spoiler visualizarjuliasstupid 26/03/2024
"A cidade era de papel, mas as memórias, não."
"Cidades de Papel" possui características típicas dos livros de John Green (os narrados por personagens masculinos, para ser mais exata). Há um garoto que acredita não fazer qualquer diferença na realidade onde vive e se contenta em viver uma vida monótona; e há uma garota considerada esquisita por todos a sua volta. Que é excêntrica e causa uma quebra de rotina gigante na monotonia do garoto.
A menina dessa vez era realmente complicada. Apresentava traços de egoísmo, melancolia, estupidez e bipolaridade. Tudo isso misturado em um grande poço de rejeição. E ela não era rejeitada na escola; lá ela era uma abelha rainha. Margo era rejeitada pelos próprios pais. Por isso ela tinha um desejo insaciável de chamar a atenção para si, ou afastá-la completamente.
Em contraste, Quentin tinha uma vida legal. Dois melhores amigos legais e pais que o entendiam e confiavam nele. Eu gostava especialmente de sua relação com Radar e Ben. Quando o drama infindável de Margo começava a me tirar do sério, os três roubavam a cena com comentários sarcásticos ou interações que me faziam chorar de rir.
Mas o foco principal foi a procura por Margo e a obsessão que Q nutria por ela. E era uma obsessão enorme. Noventa por cento de seus pensamentos eram sobre Margo. Os outros dez por cento eram sobre onde ela poderia estar. Apesar de não ter apreciado tanto os momentos de busca, gostei do contrate que tiveram com os momentos engraçados de outrora. As reflexões sobre a garota, sobre porque ela agia de uma forma ou de outra, as visitas solitárias a edifícios abandonados, pareciam um período de silêncio depois de cenas barulhentas. Mantinham o livro em equilíbrio.
Entretanto, o melhor de tudo foi a viagem do fim do livro. Ri horrores com os quatro personagens, que se tornaram meus favoritos do John. Me fizeram esquecer por um momento o real foco da história e diminuíram minha decepção com o desfecho. Afinal, deixar ela partir? Não, não era a essa a metáfora que eu teria escolhido.