Platina23 03/07/2014Não desejo esse nem pro meu pior inimigo Comprei o livro numa promoção da Saraiva já a algum tempo, achando que era um livro pequeno e com uma história de romance fofinha e bem água com açúcar. Qual não foi minha surpresa quando ele chegou e possuía nada menos que 600 páginas. Deixei ele de lado até o último Escolha Um do blog onde ele ficou em primeiro e agora recebe a minha crítica.
O livro começa com um prólogo contando sobre pessoas que sobreviveram a um naufrágio e estão habitando uma ilha, aparentemente deserta. Nessa parte ela descreve belas paisagens e um pouco sobre o que estava acontecendo, mas não muito para tentar gerar um suspense.
Depois dessa primeira cena somos levados até a Alemanha em 1942, em plena 2ª Guerra Mundial. Somos apresentados a Jacob Hemman, que se uniu a uma força rebelde e invade um campo de concentração em busca da sua família que foi capturada. Lá ele encontra Hanna, um detenta que o informa que a família toda foi fuzilada a sangue frio. Jacob fica louco por vingança, mas Hanna o ajuda a manter a calma e foge junto com ele.
Eles pegam um navio e chegam ao Rio já casados, com amigos recém-formados na viagem de vinda e com grandes esperanças para a nova terra. Ao chegarem na cidade eles vão junto a todos os tripulantes para um local onde fazendeiros das proximidades estão contratando pessoas, lá eles conhecem Antônio que os contrata prometendo uma casa, comida e um salário justo. Jacob e Hanna resolvem aceitar essa proposta e juntos vão para a Fazenda Boa Esperança, e passam os melhores anos de sua vida.
Essa primeira parte tem como ponto positivo a questão das experiências e da questão sobre o nazismo e como isso massacrou judeus e a relação do Brasil com a 2ª Guerra. Tudo que nos é dito sobre o campo de concentração e o modo como as mulheres eram tratadas, que é o que Hanna nos informa, gera uma carga emocional muito forte. Além das boas referências históricas. Mas os pontos positivos param por aí, infelizmente.
Todos os personagens são um exemplo de pessoa, o dono da fazenda e a sua esposa são todos amigos dos trabalhadores, os ajudam , emprestam dinheiro, dão casa pra eles, dão comida, não cobram nada, não existe discussões, não existe corpo mole, nada, nem uma imperfeiçãozinha sequer. Nem parece ser humano de verdade. E isso realmente me irritou.
Além é claro daquela imagem que a autora dá de que "Na minha época isso não acontecia", onde o roubo, a corrupção, a maldade e a desconfiança parecem ter sido inventadas tudo apenas no século 21, nunca antes acontecia estupro, assalto, sequestro e coisas que a gente vê na Tv agora. Realmente a autora criou uma sociedade utópica dentro dessa pequena fazenda.
Mas tudo bem, fui levando o livro, com suas descrições de lugares longas, diálogos enfadonhos e falta de descrição física por parte dos personagens( pra mim todos pareciam iguais, não tinham personalidade). Atá que a nossa protagonista [finalmente] chega para roubar a cena, Karin, filha de Jacob e Hanna. Ela é alta, magra loira e bela, não tem distúrbio de personalidade, é boazinha, bate em ladrão, gasta quase que metade da sua fortuna com caridade, uma verdadeira Miss Universo judia. Ela é tão, mas tão perfeita que eu acabei torcendo para a vilão ganhar no final e não ela! (Obs.: Eu posso até gostar de um vilão, mas nunca concordo com seu ponto de vista e torço por ele.)
Daí a autora fica repetindo e repetindo as mesmas coisas a cada duas palavras ou gestos, deixando a leitura cansativa e entediante(tinha tanta coisa inútil que poderia ser tirada e reduziria o livro por menos que a metade do seu tamanho original). Ela até tentou dar uma agitada nas coisas lá pelas 200 páginas, mas eu já estava de mau com o livro e nem me importei muito. Depois disso nossa perfeita Karin decide virar modelo para conseguir mais dinheiro usando todo o seu charme.
Depois disso a autora escreve sobre basicamente cada dia na vida de Karin( sem deixar nada, NADA, passar), até o naufrágio que a leva junto com um grupo de tripulantes a ilha mostrada no prólogo. Você pega e acha que será igual ao Náufrago ou A Lagoa Azul, mas não, Karin é tão incrível que ela consegue pegar um kit de mergulho e volta para buscar diversas coisas( quando digo diversas, estou dizendo o que você leva para uma viagem na sua mala) no navio junto a dois outros rapazes que a ajudam a carregar tudo de volta para a ilha e a transformar essa ilha numa espécie de spa de luxo exótico! Nessa ilha eles encontram: cavalos, bois, ovelhas, galinhas, uma mini fazenda abandonada, um lago, e até um antigo presídio que os oferece luz elétrica!
Eu realmente estava imaginado um ser humano naquela situação e ele provavelmente não construiria uma escola nem seis chalés para cada um viver no conforto de uma civilização! Sério, parecia que todo lugar que Karin aparecia o mundo se enchia com coelhinhos e corações e todos os possíveis problemas desapareciam. Eu me senti lendo um livro infantil que tentava explicar o mundo adulto como algo maravilhoso e acolhedor, onde você pode confiar em qualquer estranho que se intitula fotógrafo só porque ele tem um sorriso bonito!
A pior era quando ela resolvia discutir sobre sexo ou sobre religião. Me senti ofendida quando ela soltou a seguinte frase:
" -Mas o padre a gente pode dobrar melhor do que um rabino." p. 544
Eu poderia discorrer outro texto sobre isso, mas não vou porque acho a frase bem auto explicativa. Tão explicativa quanto: ao invés de se contar a verdade sobre sua sexualidade, um cara ser gay por exemplo, você simplesmente se casa com alguém que é lésbica, por exemplo, para manter as aparências. Realmente, essa é a Karin não preconceituosa e exemplar que a autora nos mostra, que até mesmo xinga o "amigo" por conta da sua orientação sexual.
Enfim, o livro é péssimo! Cheio de erros, a cada duas páginas eu lia letras repetidas, sinais faltando ou no lugar errado, palavras escritas errado, textos inteiros em Itálico, dentre outros que me fizeram agradecer por eu ter gasto tão pouco no livro. A história tinha um ótimo potencial e foi tudo jogado no lixo para se tornar uma história de superação e amor ridícula. Os personagens eram fracos em tudo e o enredo era entediante. Resumindo: Não consigo achar algo que eu verdadeiramente tenha gostado ou achado no mínimo aceitável.
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http://livrosenipon.blogspot.com/2014/07/resenha-se-um-dia-eu-voltar-natalia.html