Mariana.Bughay 28/04/2015Temos cinco perfis de Luísa apresentados por cinco pessoas próximas a ela: Raul, o amigo homossexual; Rogério, o eterno apaixonado; Sérgio, o ex-amante; Marga, a melhor amiga e Mário, o ex-marido - mas isso está escrito na contracapa do livro.
O mais fascinante na história é podermos perceber como nós mesmos somos diferentes em cada ambiente social e temos múltiplas personalidades para lidar com diferentes tipos de pessoas, é desta forma que Maria Adelaide Amaral nos mostra Luísa.
A história se passa durante a ditadura militar brasileira e Luísa trabalha em uma revista. Ter a repressão como pano de fundo das relações humanas dá um tom ainda mais melancólico à leitura. O relato de Mário é incrível, sensível, triste... e talvez seja o meu preferido porque, como diz o próprio Mário, sempre nos identificamos com a vítima.
As duas últimas partes do livros são as melhores e fazem por merecer o prêmio Jabuti que a autora ganhou pela obra em 1986: são as cartas trocadas com colegas de trabalho e a agenda da personagem ausente - a agenda, na verdade, é a única vez em que temos contato direto com Luísa e seus pensamentos, porque nas cartas temos somente Luísa como destinatária.
A outra resenha publicada aqui no Skoob diz que o livro em nada foi surpreendente. Concordo. E o livro fala de pessoas e pessoas raramente são surpreendentes. Talvez seja por isso que nos identificamos com alguns lados de Luísa ou com alguns relatos sobre ela, porque somos feitos de incompreensões, buracos, faltas, sentimentos e bem , existimos há alguns milhões de anos, é difícil ser surpreendente.