Beijo,

Beijo, Roald Dahl




Resenhas - Beijo,


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Luiz 29/11/2009

Macabramente divertido
Talvez o escritor galês Roald Dahl (1916-1990) seja mais conhecido pelos seus livros infantis, como A Fantástica Fábrica de Chocolate. Mesmo que você não tenha lido esta obra, provavelmente já assistiu a uma das duas adaptações cinematográficas, protagonizadas por Gene Wilder (versão de 1971) ou Johnny Depp (de 2005), e talvez tenha notado um clima demasiado irônico e dark. Afinal, não é sempre que vemos um filme infantil com crianças sendo jogadas em dutos de lixo ou então infladas como uma bola de chiclete.

Acontece que os contos infantis de Roald Dahl são povoados com estes elementos que podem até assustar um adulto, mas que as crianças adoram (Chapeuzinho Vermelho, por exemplo, é uma história de terror – e na versão original o Lobo devora a menina!). Dahl, inclusive, é o criador dos Gremlins, aquelas criaturinhas infernais que vimos nos dois filmes produzidos por Steven Spielberg.

Pois, bem. Imagine se um autor que tem essas ideias um tanto bizarras resolvesse escrever contos de temática adulta. Não precisa mais imaginar: ele escreveu! Dahl tem cerca de cinquenta short stories publicadas em cinco livros, todas de uma imaginação admirável, diferentes de tudo o que você possa pensar. Essas coletâneas são Kiss Kiss; Over To You; Switch Bitch; Someone Like You e Eight Further Tales of the Unexpected. Infelizmente apenas o primeiro foi lançado no Brasil, com o título Beijo Com Beijo (editora Marco Zero, 1989) e depois foi reeditado e ganhou nova tradução como Beijo, (assim com esta vírgula mesmo, editora Barracuda, 2007). Nele há onze contos adultos, maravilhosos e assustadoramente inteligentes.

Para se ter uma noção, é de Dahl o conto que deu origem àquele episódio de Além da Imaginação de roer as unhas, em que um rapaz aposta o seu mindinho com um velho milionário: caso seu isqueiro acenda dez vezes seguidas, o cara ganha um Cadillac novinho – caso falhe, ele perde o dedo (Quentin Tarantino fez uma paródia no filme Grande Hotel, com resultado mediano). Trata-se do conto The Man From The South, do livro Someone Like You.

Beijo, (ou Beijo Com Beijo, tanto faz) traz, em sua maioria, contos cujos protagonistas são pessoas comuns que encontram uma ideia absurdamente fantástica para se darem bem. Por exemplo, em O Prazer do Pastor, um comerciante de móveis raros fantasia-se de padre e usa a ignorância de fazendeiros falidos para adquirir, a preço de banana, uma relíquia de valor inestimável. Já em O Casaco do Coronel, uma esposa adúltera bola um plano infalível para poder ficar com um caríssimo casaco de pele de vison que ganhou do amante, sem que o marido desconfie da traição. Nem preciso dizer que, no fim de cada história, essas pessoas sentirão muito mais do que o próprio veneno: serão sabotadas pela própria inteligência, caindo em uma armadilha muito pior do que aquelas que armaram. E esses finais são tão surpreendentes que eu me pegava gargalhando alto durante vários trechos do livro (o que, por si só, já é algo bizarro – quantas vezes você já riu para valer lendo uma história de suspense ou terror?).

É claro que nem todos os contos aqui reunidos seguem esse padrão. Em Geleia Real, por exemplo, ficamos sabendo o que acontece quando um bebê que não quer mamar passa a ser alimentado com esse curioso e nutritivo produto das abelhas. Willian & Mary beira mais o fantástico, quando uma viúva descobre que o cérebro do marido continua vivo em um pote na casa do amigo cientista. Mas talvez o destaque seja mesmo Porcos, onde Dahl faz uma surpreendente inversão dos tradicionais contos infantis e cria uma fábula satírica, cruel e grotesca sobre um menino criado na fazenda, longe da corrupção da cidade grande. Pode-se dizer, sem exageros, que este é um dos momentos de maior humor negro da literatura mundial (além de ser uma bela crítica ao consumo de carne – ao menos na minha interpretação).

Enfim, se você ainda não conhece a obra de Roald Dahl, faça isso correndo! Seus livros infantis são ótimos, mas os contos adultos são obras-primas do insólito, que dificilmente sairão de sua cabeça.
L. F. Riesemberg
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Verônica 29/03/2011

Surpreendente
Roald Dahl ficou mais conhecido por suas histórias de cunho infanto-juvenil. É autor de "A Fantástica Fabrica de Chocolate" e se o vissemos apenas pelo prisma de contador de histórias fantaticas para crianças, certamente ficariamos na dúvida da alcunha de um livro escrito para o público adulto. Cheguei em "Kiss Kiss", seu livro de contos de 1959, através de indicações recorrentes, em lugares diferentes, sobre o potencial desse livro para a literatura extraordinária e sombria. Nada indicava que fosse um livro de terror ou fantástico. Apenas que se tratava de uma leitura densa, expressiva, da qual os amantes do genêro (fantástico) recomendavam. Muito curiosa pela certa falta de especificação, lá fui eu.

Fato: é difícil classifica-lo. Mas se eu tivesse de fazê-lo, diria ser um livro de contos bizarros. Não, essa idéia talvez remeta ao subgênero do terror, mas também me enganei ai, apesar da abertura do livro nos presentear com um conto com linhas tipicas do horror. É um livro de contos variados, pendendo para cá e para lá, mas sempre com essa intensidade, que se pensarmos bem, é própria das histórias de Dahl. Veja que, sua mais famosa história, sobre a fabrica de W. Wonka, não é uma mera fábula infantil. Ela tem diversas passagens, que se analisarmos bem, são bem pitorescas, nos dando muito o que pensar sobre questões subjetivas. A menina gulosa e esnobe que se transforma numa bola gigante, os meninos curiosos e desobedientes que são transportados para uma outra dimensão e se tornam tão pequenos quanto formigas, as provações constantes a que são submetidas as crianças, num habitat em que já seria difícil de resistir as tentações, e ainda mais quando é uma fabrica tão incomum, tão única.

Roald Dahl é um contador de histórias incrivel. Todas elas são capazes de te deixar com os pelos da nuca arrepiados, pois nos transporta para um cenário e ação de uma forma rápida e certeira, nos deixando, no final, com muito o que pensar. As questões ocultas que Dahl deixa nas entrelinhas é que torna seus contos e esse livro em especial algo muito valioso, e se no inicio eu sofri uma certa decepção por constatar que não se tratava mesmo de um livro de contos de terror, no final eu me senti feliz por ter adquirido uma obra tão rica em significado, que faz, a cada final, sua mente se exercitar, pensando na moral da história.

Recomendado!
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CèS 28/06/2009

Prova concreta de que o Roald Dahl não é um autor trivial, e muito menos só infantil.
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Gláucia 26/02/2016

Beijo, - Roald Dahl
O autor é mais conhecido por seus livros infantis e essa é uma seleção de 11 contos publicados em 1959 voltados para o leitor adulto. Todos são muito bons, especialmente seus finais, surpreendentes e inusitados, alguns com toques fantásticos, surreais, macabros, bizarros e perturbadores. Só não entendi o título, em inglês "Kiss Kiss".
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Pandora 14/04/2016

Uau!
Adoro livros de contos, mas poucas vezes li um livro com a constância de qualidade em cada texto como vi neste livro. Há situações cotidianas, fantasia, ficção, elementos bizarros... e tudo isto é tratado com maestria e fina ironia por Roald Dahl. A condução de sua narrativa é original e surpreendente; os finais provocam reações as mais diversas. Fiquei extremamente curiosa a respeito dos outros livros adultos dele; é uma pena que este Beijo, seja o único traduzido até o momento
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