Enquanto agonizo

Enquanto agonizo William Faulkner




Resenhas - Enquanto Agonizo


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Aguinaldo 21/07/2011

enquanto agonizo
Em "Enquanto agonizo" William Faulkner nos mostra como uma situação banal pode gerar um romance poderoso. A ação se dá na mítica cidade inventada por Faulkner, Yoknapatawpha, no mundo rural e antiquado do sul dos Estados Unidos do início do século XX. São 59 capítulos (um deles com apenas quatro palavras) onde quinze personagens pensam e falam continuamente, detalhando cada um deles aspectos de suas vidas e da vida de Addie Bundren, uma mulher que acaba de morrer e manifestou o desejo de ser enterrada em sua cidade natal, distante 60 quilometros do local de sua morte. Na viagem para transportar o ataúde da mulher morta até esta cidade, para ser finalmente enterrado, o viúvo e seus cinco filhos se envolvem em peripécias incríveis, irritantes, angustiantes. É um livro que cobra um esforço do leitor, pois trata-se de um seminal volume onde a técnica narrativa de fluxo da consciência é utilizada exemplarmente. Olhamos para cada um dos personagens (além dos membros da família Brunden somos apresentados a seis ou sete outros personagens que explicitam a história, as dúvidas, os atos e o bizarro comportamentos daquele desgraçado núcleo familiar) ora com compaixão, ora com ganas de eliminá-los do convívio humano . É um livro cruel, que não glamuriza para o leitor a vida dura do campo, a ignorância dos homens, a pobreza de espírito e a estupidez da falta de senso. Lembro de ter lido este livro em uma outra tradução, no início dos anos 1980, mas esta releitura me encontrou mais acostumado com a vida e os homens sombrios, portanto aproveitei mais o romance. Que bela história. Difícil ficar indiferente à ela. [início 17/06/2009 - fim 19/06/2009]
"Enquanto agonizo", William Faulkner, tradução de Wladir Dupont, editora LP&M pocket (1a. edição) 2009, vol. 747, brochura 11x18, 224 págs., ISBN: 978-85-254-1852-4
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Leonardo 04/07/2011

Genialidade absoluta
Disponível em: http://catalisecritica.wordpress.com

Terminei hoje Enquanto Agonizo, livro escrito em 1930, em um período de 8 semanas. É um romance com poucas páginas, mas de uma genialidade absoluta. O livro narra um episódio inusitado da família Bundren: A mãe, Addie Bundren, morre e o pai, Atie Bundren, junto com os filhos – Cash, Darl, Jewel, Dewey Dell e Vardaman, vão enterrá-la em na sua cidade natal. Justamente quando ela morre uma feroz tempestade derruba duas pontes e atrapalha muito os planos da família.

A história é contada a partir de pequenos – às vezes minúsculos mesmo – recortes, como se fossem depoimentos de diversos personagens, incluindo todos os componentes da família, vizinhos e pessoas que cruzam a sua trágica peregrinação.

O autor aproveita esse estranho episódio para traçar um perfil de uma família que nunca se amou e que tem diversos pontos a serem ajustados.

Não dá para escrever muito. Enquanto Agonizo precisa ser lido pelo menos duas vezes. Cumpri a primeira parte.

Quando cumprir a segunda, retornarei ao blog.

Para não fugir à regra, Faulkner abusa (no bom sentido, no melhor sentido) do seu refinadíssimo estilo, presenteando-nos com pérolas, algumas das quais transcrevo a seguir:

1 – Um dos textos mais complexos e malucos, faz parte do capítulo de Darl, o mais confuso dos filhos:

“Num quarto estranho você tem que ficar vazio para dormir. E antes de estar vazio para dormir, o que você É. E quando você está vazio para dormir, você não é. E quando você se enche de sono, nunca foi. Não sei o que sou. Não sei se sou ou não. Jewel sabe o que ele É, porque ele não sabe que ele não sabe se é ou não. Ele não pode ficar vazio para dormir porque ele não é o que é e ele é o que não é. [...] E posto que o sono é não-ser e a chuva e o vento são era, a carroça não é. Mesmo assim, a carroça é, porque quando a carroça é era, Addie Bundren não será. E Jewel é, então Addie Bundren deve ser. E então eu devo ser, ou eu não poderia ficar vazio para dormir num quarto estranho. E se eu ainda não estou vazio, eu sou.”

2 – Uma das descrições mais fantásticas:

“Parece uma figura mal talhada em madeira bruta por um caricaturista bêbado.”

3 – Sem comentários:

“Foi quando aprendi que palavras não servem para nada; que as palavras nunca se encaixam nem ao que querem dizer.”
newton16 14/05/2014minha estante
Parabéns pela resenha. Já anotei o título. Preciso lê-lo.




Crisim 26/06/2011

Mergulho de apnéia literária
Este livro é desnorteante em dois sentidos. O primeiro tem a ver com a estrutura dele, cada capítulo é o foco de um personagem, mostrando o que ele pensa e sente. Ficamos atordoados por ter que caçar aos poucos quem é quem e em que pé está a história. A medida que o sentido vai sendo "montado" interiormente na cabeça do leitor, você se dá conta de quão inusitadada é a história e o drama que une todos os personagens, o segundo sentido desnorteante. Para quem começa a lê-lo um conselho: tenha paciência e vá. Quando terminar vai perceber que valeu a pena o mergulho em tamanha intensidade literária.
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DeborahDan 08/03/2011

Faça você mesmo
Os Bundren são uma família norma, têm problemas normais. O que então fez deste livro um ganhador do Nobel de Literatura em 1949? Os personagens e o escritor.
Faulkner usa como ninguém o fluxo de consciência para mostra na prática o que a teoria já diz: "de perto ninguém é normal".
Os Bundren podem até ser normais mais no íntimo de cada um eles escondem segredos, desejos, loucuras...
Fazendo com que as personagens narrem a história do enterro da matriarca, Faulkner nos manda construir os fatos por nós mesmo e acreditar naquilo que quisermos.
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Psicodideo 17/02/2011

Enquanto Agonizo
Criativa história contada pela perspectiva de vários personagens. Vale a pena.
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Ricardo Rocha 03/12/2010

Noites de amor com Faulkner - 2. "Enquanto agonizo" - 1a parte
Como costuma fazer, Faulkner começa Enquanto agonizo pelo titulo. Parece óbvio. Não é. No caso, o título está na Odisseia, capítulo 9: “Enquanto agonizo, a mulher com
olhos de cão não fecha meus olhos enquanto desço rumo à região dos mortos”. Um pouco depois, aliás, a personagem Elpenor conta como, embriagado, caiu do terraço. O resto é spoiler. Esse desejo que move a família em torno de um “projeto”, se podemos chamar assim, é também o desejo da falecida, sim, mais spoiler, ou talvez não mais que o próprio título. Ou não. Porque o título não parece fazer sentido senão quando considerado de região dos mortos, isto é, se não se considerar que nada indica que a pessoa agonizante do título seja mesmo aquela mulher. Por que o título não seria aplicável ao marido? a qualquer dos filhos e talvez todos. Ao autor, por que não (porque Faulkner tem seu modo todo intrincado de ser autobiográfico)? E numa última palavra, o próprio ser humano, a saber, nós todos. Porque, como se diz, para morrer basta estar vivo...



Arsenio Meira 31/07/2014minha estante
Faulkner é como Johann Sebastian Bach. O trecho que você destacou um apêndice de sua Tocata e Fuga em Ré Menor. Não desconheço que outros bambas manejaram e manjaram os ditos interiores, rajadas de vento em meio ao sangue, vísceras e etc(fluxos da consciência). Essa primazia não possui foro de exclusividade, seja em relação a Joyce, Woolf ou Faulkner. Porém... Não sei se os demais são páreos para esse "modesto" trio. preciso ler Schnitzler, Mansfield e Duras para fincar uma posição. Bela resenha.




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