Gabi 22/05/2016Extasiante. Não consegui encontrar palavra melhor para descrever o que é ler um livro como O Menino da Mala. Sinceramente, eu esperava algo completamente diferente e não um romance policial tão bem arquitetado e escrito. Os fatos e os porquês chegam ao leitor de maneira tão bem pensada que entramos em choque. "Ai meu Deus, então era isso! Nossa, era por causa disso!"
É impossível não sofrer junto com os personagens, torcer contra ou a favor. Mais ainda: não dá para não sentir vontade de roer as unhas.
A narrativa é dividida entre quatro personagens, cada um deles detalhadamente envolvido na trama - Nina, uma enfermeira de grande coração; Sigita, uma mãe desesperada em busca do filho perdido; Jucas, um assassino de aluguel; e Jan, um milionário de intenções misteriosas. Os capítulos vão se alternando de modo que, no início, tudo é tão distante que não conseguimos fazer qualquer ligação. Mas então os fatos começam a tomar sentido e é a partir deste momento que sentimos aquela necessidade de devorar o livro de uma vez só.
Nina sempre quis salvar o mundo. Ter uma família com marido e dois filhos, além de um emprego na Cruz Vermelha nunca fora suficiente para ela. Por mais que tentasse avidamente ela era incapaz de permanecer sentada enquanto via outras pessoas sofrerem. Sendo assim, quando sua amiga Karin liga para ela em desespero pedindo ajuda, Nina não pensa duas vezes. Ela só não sabia que dentro da misteriosa mala, para a qual fora designada buscar, havia um menino. Uma criança de 3 anos dopada, mas ainda viva.
"O susto foi tão grande que ela caiu para trás. (...) Dentro da mala havia um menino nu. Cabelos claros e finos, mais ou menos 3 anos de idade. Os joelhos se flexionavam contra o peito, como se alguém tivesse dobrado à maneira de uma camisa. Os olhos estavam fechados e a pele parecia mais pálida sob a luz azulada das lâmpadas fluorescentes do teto. Foi preciso que o menino entreabrisse os lábios para que ela se desse conta de que ele ainda estava vivo."
Ao contrário do que diz o bom senso Nina decide tentar resolver as coisas por conta própria. Sua intuição dizia que neste caso ela não poderia confiar em ninguém além de si mesma. Ela então passa o dia a esmo pela Dinamarca sendo perseguida por um assassino e tentando descobrir onde estava a mãe daquele doce menino e por que ele estaria dentro daquela mala.
O Menino da Mala traz o que há de mais inusitado pela Europa e pelo leste europeu, quebrando muitos paradigmas de quem vê as coisas de fora.
Apenas algumas coisas ficaram a desejar no final no quesito "destino dos personagens". Embora eu saiba que a intenção das autoras era dar um fim apenas para a personagem principal, senti falta de saber sobre os demais. De qualquer maneira minha nota é máxima. Vale a pena roer as unhas.