Resenhas - Tempestardes

Adriana Scarpin 11/05/2016

Sobre a espera [Llansol revisitada]
"não há maior enigma que a sedução de esperar alguém.
decompor o corpo, os objetos no meu horizonte, sejam eles
a boca ou os olhos, os lábios. treinar-se a respirar em
florescimento, gargalhar pelo gozo. o vórtice da carne.
recobrar do oceano reinante as varandas, os recantos.
celebrar os parapeitos com um suspiro lunar. conceder
às jabuticabeiras o dom de renascer. tomar, assim, um
objeto antigo e amado e coroá-lo de tons. desafazer
os meus livros em cada página estratégicamente relida.
entregar-te a vida em espaços vacilantes. aceitar a leveza
firme da certeza. extrair do meu sexo a palavra
que te lê. soprá-la para dentro de ti. e voltar aos olhos.
até que a dor reladrilhe as minhas tardes."

Alexey 18/03/2014

Invulgar domínio da linguagem poética
O autor impressiona ao demonstrar raro domínio da linguagem poética. Apropria-se da língua portuguesa e com ela brinca, dando novos significados e correndo léguas da banalidade cafona da "poesia piegas". Cada poema, uma porta para um mundo, um mundo que o autor pelo visto viajou e entendeu.

Cel 15/12/2013

Entre a ancestralidade e imagens tão naturais e cortantes quanto delicadamente originais, Leo Chioda espia e nos leva entre fluidos que inspiram mergulhos na tempestade além; diverte-se imerso sob vestígios e sensações capazes de "solidificar as ruas de Veneza". Sua voz articulada insinua um universo de profundidades que apontam para o alto, tal qual uma experiência viva entre as faces do vidro, intensa e silenciosa, pronta para, em momento desavisado de calmaria ou turbulência, ser descoberta já entre os dedos, provocando voos de quem lê. Reconheço Tempestardes como um flagra-sortilégio pessoal, o de uma espécie rara de presságio: o da entrega, sem palavras, em mãos.

Uma boa introdução sobre o livro é a de Roseane Carneiro, que prefacia o livro, disponível no link anexo.

site: http://www.mallarmargens.com/2013/08/rosane-carneiro-prefacia-leonardo-chioda.html