spoiler visualizarEllie 26/02/2023
Extremos
É uma obra bem complexa e marcante, ou para o bem ou para o mal. O início é complicado de ser compreendido e o meio nos faz pensar o que estamos lendo, mas, quando A Luta começa, tudo parece fazer sentido, se encaixar, modelar o destino e objetivo do livro.
Quanto a parte da terra não há muito o que falar, ele viaja por todo o país, fazendo descrições minimalistas do relevo, vegetação e toda uma análise geográfica do Brasil.
Ler "O Homem" foi, em simultâneo, desgastante e cansativo, mas também angustiante e desesperador (ALERTA DE SPOILER!) a seca é retratada com riqueza de detalhes que faz até a boca secar e a respiração ser mais pesada, ao passo que os falsos profetas, os sacrifícios de crianças vistos como salvação e a dor que cada palavra exala é torturante.
Levei um bom tempo para conseguir ler por conta da carga emocional que precisava suportar lendo.
A Luta, como disse antes, é "mais de boa". Ela tem ação, é dinâmica, acontece rápido e não tem uma lengalenga infindável de descrever tantos detalhes. O autor vai direto ao ponto, fala da estratégia fracassada dos militares e mostra rápido a vitória dos jagunços, não pende para nenhum lado da guerra, apenas a retrata de forma objetiva.
Ainda assim, a imersão na história, o sentimento de pesar com tantas mortes - em ambos os lados - sempre presente em mim. Na totalidade, o livro cumpre a obrigação de exibir a guerra de Canudos, de retratar aquele momento histórico que hoje é pouco falado e aborda o brasileiro como um ser singular e plural simultaneamente.
Ele faz a contextualização geográfica e social e mostra os fatos como ocorreram. Não seria um livro que eu leria por vontade própria, mas ainda assim foi uma leitura de fato interessante e marcante, que despertou em mim todas as emoções que poderiam ser despertas.