entre coisas.”
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Parte II:
“Há uma distinção crucial entre o que o trabalho recebe e o que o trabalho cria. O mais-valor resulta da diferença entre o valor que o trabalho incorpora nas mercadorias numa jornada de trabalho e o valor que o trabalhador recebe por entregar ao capitalista a força de trabalho como uma mercadoria. Em suma, paga-se aos trabalhadores o valor da força de trabalho, e ponto final. O capitalista os coloca para trabalhar de modo que não só reproduzam o valor de sua própria força de trabalho, mas também produzam o mais-valor. Para o capitalista, o valor de uso da força de trabalho está no fato de ela ser uma mercadoria que pode produzir valor e, consequentemente, mais-valor.”
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Parte III:
“É espantoso com que frequência “a propriedade, a religião, a família e a sociedade” são repetidas como um mantra ideológico para proteger a ordem burguesa estabelecida.”
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“Os capitalistas amam a organização planejada da produção em suas fábricas, mas abominam a ideia de qualquer tipo de planejamento social da produção na sociedade. A acusação ideológica de que o planejamento é nocivo e, em particular, a crítica dos capitalistas de que ele reformularia o mundo à imagem de suas terríveis fábricas é reveladora. A condenação do planejamento não se confunde com o que acontece na Toyota ou no Walmart. Empresas de sucesso empregam técnicas sofisticadas de gerenciamento de qualidade total, análises de input-output, planejamento e design de otimização, prevendo tudo até em seus mínimos detalhes. Para Marx, porém, uma coisa é denunciar a hipocrisia dos capitalistas em relação ao planejamento no terreno social e outra bem diferente é sugerir que suas técnicas indubitavelmente sofisticadas, aplicadas para obtenção do mais-valor relativo, possam ser apropriadas para o planejamento de uma sociedade socialista, cuja finalidade é o aumento do bem-estar material de todos. Em suma, seria razoável transformar o mundo numa economia com planejamento centralizado ou numa grande fábrica para chegar ao socialismo? Obviamente, haveria problemas, se considerarmos a descrição que Marx faz das terríveis condições de trabalho nas fábricas. Mas se o problema não está nas técnicas em si, mas no fato de que são usadas para obter mais-valor relativo para o capitalista, e não para produzir artigos voltados para a satisfação das necessidades de todos, então a defesa de Lenin do sistema fordista de produção como um objetivo para a indústria soviética torna-se mais compreensível.”
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Parte IV:
“Mesmo que as concepções mentais não possam mudar o mundo, as ideias são, como observou o próprio Marx, uma força material na história. Ele escreveu O capital para nos equipar melhor para travar essa luta. Mas aqui também não existe caminho fácil, tampouco uma “estrada real para a ciência”. Como Bertolt Brecht escreveu certa vez:
Muitas coisas são necessárias para mudar o mundo:
Raiva e tenacidade. Ciência e indignação,
A iniciativa rápida, a longa reflexão,
A fria paciência e a infinita perseverança,
A compreensão do caso particular e a compreensão do conjunto:
Somente as lições da realidade podem nos ensinar a transformar a realidade.”
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