Pequim em coma

Pequim em coma Ma Jian




Resenhas - Pequim em coma


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Luis Netto 03/03/2011

PEQUIM EM COMA
“Pequim em Coma” escrito pelo chinês nascido em Qingdao, Ma Jian, conta a história de Daí Wei, um jovem estudante, que viveu em um dos momentos mais turbulentos da história da China.
O livro relata o ocorrido a partir do protesto que milhares de jovens que acamparam na Praça da Paz Celestial em Pequim para reenvindicar a democratização do Partido Comunista e o combate à corrupção. A idéia dos jovens foi aceita por boa parte da população e não demorou para que quase toda a China se reunisse no protesto.
O grupo de jovens que iniciou o protesto agora se encontrava confuso com tanta repercussão. O governo chinês tentou acabar com as manifestações, que já duravam seis semanas, sem sucesso, até que numa noite quente de verão, os tanques do Exercito Chinês cercaram os manisfestantes na Praça da Paz Celestial e com as luzes apagadas, iniciou-se um dos maiores massacres do mundo moderno.
Cerca de 40 mil soldados da Mongólia, com seus experientes oficiais que haviam lutado no Vietnã foram chamados do norte do país, depois que o batalhão de soldados estacionado na capital haviam se negado a cumprir as ordens para acabar com a manifestação pacífica por liberdade e democracia.
Os tanques invadiram a Praça Celestial, atropelando os manifestantes e atirarando em tudo o que se movia, promovendo um verdadeiro banho de sangue.

Um dos integrantes do protesto era Daí Wei, que durante um debate com seus amigos foi atingido por uma bala na cabeça. Daí Wei não morreu, mas mergulhou em um coma profundo, que só acabaria em 4 anos. Foram anos lutando contra a morte. Sua família, desesperada, rezava todos os dias para que Dai Wei voltasse a vida.
Foram 4 anos marcados pela revolta que aconteceu no dia 4 de junho de 1989, que ficou conhecido como o Massacre da Praça da Paz Celestial.
Daí Wei, em estado de coma, era um prisioneiro de seu corpo, mas ouvia e sentia todo o esforço de sua mãe para mantê-lo vivo e também sabia do esforço do Governo Chinês para apagar da memória do povo chinês a tragédia ocorrida.
Mas mesmo apesar de todo o esforço da familia, a situação de Daí Wei não era fácil. Ele se mostrava um rapaz guerreiro, mas cada vez mais debilitado, não esquecia as fortes cenas daquele terrível massacre.
Lembrava das diversas pessoas que ele viu cair diante de si, das crianças chorando a perda dos pais, mas o que mais o atormentava era saber que todo aquele transtorno havia sido uma iniciativa de um grupo de jovens no qual ele fazia parte.
Seu estado de saude ficava cada dia mais serio, suas forças acabando, a morte cada dia mais próxima. Não havia mais o que fazer, era só rezar. Daí Wei estava entre a vida e a morte.
‘Será que Daí Wei sobreviveu depois de tantos anos em coma, preso em seu próprio corpo, ou será que Daí Wei não agüentou e chegou a falecer depois de uma vida marcante e sofrida?’.
Leiam e vejam a riqueza da obra de Ma Jian, que insere suspense num romance baseado em fatos reais. A leitura é emocionante da primeira a ultima pagina

Recomendo a todos.
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Michelle 27/04/2020

História muito cansativa
"Pequim em Coma" conta uma história bonita, porém exaustiva. Gostei da forma como foi escrita, mas poderia ser mais objetiva. Achei que muitos detalhes dos acontecimentos foram deixando ele enjoativo.
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Ana Quintela 06/08/2009

Pequim em Coma (Ma Jian) é ficção, mas baseada em fatos reais e com alguns relatos históricos. O autor participou realmente do protesto na Praça da Paz Celestial, em 1989. No livro, ele narra a história de um rapaz, universitário, que se envolve no movimento, leva um tiro na cabeça e fica em coma. Depois de algum tempo ele começa a ouvir e a sentir tudo a sua volta e percebe o desespero da sua mãe para mantê-lo vivo e longe a polícia. Ma Jian permeia a narrativa com passado (quando seu pai foi condenado por ser "direitista", o presente e o futuro. Por meio da vida do rapaz ele busca mostrar como as autoridades chinesas fizeram, e fazem, para esconder o que aconteceu durante o massacre na praça e também o seu temor do capitalismo desenfreado que ocorre na China dos dias de hoje, por meio da ambição de seus antigos colegas.
É muito bom. Já li alguns livros sobre a China, como Cisnes Selvagens (fantástico), mas este me deixou sem fôlego em relação às atrocidades que ocorreram por lá. Ma Jian, o autor, foi expulso da China e mora na Inglaterra. Ele não pode voltar para lá. Ainda mais depois desse livro. Ele esteve na Flip deste ano.
Luan Simões 04/08/2014minha estante
Comprei esse livro às cegas na Americanas. Quase não há informação na capa mas o nome, design e a proposta de uma leitura diferente (coisa que procurava) me chamaram a atenção. Sua resenha me fez querer lê-lo.




Sabrina 21/08/2019

Um livro corajoso e imperdível
"Por que você não pergunta aos estudantes na Praça da Paz Celestial? Se a moda era o motivo? Por que eles estavam lá?" Assim canta a banda System Of a Down. E é justamente sobre o Massacre da Praça da Paz Celestial, em Pequim, coração da China, que se resume o livro Pequim em Coma, de escritor chinês Ma Jian - que também participou dos protestos. Ele conta a história do levante dos estudantes por meio de um protagonista em coma - não é spoiler, já que desde a primeira página já sabemos de sua condição. E ele ficou assim por ter sido ferido pelo exército que reprimiu violentamente os protestos de 1989 - mais de 400 pessoas foram mortas no ato (os números variam de acordo com as fontes). E o que os estudantes queriam, afinal? Direitos fundamentais, como liberdade de imprensa, democracia, combate à corrupção do partido único que governa o país desde a desastrosa Revolução Cultural e as atrocidades do ditador Mao Tsé-Tung. Queriam, bem no âmago de seu movimento, apenas diálogo com um governo que se recusava terminantemente a ouvir qualquer dissidência. Não que o movimento coordenado por universitários e intelectuais chineses fosse uno: o livro retrata em suas 700 páginas muitos conflitos de poder, ideias e interesses entre eles também. De qualquer forma, o que mais ficou em mim foi a enorme coragem por terem ficado na Praça por tanto tempo, por não sucumbirem a nenhuma ameaça ou pressão, por terem permanecido mesmo quando o exército chegou - e que produziu aquela famosa foto de um homem sozinho tentando parar os tanques. Isso sabendo de tudo o que o governo já tinha feito desde a Revolução Cultural: as consequências poderiam ser morte, torturas ou prisões. Em nome do povo e do comunismo, se vê no livro, o partido comunista chinês matou milhões de pessoas, vendeu órgãos de prisioneiros políticos executados a quem podia pagar, obrigou prisioneiros nos campos de reeducação ao canibalismo. Horrores condizentes com o nazismo não? Mas tendemos a esquecer que a Segunda Guerra Mundial não foi a única tragédia do século 20. O livro de Ma Jian é um corajoso relato de como a população chinesa se viu completamente acuada e aterrorizada pelos seus governantes. Desta forma, também nos lembra dos perigos extremos de uma ditadura: neste regime, os que estão no poder podem fazer o que bem entenderem, mesmo escravizar milhões de seus cidadãos, e a sociedade fica sem nenhum mecanismo para se defender contra isso. Diálogo atual quando alguns pedem pela volta da ditadura no Brasil, não?
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Fabinho 26/01/2015

Uma mistura de sensações
“Pequim em Coma” é um livro no qual você sabe de antemão como começa e termina. Mas isso não torna a jornada até o fim do livro menos interessante. Ver como e porque o protagonista Dai Wei chega ao seu destino é uma experiência marcante e que me deixou perplexo em alguns momentos, principalmente porque a história principal retratada no livro aconteceu de fato: o massacre na praça da Paz Celestial em junho de 1989. Os personagens são fictícios, mas os acontecimentos narrados são reais. Até os nomes dos personagens são baseados nos verdadeiros nomes dos líderes do movimento estudantil.
A história do livro gira em torno de Dai Wei. Durante todo o livro ele jaz em coma numa cama de ferro após levar um tiro na cabeça durante o massacre. Nós conhecemos sua história através de suas lembranças. Filho de um pai direitista que foi enviado a um campo de trabalhos forçados e de uma mãe fiel ao Partido Comunista, ele cresceu ouvindo da mãe que deveria ficar longe da política, ainda mais em um país repressivo como a China. Mas após ler o diário de seu pai, anos após sua morte, e ver as atrocidades cometidas pelo Partido, Dai Wei não se contém e decide se engajar na luta por mais democracia junto com amigos da faculdade.
O movimento iniciado vai ganhando força até culminarem em grandes passeatas que tomaram conta de Pequim em 1989. Milhares de estudantes acampam na Praça da Paz Celestial para lutar por democracia, liberdade e pelo fim da corrupção no governo. Só que em meio a isso, surgem disputas de poder entre os próprios estudantes, que brigam por cargos melhores e por vezes querem impor atitudes nem um pouco democráticas, justamente aquilo contra o qual estavam lutando.
Era triste ver que mesmo com todo o esforço dos estudantes e da população, o governo se mostrava insensível e não movia um dedo sequer. Só o que importava era o interesse do Partido. Acho que já vi isso em algum outro país... Ao mesmo tempo, era bonito de se ver jovens lutando por seus ideais, mesmo com todo o risco que corriam. A coragem demonstrada por eles em alguns momentos é inspiradora.
Outro ponto sensível do livro é o sofrimento da mãe de Dai Wei, que foi forçada a cuidar do filho inválido. Dai Wei sofre naquela cama, mas sua mãe sofre muito mais. Senti que ela representava o povo chinês que clamava pela liberdade de “bater asas e voar”, mas que vivia prisioneiro e sem esperanças de um futuro melhor.
Fiz várias pesquisas enquanto lia, e gostei de conhecer mais sobre a história do massacre e também de outros fatos narrados no livro. Em vários momentos, foi revoltante. Até encontrei fotos de pessoas reais que aparecem no livro no exato momento em que estavam na Praça. Triste é saber que um capítulo tão terrível não só da história chinesa, mas do mundo, seja ignorado hoje em dia pelas autoridades chinesas. Parece que a morte de centenas de jovens foi em vão. Há jovens atualmente que sequer sabem que esse massacre ocorreu, graças ao governo que omite a história. Um ex-político escreveu suas memórias e disse nelas que o massacre foi um “ato necessário”. São por atitudes como essas que ao ler o livro e mesmo sem ser chinês, deu vontade de estar naquela praça agitando alguma bandeira. Viva a liberdade!
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Maristela 17/01/2015

Uma leitura surpreendente e cheia de emoções. Dá gosto viver com o personagem principal, suas aventuras, seus amores e seu sofrimento, num país onde a repressão é enorme e onde o massacre de 4 de junho se tornou histórico. Recomendo para quem gosta desse de literatura.
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