Entre rinhas de cachorros e porcos abatidos

Entre rinhas de cachorros e porcos abatidos Ana Paula Maia




Resenhas - Entre rinhas de cachorros e porcos abatidos


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Clio0 06/03/2015

Você é um animal.

Ana Paula Maia aparentemente não pensou duas vezes sobre isso quando decidiu escrever esse livro.

Entre rinhas de cachorros e porcos abatidos traz alguns contos que apenas parecem desconectados no começo, mas que mostram a vida de alguns personagens sobre a forma mais animalesca possível.

Sangue, luxúria e desprezo são descritos de forma direta, mas intencional. Esse é livro sobre um tema polêmico e com uma história igualmente controversa - escrito da forma mais prosaica possível.

Os personagens, com comportamento ou motivações extremamente complexos, não são defendidos nem massacrados. Isso não significa em absoluto que a narração seja seca como uma reportagem de jornal.

Recomendo.
Felipe.Camargo 26/11/2021minha estante
Será um dos meus próximos...


Diã 26/11/2021minha estante
Que livro!!!!




@tigloko 11/02/2023

"Medir os fardos e contar as bestas"
O livro é composto por duas novelas que tem como temática os homens-bestas, pela definição da autora. Homens que fazem o trabalho sujo e sobrevivem a sua maneira. A primeira delas seguimos a vida de Edgar Wilson como abatedor de porcos. O seu olhar frio e desinteressado pelo mundo se reflete na sua profissão. Sempre com uma visão prática para tudo que o cerca.

A segunda é sobre Erasmo Wagner, um coletor de lixo, seu irmão Alandelon que quebra asfaltos e seu primo Edivardes, desentupidor de esgotos. Acompanhamos a dificuldade dos seus trabalhos, a forma seca e brutal que encaram suas vidas.

Foi uma grata surpresa esse livro. É uma leitura fluída mas ao mesmo tempo densa, por tratar de temas tão pesados. Situações que não paramos para olhar uma segunda vez com atenção, como a dificuldade de um coletor de lixo em um dia de chuva forte, a saúde de uma pessoa que desentope esgotos sem a devida proteção, a audição prejudicada a longo prazo em usar uma britadeira o dia inteiro.

Foi o motivo principal para eu gostar tanto do livro, a forma incrível que a autora trabalha essas situações, apesar de os personagens serem bem simples, sem muitas camadas. Mesmo nessas situações cotidianas ela coloca alguns elementos absurdos que você só espera em uma história tragicômica.

Mas de antemão aviso que não é um livro para quem tem estômago fraco. A autora não poupa detalhes de como funciona a vida desses personagens. E dos extremos que estão dispostos para resolver os problemas. Gatilhos é o que não falta por aqui, fica o aviso.

Não pesquisei a fundo mas parece fazer parte de uma série. Com certeza lerei os próximos em seguida, recomendo.
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c a r o l 30/12/2022

Soco no estômago
Mais uma vez a Ana Paula Maia traz à tona a consciência social em suas histórias da forma mais crua, direta e cruel possível. Ela mostra uma realidade que não queremos ver. Os seus personagens nos fazem pensar na vida miserável, violenta e injusta que muitas pessoas têm vivido.

Esse livro contém duas novelas curtas, mas que cumprem bem o seu propósito com suas reflexões profundas.

Em "Entre Rinhas de Cachorros e Porcos Abatidos" acompanhamos as "aventuras" de Edgar Wilson e seu amigo, Gerson. As coisas que esses dois fazem são exageradamente violentas, não teve como não rir de nervoso pela tamanha frieza e crueldade dos personagens. Ao longo da narrativa vamos compreendendo o porquê deles agirem dessa forma. Apesar dos pesares a amizade entre os dois é bem bonita, e a forma como o Edgar Wilson enxerga a vida me fez perceber como a gente reclama de barriga cheia ao invés de sermos gratos pelo que temos.

Em "O Trabalho Sujo dos Outros" acompanhamos o lixeiro Erasmo Wagner falando sobre assuntos que eu nunca tinha parado para pensar. Ele expõem fatos horríveis sobre sua profissão que chegaram a me deixar com vergonha.

Vemos como o descaso do governo, da polícia, da sociedade como um todo gerou pessoas frias e impiedosas. E a forma que os personagens agem, refletem o descaso que eles sofreram por gerações.
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Isadora1232 19/09/2021

Esse é um livro que vai te fazer sentir mal. Não tanto pela violência exposta nas narrativas, mas pelas tantas camadas de subtexto que residem entre suas linhas. Provoca uma avalanche de reflexões necessárias e urgentes sobre a nossa sociedade. Não por acaso a obra da autora é objeto de diversos estudos acadêmicos.

Ana Paula Maia tem uma escrita crua e crítica, que fisga o leitor desde a primeira página e o conduz num caminho sem fôlego por situações grotescas, de desumanização e invisibilização dos indivíduos que são explorados e marginalizados, sem apelar pra espetacularização da miséria, pelo menos a meu ver.

Além da riqueza do conteúdo, é genial a forma como as histórias, além deste livro, se conectam. Fica a cargo do leitor montar o quebra-cabeça e conectar as tramas.

Se você ainda não conhece a obra da autora, recomendo iniciar por este livro. Com certeza, Ana Paula Maia foi uma das minhas melhores descobertas literárias deste ano. Depois desse livro, fiquei com vontade de devorar toda a sua obra.

Obs: os textos podem conter gatilho de violência.
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Peleteiro 10/08/2020

Excelente!
Lembrou-me de John Steinbeck, com o seu ?Ratos e homens?. Não pela caracterização dos personagens a partir dos diálogos, mas pela condição tratada. Pela degradação dos homens que exercem funções basilares, mas invisíveis, promovida pelas sociedades. Sem dúvidas, há aqui uma narrativa dura, crua e surpreendente. Grande obra!
Stephanie.Franco 24/10/2020minha estante
Que definição incrível! ?Pela degradação dos homens que exercem funç?es basilares, mas invisíveis?. Resume muito bem a aspereza e pungência do livro.




DiAgo.Diniiz 23/05/2021

????
Que escrita perfeita! Um dos melhores livros que já li! Uma crítica à sociedade atual. As pessoas podem até pensar: "ah, mais essas coisas macabras nunca vão acontecer na realidade." Do meu ponto de vista tanto pode como acontece, essa primeira parte do livro mostra coisas deturpadas que os abatedores de porcos fazem, pessoas que também não são reconhecidas pelo seus trabalhos.
A segunda parte foi a mais que gostei, uma ótima crítica à sociedade consumista e que não valorizam os coletores de lixo e tantos outros empregos, os quais o corpo social praticamente despreza. Eramos Vagner, personagem principal da segunda parte, se considera como lixo, pois a sociedade e os governos não valorizam seu trabalho, e o tratam como o lixo que ele recolhe. Mas fica a pergunta, o que seria da sociedade sem os coletores de lixo?
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Bruna 03/07/2023

Entre Rinhas de Cachorros e Porcos Abatidos
A segunda parte do livro é bem melhor. A escrita é boa e a história me deixou meio surpresa em muitos momentos, mas achei meio desnecessário o tanto de violência contra animais no livro.
Se soubesse, não teria lido?
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Perolitzzz 17/08/2020

Que paulada...
A escrita de Ana Paula Maia é crua, áspera, ferina, acre, agreste, cortante e não alivia em nenhum momento dessas duas histórias.
Queria poder explicar mas eu me sinto confusa em perceber que gostei da leitura... e que vou buscar outras histórias da autora.
Um livro curtinho que eu não aconselho pra quem busca algo pra ler em 1 dia... eu não consegui.
No início achei afetado e gratuito mas de repente a narrativa foi me entregando cada analogia, cada metáfora... coisa afiada.
Fui impactada mesmo.... real!
Quem tiver com o Kindle Unlimited ativado, verá disponíveis esta e mais 2 ou 3 outras histórias.
Recomendo mas, é pra quem tiver estômago, ok?
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Paulo.Vitor 06/09/2022

"Sua vida não é um lixo, sua vida é muito lixo"
Mais uma leitura da Ana Paula Maia e cada vez mais tenho a certeza:
É minha autora favorita. Escreve de uma maneira simples, envolvente, rápida e cativante.
Nessa história conhecemos um pouco, ou, mais um pouco de Erasmo Wagner e Edgar Wilson, e como sempre, a realidade e violência da vida isolada é posta de maneira tão natural e tão envolvente pela autora que QUASE passamos por estas sem nos questionar que tem algo errado, e a partir daí começamos a perceber os traços quase que de trogloditas que os personagens principais e complementares apresentam.

Li os livros dessa série em "ordem errada" visto que este é um dos primeiros a apresentar tais personagens e ter sido um dos últimos que li, porém, em nada alterou minha impressão sobre estes, pelo contrário, só foi complementando.
No aguardo para a sequência direta de "De Cada 500 Uma Alma"
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Lucas.Sampaio 17/11/2020

O neo-naturalismo de Ana Paula Maia
Uma das concepções mais comuns quando pensamos no naturalismo, é imaginar uma classificação literária exclusiva dos últimos anos do século 19, seja no Brasil, ou no campo literário de forma geral. No entanto, o naturalismo, com (quase) todas suas características andam presente como nunca na nossa literatura através da talentosa Ana Paula Maia.
Através de livros como ?Entre rinhas de cachorros e porcos abatidos?, ou até no mais recente ?Enterre seus mortos?, a autora vem mostrando uma grande habilidade para construir personagens, cenários e narrativas próximas a concepção naturalista, no entanto, com um olhar moderno e cinematográfico sobre questões sociais tão antigas, mas ainda assim atuais.
No seu terceiro livro, ?Entre rinhas de cachorros e porcos abatidos?, obra responsável por desencadear sua fama, e também por apurar a técnica narrativa da autora, a Ana Paula Maia conta a história de ?homens bestas?, em sua própria concepção, que trabalham de forma incansável, fazendo o trabalho sujo dos outros.
Dentre as características mais comuns do naturalismo, como temas sociais polêmicos e obscuros: nas duas novelas presentes no livro ?Entre rinhas de cachorros e porcos abatidos?, temos personagens que convivem com zoofilia, assassinato, mutilação, pedofilia.
Seja na narrativa homônima ao livro, que conta a historia de dois companheiros que trabalham em um matadouro ilegal de porcos, ou até na segunda, chama de ?O trabalho sujo dos outros?, em que temos irmãos que trabalham paralelamente com recolhimento de lixo, quebra de asfalto, e desentupimento de latrinas, esgotos etc.
Outras características, como personagens que possuem patologias: seja no caso de personagens quase surdos pelo trabalho exercido (quebrar asfalto com britadeira), um personagem morrendo pela falta de um rim, que ironicamente havia doado a irmã a pouco tempo.
Até a zoomorfização, momento em que o personagem humano é comparado a um animal, característica comum ao naturalismo, com trechos como: ?Cão de rinha é um cão que não teve escolha. Ele aprendeu desde pequeno o que o seu dono ensinou. Podem ser reconhecidos pelas orelhas curtas ou amputadas e pelas cicatrizes, pontos e lacerações. Não tiveram escolhas. Exatamente como Edgar Wilson, que foi adestrado desde muito pequeno, matando coelhos e rãs. Que carrega algumas cicatrizes pelos braços, pescoço e peito. São tantos riscos e suturas na pele que não se lembra onde conseguiu a metade. Porém a marca da violência e resistência à morte de outros animais nunca tiraram o brilho de seus olhos quando contempla um céu amplo. Dia ou noite, ele passa boa parte do seu tempo olhando para cima. Quem sabe espera que alguma coisa aconteça no céu ou com o céu... talvez queira retalhar algumas nuvens com seu facão.? (p.69)
A prosa da Ana Paula Maia está no hall dos grandes feitos da geração contemporânea da literatura no Brasil, com escritos que são socialmente engajados, sem ser panfletários em momento nenhum, enxergando questões sociais pertinentes e sempre tocando na ferida aberta, e olhando para tipos que a sociedade costuma ocultar.
Um novo olhar sobre uma técnica literária que continua atual, pois a desigualdade social ainda existe.
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Rittes 01/04/2022

Os brutos também sofrem
Este segundo livro me agradou um pouco mais que o primeiro que li da autora (Carvão Animal), mas os exageros continuam, assim como a brutalidade. Claro que essa deve ser a intenção da autora, mas a fórmula se desgasta depressa. Ana Paula Maia escreve bem, embora cometa alguns deslizes (como usar a palavra pouco conhecida "hirco" para designar o cheiro do bode, significado ausente de quase todos os dicionários de língua portuguesa. Em quase todos, "hirco" é o mesmo que bode e não seu cheiro), mas são detalhes numa prosa fluida e, como já disse antes, com muita potência. Sem dúvida, diferente, o que já não é pouca coisa. Experimente!
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julianny 17/01/2021

Homens e animais são os mesmos
A cada livro da Ana Paula que leio, me surpreendo mais e mais com sua linguagem e um livro acaba sendo surpreendentemente mais cruel que o outro. Não há eufemismo ao se tratar de violência e vísceras. Me senti enojada em muitas passagens, principalmente no primeiro conto, de tão absurdamente violento que é. Homens morrem como animais. Animais são tratados da mesma forma que os trabalhadores. É quase antropofágico. Afinal, não há mesmo tantas diferenças entre eles.
Marina 23/01/2021minha estante
Antropofágico!!! Realmente é essa a palavra!!!!!




Eduarda 05/05/2021

Soco no estômago...
O livro é dividido em duas histórias.

Confesso que achei a primeira muito boa e impactante, mas a segunda ainda melhor!

Muito reflexivo e pertinente.

"Ah mas isso não acontece!" - Eu pergunto: Em que mundo você vive?!
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Camila 20/11/2021

O que rolou????
Foi o meu primeiro contato com a Maia. Confesso que me surpreendeu bastante, o que consequentemente me faz sentir vontade de ler tudo o que ela escreve.
A parte transgressiva do livro foi impecável, mas confesso que pegou num ponto que eu não tolero: violência contra os animais. Pra mim é inadmissível. E logo me remete a uma coisa: os personagens retratados no livro tem uma mente de extrema sobrevivência, além de estarem na constante base de Maslow. Eles não sabem e provavelmente não querem saber da moral.
A construção dos personagens Edgar Wilson e Gerson são incríveis. Eu adoraria tê-los escrito. E leria outros livros que tivesse esses personagens.
Edgar Wilson e Gerson são abatedores de porcos (o que me deixou muito triste), mas esse é o trabalho deles. E meu D'us, o Gerson doou o rim pra irmã e aos olhos dele, ela não está dando devido o valor para a doação. EU RI DE NERVOSO E TENSÃO. Gerson quer o rim de volta porque o que sobrou está falhando... Foi muito genial, eu fiquei embasbacada.
Infelizmente eu não senti a mesma ligação com os outros personagens. Mas isso não me fez gostar menos, adorei a vida deles e eu queria muito ler algo em que os personagens fossem coletores, e foi uma bela surpresa. Agora o outro personagem, Alandelon, se eu não me.engano... achou dedos numa caixa de gordura e ainda comeu no restaurante QUE?! Kkkkkkkkkk que livro e que experiência transgressiva.
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