Paula.Serkonos 01/08/2013
O caminho da dor após o tapa na cara
Sarah era uma garota comum, na medida em que ser terrivelmente explosiva e violenta permite. Ela estuda, tem amigas maravilhosas, vive brigando na rua, e a sua mãe também parece ser bem legal, mas isso até a primeira página. Ao descobrir da pior maneira possível que tudo que conhecia era uma mentira e o seu mundo virar de cabeça para baixo, é de se esperar que ela fique um tanto chateada.
Para alguém que cresceu sozinha com a mãe, descobrir que o pai não está morto, tem um irmão gêmeo, um primo, uma família inteira e que nasceu para lutar numa guerra, digamos que, a explosão dela foi até pouco. Migs, eu te entendo, totalmente ♥. Detalhe que além de colocá-la na linha da frente para uma luta que não é dela, os caras também querem enfiar um dragão no seu corpo. Sim, exatamente isso, enfiar o dragão nela. Sentiu o drama?
Agora, fadada a ser o guerreiro fodão pica das galáxias, Sarah terá que aprender a usar todo o potencial dentro de si, estudando para ser tanto uma guerreira quanto uma feiticeira – algo que só o Pendragon é.
Num universo onde verde é verde e vermelho é vermelho, ser especial é tanto uma dádiva quanto uma maldição, e a nossa protagonista fará o melhor que pode da situação com um bom humor de soltar gargalhadas durante a leitura.
Enquanto não está pronta para lutar contra o inimigo, Sarah é treinada por Declan, seu tio, no Acampamento dos Guerreiros. Entenda que ela precisa passar pela cerimônia das duas facções: guerreiros e feiticeiros, para então estar realmente pronta para o que der e vier. E deixo claro que isso não é fácil, não mesmo, mas após tornozelos quebrados, um braço decepado e várias, várias contusões e queimaduras, ela acaba pegando o jeito.
Eu li O Caminho do Guerreiro em questão de horas e tenho o orgulho de dizer que ele é o livro mais fluído que já li na vida. Sério, nunca vi uma história te prender tão fácil e não te largar assim.
Confesso que li com um pé atrás.
Um não, talvez três.
Ler algo de amigo é difícil. Você sempre fica analisando suas reações, tentando perceber se são verdadeiras ou não. Se você está gostando mesmo da leitura ou está pensando que está por ser algo de um conhecido. A Carol é minha amiga há uns três anos, nos conhecemos no orkut e com o tempo começamos a discutir nossas histórias, nossos projetos e trocar ideias. Da mesma forma que eu sei que há um pouco de mim no Ciclo do Dragão, tenha certeza de que há vários pedaços de Carolinas em tudo o que escrevo. E isso, meus amigos, é uma honra. Fazer parte do processo criativo de alguém, ajudá-lo a continuar o texto, opinar e ter a sua sugestão aceita e magnificamente executada; gosto de chamar isso de honra entre escritores.
Porém, preciso ressaltar que o título desta resenha é extremamente realista e verdadeiro: a leitura foi um tapa lindo na minha bela cara. Acho que subestimei o potencial da Carol e ler a sua história foi o maior e melhor murro que alguém poderia ter me dado. Nunca fiquei tão surpresa com o nível em que o universo criado pela minha amiga me cativou.
A história é maravilhosa, mas o livro em si tem alguns erros.
Eu acompanho a Buriti Editorial desde o momento em que encontrei sem querer o blog deles há uns dois anos e fiz com que a Carolina enviasse para eles o manuscrito. Uma vez que foi aceito, comecei a ficar de olho. Sim, eu realmente vi o livro dela nascer ♥ E gente, foi um belo de um parto, mas digamos que uma das enfermeiras tem uns problemas.
Se vocês visitarem esse link aqui, verão uma postagem da revisora que fez o copidesque dO Caminho do Guerreiro, a Janda Montenegro. Leram? Pronto. Ao explicar o que é um copidesque, a revisora dá a impressão de pega livros bons e os deixa maravilhosos. Algo como toque de Midas, por assim dizer. Não nego que essa seja a função, em momento algum, mas achei um tanto prepotente. Ainda mais quando há diversas passagens no livro em que esse “acabamento” teria sido ótimo, se tivesse, claro. Não estou dizendo que o livro é cheio de erros grotescos, não, apenas acrescento que se meu pau é pica de diamante, devo agir como tal, desde o momento que condiga com as expectativas e isso a Janda não fez. Eu ainda estou tentando entender essa passagem:
A casa de Helena virou uma verdadeira sucursal do inferno. Tinha guerreiro saindo pelo ladrão, coisas voando para todos os lados e sangue começando a manchar as paredes.
Ladrão parindo guerreiro, assim do nada? Acredito na criatividade da Carol, mas acho que isso é mais impossível que vampiros que brilham. E sucursal? Gente? Se não fosse a Bianca Briones a me salvar, eu nunca saberia que porra é sucursal, que por sinal é algo tipo filial. Juro pra vocês, no momento que vi, pensei ter lido sucuri. Sucuri do inferno faz mais sentido que “sucursal” e tenho dito.
E umas palavras difíceis pairando no meio do texto, bem tipo “oi?” Teve um “prostrado” uma hora que me fez ir ao pai dos burros, aka google, para descobrir se era o que eu estava pensando. Teve uma palavra no começo, bem começo, que me deixou tão “WTF?” que parei uns cinco minutos, só olhando e tentando descobrir o que diabos ela estava fazendo ali. E mesmo procurando depois, não achei, mas tenho quase certeza de que era bécula. Gente, que porra é bécula?
Agora, o projeto gráfico. Gente, juro que a Marina Ávila se supera a cada livro. No post do lançamento do livro, vocês podem ver as fotos que tirei do meu exemplar. Tão lindo! O livro inteiro é uma obra de arte e fica tão magnífico na estante que dá vontade de tirar foto atrás de foto.
Ah, outra coisa antes que eu me esqueça: os capítulos não são numerados e não possuem título, apenas a dica do dia. Vamos a um exemplo:
Vai se exibir? Não se esqueça do batom! Nunca se sabe quem estará assistindo…
Acordou com alguém desconhecido na cama? Não seja estúpida, sorria e chame-o de querido – uma hora você descobre o nome dele!
Se você foi até o fundo do poço, cuidado, pois o fundo pode ser falso e ter mais embaixo…
Se te deram um prazo curto, façam com que eles percebam* que você não precisava de prazo algum.
*Sdds revisão.
E por último, mas não menos importante, a melhor quote do livro:
Que família mais ferrada essa que eu faço parte!
Vá e morra; fique e possivelmente morra.
Mas se eu ficasse e ajudasse a vencer a guerra, sempre existiria a possibilidade de eu voltar e me vingar.
Só não fiz xixi nas calças porque sou a mestre da minha bexiga ♥
OBS: Ciclo do Dragão é uma duologia, cujo segundo livro está sendo escrito, então sem data de previsão.
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