Vagner46 03/02/2015Desbravando O Lobo das PlaníciesEsse livro estava há anos na minha cabeça e sempre tive vontade de desbravá-lo, mas infelizmente o tempo ia passando e a hora dele nunca chegava, até que comecei a assistir ao seriado Marco Polo e finalmente me veio a inspiração para ler a tão recomendada obra de Conn Iggulden. Só me restou pegar o e-book original e começar a desbravar. O Lobo das Planícies é o primeiro livro da série O Conquistador, composta por 4 outros, e nos apresenta o início da vida de Temujin, filho do chefe da tribo dos Lobos, vivendo em terras mongóis.
Tudo começa a dar errado quando o pai de Temujin morre após ser atacado por alguns Tártaros, o que desencadeia uma série de tragédias na vida dele. O novo khan dos Lobos abandona a família de Temujin no meio de um inverno rigoroso e sem comida, deixando-os lá para morrer. Vale destacar aqui a fibra moral e a força de vontade da mãe do protagonista, pois eu não imagino a dificuldade de se criar CINCO filhos em um local praticamente sem comida e com a ameaça de ser morto por qualquer grupo de guerreiros que aparecesse.
“There was no justice in the world, but he had known that ever since the death of his father. The spirits took no part in the lives of men once they had been born. A man either endured what the world sent his way, or was crushed.”
A escrita do autor é simples e direta, sem muitos rodeios e, mesmo que os primeiros 57% do livro são dedicados a Temujin dos 11 aos 14 anos, isso não tornou-se monótono em momento algum, tanto é que eu sempre terminava um capítulo e ansiava por mais, queria descobrir o que acontecia com a família do protagonista e o que eles fizeram para sobreviver, as provações que tiveram que passar para aguentar um ambiente tão hostil e perigoso.
O tempo passa e eles sobrevivem, sempre com a ameaça de aparecer algum Tártaro pelo caminho ou a tribo dos Lobos voltar para ver se o inverno fez o serviço completo. O ódio de Temujin e seus irmãos pelo atual khan dos Lobos é tão, mas tão intenso, que a vida deles resume-se a vingança, pela alma de seu pai, pela chance de poderem viver novamente.
Lembro também da parte inicial do livro, quando Temujin e seus irmãos saem na busca por um filhote de águia no topo de uma montanha para dar de presente ao pai e acabam encontrando dois deles, como se isso fosse uma vontade dos deuses. Nessa parte já podemos perceber a forte relação que os irmãos terão ao longo da história, seja para o bem ou para o mal, como o leitor acabará descobrindo alguns capítulos depois.
Esse livro é só o começo da história de uma nação, de um homem que manteve os fantasmas do seu passado bem vivos na sua cabeça para que ele se tornasse um líder cruel e sem medo de expandir os seus territórios, matando qualquer um que aparecesse no seu caminho e tentasse atrapalhar o seu sonho: juntar todas as tribos mongóis em uma só, torná-los somente um povo.
“You will revenge my father's death and we will be one tribe across the face of the plains, one people. As it should always have been. LET THE TARTARS FEAR US THEN! LET THE CHIN FEAR US!”
Conn Iggulden focou intensamente na parte psicológica do personagem principal e seus familiares nesse livro, trazendo à tona toda as adversidades passadas por Temujin na sua infância e como isso realmente moldou o seu caráter para que ele se tornasse como é conhecido hoje: o maior conquistador da História, o implacável e impiedoso Genghis Khan, reverenciado até hoje como um dos maiores estrategistas que o mundo teve a honra de conhecer.
“We are the silver people, the Mongols. When they ask, tell them there are no tribes. Tell them I am khan of the sea of grass, and they will know me by that name, as Genghis. Yes, tell them that. Tell them that I am Genghis and I WILL RIDE.”
Tchê, eu preciso mesmo dizer que eu gostei demais desse livro? A história de Temujin é LINDA, se é que existe uma palavra melhor para descrevê-la, e só desbravando-a será possível entender como viveu Genghis Khan e sua família. São vários momentos de tensão durante a narrativa que fica difícil não torcer por Temujin e vibrar quando os seus golpes encontram o coração do inimigo, quando ele sofre por estar quase morrendo, quando ele está na linha de frente em uma batalha, quando ele está só respirando, enfim! haha
Leitura recomendadíssima, principalmente para quem gosta de livros no estilo de Bernard Cornwell. As batalhas são bem descritas, os conflitos do personagem com as pessoas próximas são bem intensos e vocês irão se surpreender com a qualidade da escrita de Iggulden, juntando uma narrativa simples com fatos históricos (alguns foram mudados, já que essa é uma obra de ficção). Pretendo ler o segundo ainda em 2015, Temujin certamente merece mais atenção!
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http://desbravandolivros.blogspot.com.br/2015/02/resenha-o-lobo-das-planicies-conn.html