Vagner46 09/03/2015Desbravando Antes da ForcaDando continuação à trilogia escrita por Joe Abercrombie, dessa vez fui presenteado com um livro bem mais dinâmico, repleto (!) de referências ao passado e com um excelente desenvolvimento de grande parte dos personagens principais. Antes da Forca é muito melhor que O Poder da Espada, só para antecipar a vocês.
West encontra-se no Norte, protegendo o príncipe Ladisla de uma iminente batalha com os nórdicos de Bethod. Glokta foi para Dagoska investigar o desaparecimento do antigo superior e tentará segurar o avanço inevitável dos gurkhenses, loucos para retomar a sua cidade. Já Bayaz está viajando para a Borda do Mundo com o seu grupo (Logen, Ferro, Pé Comprido, Quai e Jezal). Isso é o que dá para resumir do final do livro anterior, como apresentado na sinopse.
Como de praxe, o humor de Glokta está presente novamente. Os capítulos dele são terrivelmente hilários, sempre com aquela reclamação constante da dor nas pernas enquanto tortura implacavelmente os inimigos da Inquisição. Só que dessa vez Glokta está em perigo constante, já que Dagoska não é uma cidade conhecida por manter seus superiores com cabeça.
"Já deveria saber. Só os amigos ficam para trás. Os inimigos estão sempre nos calcanhares da gente."
O mais interessante desse livro é que as menções ao passado são bem constantes, não só por parte de Bayaz, mas também por vários dos outros personagens da trama. Conhecemos mais sobre as Primeira e Segunda Leis (Jamais tocar o outro lado e jamais comer a carne de um humano, respectivamente), as guerras de antigamente são explicadas, principalmente aquelas entre os magos Juvens, Kanedias, Gustrod, Khalul e cia. É legal saber dessas coisas, faz diferença num livro, já que todo o aspecto histórico sempre é importante para dar uma boa sustentação à narrativa, até mesmo a certas atitudes de alguns personagens.
Mas nada supera Logen Nove Dedos. Ou poderíamos simplesmente fazer referência ao Nove Sangrento? Para mim é o melhor personagem dessa trilogia até agora, um homem simples e nascido para lutar, ainda mais por contar com as suas "habilidades especiais", digamos assim. Saber como tudo começou para O Nove Sangrento é intrigante, as bobagens que ele fez e também o seu modo de tentar reparar as coisas. Somente uma coisa ficou em aberto e eu quero muito descobrir no próximo livro: o porquê de sua rixa com Bethod.
"– Para mim, não ter medo é ostentação de idiotas. Os únicos homens sem medo são os mortos, ou talvez os que vão morrer logo. O medo ensina a ter cautela e respeitar o inimigo e a evitar se exceder por raiva. Todas essas coisas têm seu uso, acredite. O medo pode mantê-lo vivo, e isso é o melhor que qualquer um pode esperar numa luta. Todo homem que vale alguma coisa tem medo. O que importa é o uso que você faz dele."
Vale ressaltar também que o grupo de Bayaz começa a criar uma conexão mais forte, já que viajar para o outro lado do mundo e simplesmente não dar bola para os outros seria algo meio difícil. Até Ferro, com todo o seu palavrado e aversão aos outros, parece estar mudando (um pouco) o seu temperamento e passa a interagir com os demais. Às vezes de um modo diferente. rsrs
E ainda por cima até o Jezal passa a ser menos mala (por incrível que pareça), mas isso só depois de um acontecimento bem impactante para a sua vida... Leia e descubra. ;)
Mas a melhor coisa nas obras de Joe Abercrombie é a semelhança que podemos traçar com a realidade. Parece que está tudo ali, acontecendo na sua frente. Se alguém tiver que ter um membro amputado, assim o terá. Se você precisar de uma descrição de alguém agonizando, pedindo para morrer o quanto antes, assim você terá. É tudo próximo da realidade, e não sei vocês, mas para mim é isso que eu procuro em uma obra. Quero me sentir no meio da narrativa, sofrendo com os personagens, vibrando com suas vitórias, lutando ao lado dos guerreiros!!
"Nossa perdição se aproxima e todo mundo percebe isso. Coisa estranha, a morte. De longe você pode rir dela, mas, à medida que chega perto, ela parece cada vez pior. Quando está suficientemente perto para ser tocada, ninguém ri."
Por fim, tudo parece estar convergindo para um final bem épico, digno daquelas grandes trilogias. Antes da Forca, assim como seu antecessor, O Poder da Espada, é uma "preparação" para o volume seguinte, deixando o terreno pronto para que algo maior aconteça. Estou com ótimas expectativas para O Duelo dos Reis e espero que elas se confirmem muito em breve.
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