Sal

Sal Letícia Wierzchowski




Resenhas - Sal


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Adonai 01/03/2020

Sal nas feridas
Cecília é a matriarca de uma família formada por seis filhos e um pai descendente de espanhóis. Ela criou como pôde cada um deles com suas particularidades: Lucas era o filho grudento do pai, Julieta sofria de um trauma, Orfeu era gay, Flora adorava escrever, já Eva adorava homens e Tiberius era extremamente sensível.

Entre vivências e errâncias da família, cada membro formou-se, passou por lutas internas e todos se transformaram em seres também viventes e errantes, os quais tomaram seus caminhos, seja repetindo os passos do pai, ou viajando para outro continente com o amante que ninguém aceitava, ou simplesmente abraçando a morte.

Apesar da grande quantidade de personagens, o livro foca em alguns, como Orfeu, meu personagem favorito do livro e um dos mais complexos. Desde o início nos é apresentado uma pessoa diferente dos irmãos, mas ao mesmo tempo, o tom peculiar do garoto é desvendado na segunda parte do livro, onde é construída uma relação homoafetiva que eu não esperava.

Um livro com personagens palpáveis, possíveis e que dariam um bom enredo de série curta. Uma família cozida em sal de água do mar, com familiares salgados pela vida.
Narah 16/11/2021minha estante
Amei sua resenha. Eu ainda estou lendo e gostando muito da escrita da Letícia, a construção dos personagens e como são tão diferentes um dos outros. Pensei também que daria uma ótima adaptação mesmo que curta. Tantos escritores nacionais que merecem mais prestígio e ela é um exemplo disso.




Leonardo 13/08/2013

Sem Sal...
Esta será uma resenha – ou comentário, ou crítica – com um gosto bem pessoal e amargo, mas falarei disso daqui a pouco. Por ora, devo dizer que nunca havia ouvido falar de Leticia Wierzchowski, mas, claro, já havia ouvido sobre A casa das sete mulheres, apesar de não ter visto a série nem ter lido o livro.
Sal, seu mais novo romance, conta a história de uma família que vive há mais de sessenta anos numa pequena ilha, onde tomam conta de um farol. Ivan é o terceiro representante da família Godoy que assume o comando do farol. Ele casou com Cecília e juntos tiveram seis filhos: Lucas, Julieta, Orfeu, Eva, Flora e Tiberius. O livro acompanha a história desses e de outros personagens, recorrendo a diversas vozes e diversas perspectivas que se entrelaçam, sempre girando em torno do mar (e do vento, e da areia, e do farol) e da literatura.
Antecipo meu descontentamento: ler Sal foi uma das minhas experiências mais frustrantes como leitor. Procuro ser bastante criterioso com os livros que leio, e o motivo que me levou a escolher esse foi a propaganda da Intrínseca: o primeiro livro de ficção nacional publicado pela editora. Ora, se é o primeiro de muitos, o que todos esperamos, a editora deve ter sido bastante criteriosa, e o livro deve mesmo valer a pena.
O que encontrei? A preocupação mais evidente da autora é com os personagens. Eles são a alma do livro. Mais do que uma história de fatos, é uma história de personagens. Só que eles não convencem! A autora apoia-se em clichês para descrever cada um, a começar pelos irmãos: Flora é a leitora voraz, que passa dias e noites mergulhadas nos livros; Orfeu é aquele com alma de artista, e que tem um fogo que o consome por dentro; Eva é a devoradora de homens, a Lilith; Tiberius é o menino que ama as estrelas e tem estranhas premonições; Lucas é o mais velho, aquele que em (quase) tudo lembra o pai, Ivan; Julieta, por conta de uma doença, não fala e tem suas noites assombradas pelo fantasma da avó paterna. É como se essas informações fossem suficientes para determinar o futuro, as ações, os pensamentos de cada um!
Cada um dos filhos – e mesmo o pai e a mãe – têm direito a voz, narram alguns capítulos intercalados do livro, cada um representado por uma cor. Vemos a autora descrever fisicamente cada um, dizer do que eles gostam, dizer o que eles fazem, dizer o que eles pensam, mas eles mesmos não fazem nada. Não sei fui claro. Os personagens não ganham vida, é isso. O tempo todo você parece estar lendo o livro diretamente da tela do notebook, sobre o ombro da autora, enquanto ela digita. Em nenhum momento eu me desliguei, eu mergulhei na ficção. Sal não me convenceu, não me conquistou.
Por que isso não aconteceu? Má vontade minha? Não, sinceramente.
Começou com os personagens, como já falei. Mas não é só isso. O livro é narrado a partir de diversos pontos de vista, algo como Crônica da Casa Assassinada, de Lúcio Cardoso, ou Enquanto Agonizo, de Faulkner. As semelhanças com esses dois livros não param na forma. A queda de uma família, as revelações sobre as pequenas e grandes intrigas, os segredos revelados. Em Crônica da Casa Assassinada, a narrativa compreende anos e anos. Em Enquanto Agonizo, a narrativa compreende a viagem para enterrar a mãe morta. Em ambos, entretanto, os personagens são reais e os fatos são convincentes. Há vida, dor, emoção. Em Sal, muito se promete e pouco se cumpre. Ou, quando se cumpre, a autora entrega no momento errado, revelando uma falta de timing comprometedora.
Explico: o livro é dividido em três partes. A primeira ocupa mais de metade do livro, e é nela que os retalhos de história são mais evidentes. Flora, a leitora compulsiva, escreveu um livro sobre sua família e, por algum motivo fantástico e inexplicável, o que ela escreveu se tornou real (ela antecipa isso no primeiro capítulo, não estou entregando nenhum spoiler aqui). Essa é uma grande promessa desde o início da narrativa. A autora provoca a curiosidade do leitor o tempo todo, colocando na boca dos diversos personagens referências ao momento em que o que Flora escreveu se torna real, para tragédia da família Godoy. Esperamos, e esperamos, e esperamos. Enquanto esperamos, vamos lendo os retalhos, capítulos curtos, nos quais Ivan, o pai, se apresenta, e diz como ele é e um pouco do que pensa. Depois é a vez de Cecília, depois Tiberius, depois Eva, volta a Flora, depois Orfeu, e assim, cada personagem pensa, reflete, descreve-se. A ação acontece devagar, quase parando, e por conta da escolha multivoz da autora, há muita, muita repetição. A impressão que tive até perto do final da primeira parte (ou seja, até metade do livro) é que eu estava assistindo ao primeiro capítulo de uma novela, um capítulo especial, mais longo, em que todos os personagens são apresentados, em que há uma tentativa de apresentar alguns fatos básicos que comporão o background de cada um, fatos que explicarão como eles agirão e reagirão no futuro, ao longo dos outros duzentos capítulos da novela. Aí você chega ao final da primeira parte e a novela acaba! O clímax aconteceu em algum ponto no final da primeira parte. Digo algum ponto, porque ele foi dissolvido no multidiscurso, nas multivozes. Aí começa a segunda parte e parece que a autora esqueceu que havia prometido muito em relação ao milagre do livro que se torna vida. É como se a segunda parte tivesse sido escrita depois, a continuação desnecessária da novela. Se na primeira parte, faltavam fatos, na segunda e terceira partes, eles abundam. Atropelam-se. Parece que havia um limite de páginas, ou que a autora já não tinha paciência e queria terminar o livro o quanto antes. Há momentos em que se narravam as viagens de dois personagens. Um dia aqui, outro acolá, como notícias de um jornal. Volto mais uma vez: a autora atribuía ações àqueles personagens literários. Não era algo que eles tivessem feito, mas algo que ela disse que eles fizeram.
Ainda sobre a narração multivoz: a autora tenta dar uma voz distinta a cada personagem, o que leva a situações constrangedoras, de tão artificiais. O momento mais embaraçoso é certamente quando ela resolve entregar um capítulo a Julieta, a moça com uma espécie de paralisia cerebral. Impossível não lembrar de Faulkner e não corar.
Eu não queria usar o trocadilho infame, mas concordem comigo: é inevitável.
Sal deve ser o livro mais sem sal que eu já li na vida.
Com isso eu preferiria encerrar esta resenha, mas afirmei algo no início e preciso abordar este assunto. Disse que este seria um texto com um gosto amargo e pessoal.
Aspiro a ser escritor. E quando digo ser escritor, não digo ter um livro publicado, mas escrever bem, bem mesmo.
Há um ano, mais ou menos, terminei o que poderia chamar de minha primeira novela, ou meu primeiro livro, ou meu primeiro romance. Entreguei a algumas pessoas em cuja independência e bom gosto literário eu confiava (a primeira pessoa que leu foi minha mãe, que não se enquadra em nenhuma dessas características e, portanto, gostou do que escrevi). As críticas que recebi foram duríssimas, e, por isso mesmo, muito bem vindas. Um amigo em especial, me disse, entre outras coisas, que meu livro padecera de esquizofrenia idiomática, que minha personagem principal era insossa, e que ninguém se importaria com ela, que a escolha narrativa, também multivoz, havia sido completamente equivocada, que eu me perdera numa estilização excessiva e numa tremenda autoindulgência e que, enfim, meu livro não tinha vida.
A palavra que mais ficou foi autoindulgência. Só depois de receber as críticas percebi como meu livro era ruim. Logo eu, que me julgo portador de um senso estético até razoável e que tenho cansado de apontar o que gostei e o que não gostei nos mais diversos livros. Às vezes a autoindulgência nos cega mesmo.
Enquanto lia Sal, meu “livro” não me saía da memória. Eu ia lendo e achando o livro ruim, ao mesmo tempo em que notava como havia semelhanças com a minha fracassada empreitada literária.
- Narração multivoz equivocada;
- Personagens sem vida, em especial a personagem principal;
- Excesso de preocupação com o estilo, em detrimento do ritmo da história;
- Prosa pobre – frases previsíveis, como substantivos quase sempre acompanhados por dois adjetivos, ou metáforas e comparações óbvias;
- O grande mistério da história não prende o leitor, ou pior, frustra-o.
Esses defeitos, que tão facilmente aponto em Sal, eu não havia percebido na minha própria narrativa, até que meu amigo Wesley – vamos dar nome aos bois –, os apontou com generosidade e sinceridade.
Da leitura de Sal ficou a repetição de uma triste e valiosa lição que eu pensava já ter aprendido: não escrevo bem.
Isso não significa que eu esteja me comparando com a autora, que eu esteja dizendo que ela escreve tão mal quanto eu.
Sal é um livro ruim, apenas isso, e este é um dado objetivo, considerando tudo que já apontei até agora.
Se você quiser se aventurar, vá em frente, apenas peço que me conte depois o que achou, e se concorda comigo ou não.


site: http://catalisecritica.wordpress.com/
Luciana 07/11/2013minha estante
Gosto é algo muito particular. Algumas vezes o que eu acho ruim, você pode achar maravilhoso e vice e versa...comecei a ler este livro ontem, não sei dizer ainda se é bom ou ruim pra mim!


Leonardo 07/11/2013minha estante
Isso mesmo, luetuca. Nem pretendo que a minha resenha seja a avaliação definitiva do livro. Como fiz questão de ressaltar, houve muitos motivos bastante pessoais que influenciaram a minha apreciação de Sal. Obrigado pelo comentário!


Luciana 22/11/2013minha estante
Oi Leonardo. Estou quase acabando de ler Sal. Não está entre os melhores e nem entre os piores, digamos que é meio temperadinho, nem muito puxado pro salgado, nem tanto pro sem sal...não discriminando, confesso que não esperava um romance gay. Acho que a narrativa a princípio era rica em detalhes, mas não me prendi na leitura, sinto que é meio superficial!


Léia Viana 26/12/2013minha estante
Eu comecei a leitura e estou achando bem sem sal mesmo, até agora n~~ao me convenceu.


5rafha5 11/01/2015minha estante
Bem próximo do que penso. Bem se ve pela sua resenha, que um bom leitor voce é. Diferente da rasgação de seda que o povo faz nas resenhas aqui postadas. Não se trata de opinião pessoal, exclusivamente, pois o livro peca do início ao fim.


ritita 02/11/2016minha estante
Então sou uma leitora normal. Muito bem feita sua crítica. Estou aguardando até agora a "amarração" da história.


Del 18/12/2016minha estante
Penso da mesma forma, me peguei várias me perguntando se até a autora odiava aquela história, porque essa é a impressão que fica. Na metade do livro quando o Tiberius narrava as viagens do irmãos tão cheias de detalhes pessoais eu tentava me lembrar de que não era em terceira pessoa seletiva, quanta abobrinha! Escolha errada de narração, escolha errada de tudo. No fim foi isso, prometeu demais e não entregou nem 1%, acabou mesmo foi roubando o meu tempo e paciência.


Suh 24/02/2017minha estante
Eu concordo com você! achei esse livro muito ruim, eu ganhei da minha irmã.A sinopse chamou minha atenção mas não superou minha expectativa! Demorei mais do que esperava para terminar de ler, achei a historia muito arrastada e não me prendeu em momento algum.


Aurimar 17/08/2017minha estante
Concordo com você, eu estava pensando que o problema era comigo que não tinha entendido a proposta do livro.
Realmente é bem fraco e me pareceu o rascunho de uma história para criar um livro. Como já disseram, tudo está solto na história talvez eu que não sou escritor pudesse fazer exatamente o que ela fez.


Sol 07/09/2017minha estante
Concordo em tudo!
Acabei a leitura hoje e, pasme, iniciei em abril. Abril! Cinco meses pra conseguir terminar uma leitura tediosa, rasa... ruim. Não me despertou curiosidade em saber o que viria na página seguinte. Trama insossa. Mas como não abandono livro, fiz o sacrifício. Ufa!
Achei que o problema fosse comigo. O livro é ruim mesmo.


Fabíola 11/03/2018minha estante
Não concordo. Terminei nesse instante a leitura e no geral gostei muito da obra.
O final realmente foi um pouco pobre, faltou algo...como se a escritora precisasse terminar...mas ao mesmo tempo fiquei refletindo... Cecília nunca foi uma alma revolucionária, logo o fato de não se suicidar e de acreditar em uma nova chance através de seu neto , mostra o poder da família e do amor.
Adorei a ideia de diversos personagens como narradores. Lembrei do Navio de Teseu que adorei esse tipo de recurso.
A escritora possui uma linguagem poética bela sem ser erudita e acredito que isso alcance um público maior. Li por exemplo As cidades de Ítalo Calvino, e confesso que diversas vezes a erudição sufocava.
Para mim foi uma boa leitura. Fiquei curiosa com os livros que vc citou com certeza irei ler.




Elton Jhon 06/08/2020

Pensei que não iria terminar este livro nunca kkk e não, não é calhamaço, mas não estou habituado com o tipo de escrita da autora (muito floreada, detalhada e poética demais), isso fez com que eu demorasse horrores esta leitura. Não indico o livro para pessoas com déficit de atenção, afinal, em alguns momentos vai ser muito fácil de se distrair e logo você vai se pegar lendo e relendo o mesmo parágrafo várias vezes, pois não entendeu nada das outras vezes.
O livro não é ruim, a escrita da autora também não! O fato de eu não curtir este tipo de escrita não o desqualifica.
A estória se passa em uma isolada ilha de La Duiva, onde vivem Cecília e o seu marido Ivan e também os seus seis filhos (Lucas, Julieta, Orfeu, As gêmeas Eva e Flora e Tiberius).
Nesta ilha acontecerão várias coisas, inclusive algumas tragédias (então não espere um final feliz). Nesta mesma ilha há um farol em que o Ivan cuida, e ao morrer o farol simplesmente enlouquece, piscando a todo instante e ocasionando acidentes com as embarcações.
Achei que o livro possui muitos personagens e isso meio que me atrapalhou um pouco, mas isso não impede de você ler e ter sua própria experiência com o mesmo, podendo então tirar suas próprias conclusões.
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Joice 22/12/2022

Romance mais lindo que já li?
É um romance lindo e apaixonante, mas ao mesmo tempo cruel e repleto de sofrimento. Você sente aquilo que o personagem tá sentindo, e se envolve na história de um jeito incrível. Sal é um livro repleto de metáforas, o Farol é a metáfora mais bonita e complexa de todas, a ilha é uma metáfora, o mar e a praia. Eu já li esse livro pelo menos umas 7 vezes, e cada vez eu vejo um detalhe diferente na história, e, dependendo da fase da vida que estou vivendo, sinto um sentimento diferente cada vez. Sal é um romance lindo, cheio de mágica, mas realista, cheio de amor, mas também de mágoas e sofrimentos.
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MIRANDA 09/04/2021

... AMOR E SUAS FORMAS DE AMAR ...
UMA PALAVRA PARA O LIVRO : ORION
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Emanuelle Najjar 20/07/2013

Bom, eis que finalmente o livro foi lançado! Eu o li em duas madrugadas graças a praticidade do santo e-reader. E agora posso falar do que tanto esperei.

Li atentamente e me deixei levar pelo sabor das palavras. A Letícia é minha escritora preferida (nacional e internacional)mesmo não tendo lido tudo. Adoro o modo como ela escreve e não me decepcionei com a narrativa. Por vezes me confundi, mas foi tanto a pressa em devorar o que eu podia quanto o fato de estar lendo em ebook. Um impresso com um projeto gráfico definido poderia ser melhor.

Por vezes acontece de ser maçante, por vezes você vai se confundir e julgar que há personagens em excesso e certas situações poderiam ser resolvidas de uma outra maneira, ou talvez descritas em uma linguagem mais direta. Algo normal, nada que tire o brilho do livro e sua escrita em si.

Eu me permiti ser levada pelos personagens, acolhendo especialmente Orfeu, Julius e Cecília e quase querendo chutar outros, como Eva e também o próprio Julius (amor e ódio total). Não me decepcionei com o que encontrei, achei a história linda.

Não acho que seja o seu melhor romance, (ainda tenho "A casa das sete mulheres" e "Um farol no pampa" como meus preferidos e dificilmente os tirarei do topo da lista) mas "Sal" certamente vai ter um lugarzinho especial no coração e na estante. Vale muito a pena.

site: http://garotadabiblioteca.blogspot.com.br/
Bianca 02/08/2013minha estante
Então existe outro com um farol??? Eu comprei, amei e me envolvi por causa do farol. Meu personagem preferido. Senti-me como você, ademais. Só fiquei meio confusa com algumas conclusões...

;)




29/07/2013

Instigante
Leticia Wierzchowski é uma das minhas autoras preferidas. Desde que li o livro " Casa das Sete Mulheres" , livro que leio e releio trezentas mil vezes sou apaixonada pela forma que ela desenvolve sua narrativa. Há paixão, há vontade, dolorosamente bem escrita, seus livros ricos em detalhes. Com certeza, ela é pra mim um Érico Veríssimo em versão mulher.
Estava em São Borja retornando a Porto Alegre quando me dei conta de que eu já havia devorado um livro no final de semana e tinha ficado sem nenhum exemplar para a viagem. Há pouco tempo, comprei um tablet e entrei na loja do Google pra ver se tinha algum livro que me conquistasse. Eu era totalmente contra os e-books, apartidária dessa tecnologia que não nos dá a mesma sensação de saborear um livro impresso, com seus cheiro de páginas novas, de resenhar no final da página ou poder sublinhar as passagens mais emocionantes e envolventes de um livro. Certo, eu tive que ceder a todos esses meus pensamentos retrógrados pois me apaixonei totalmente pelos e-books.
Bem, me apaixonei pela sinopse do livro. Me apaixonei já na primeira página e continuei totalmente colapsada até a sua última folha.
Uma leitura sangrenta, dolorosamente difícil intuitiva,introspectiva. Não tive nem pena, nem dó de nenhum personagem apenas fui aceitando seus destinos, suas desventuras, aventuras.
O livro é dividido em três partes. A primeira Flora é a narradora, conta sua visão da família dos acontecimentos, de como tudo aquilo se sucedeu. A segunda parte é contada pelo irmão caçula dos seis filhos de Cecília, Tiberius, sua busca incessante pelo irmão Orfeu, crescimento, amadurecimento, tristezas e desilusões. A última parte chama-se Eles por Eles, onde cada integrante fala de um personagem sob sua perspectiva. E digo, é a melhor e mais instigante.
Eu tenho medo de contar um pouco da história. Medo de antecipar fatos que os leitores devem descobrir por si só. Uma viagem instigante sobre a alma.
Ivan, Cecília, Lucas, Julieta, Eva, Flora, Tiberius, Orfeu. Todos esses personagens à mercê de um visitante: Julius Templeman. Foi a La Duiva conhecer Flora, a escritora que o cativou com seu manuscrito chamado "O Livro". Amaram-se, por pouco tempo.
Julius, um tipico inglês, professor graduado inicia a trajetória de todo o desarranjo familiar.
Cecília, a matriarca, vê todos os fatos de desenrolarem enquanto tece seu tricô com todas as cores de lã. Cada cor, um personagem, uma personalidade, uma tristeza.
Porque depois que Julius chegou a La Duiva não houvera mais alegria, o Farol enlouqueceu e a família se desgarrou.

O destino foi traçado pelas letras rabuscadas de Flora e tudo se transformou em lágrimas e inverno.

Eu só posso garantir que o livro é sensacional!!! Vale a pena ler, conhecer e se perder entre as tristezas que podem ser tão verdadeiras fora das páginas.

Pra quem ficou interessado, a autora disponibilizou um Prólogo que pode ser lido gratuitamente. Deixo o site para que vocês possam ler, aprovarem ou não a leitura.



site: http://www.intrinseca.com.br/site/2013/07/sal-um-prologo/
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Ly 31/05/2020

Intenso e lindo!
"Sal" é um dos livros de drama mais bonitos que já li. Do começo ao fim, o enredo nos faz sentir próximos do cenário e dos personagens. Eu, particulamente, tive meus personagens e "cores" favoritas pelos quais me apaixonei. A autora conseguiu descrever com precisão como cada componente familiar pode ser de uma forma totalmente diferente e sempre ter algo em comum. Achei lindo como a forma da relação familiar foi colocada.

A parte dois do filme é um choque completo. Toda aquela organização racional da parte um desaparece, coisa que de início estranhei porque foi como se autora tivesse me arrancado da zona de conforto que ela mesmo me colocou mas depois achei fantástico. Apesar de sair totalmente da zona de conforto, fui colocada em outros cenários e me permiti me aproximar também. Percebi que sair da zona de conforto é inevitável quando filhos crescem e começam dar novas cores à história de uma família. Faz parte viver o drama que vem depois e todas as confusões.

Fiquei chateada que só aconteceu coisas péssimas com os meus personagens favoritos da história mas a autora pôde me dar um outro personagem favorito na terceira parte. Devorei o livro porque, quando tudo saiu dos eixos, não podia acreditar que tudo ia acabar tão mal mas o final foi um suspiro novo. O final, ao invés de simbolizar final, simbolizou recomeço e achei isso lindo também.
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Julia4270 14/04/2023

Um romance nostálgico e poético
Uma coisa que talvez vocês não saibam sobre mim é que, já faz muito tempo, sei que quero ter filhos. A história de Cecília Godoy não me fez mudar de ideia? mas definitivamente acrescentou uma camada assustadora de profundidade a essa perspectiva. Seis filhos, todos enlaçados numa mesma sequência de acontecimentos e, ainda assim, tendo cada um seu olhar singular a respeito dos eventos. O romance ambientado na ilha de La Duiva nos lembra que, cedo ou tarde, os filhos desenvolvem seu próprio posicionamento sobre a realidade que criamos ao redor deles e ganham o mundo com base nele, à sua maneira. É bastante assustador, quando você se imagina no lugar da matriarca Godoy.

Fiquei muito feliz em ser apresentada a esta autora tão relevante para o cenário nacional (é bem fácil entender o porquê!). A escrita de ?Sal? é muito poética, algo de que gosto muito, e evocou em mim sentimentos que me fizeram refletir a respeito do amor, do rumo que damos à nossa vida e, principalmente, sobre as diferentes camadas da palavra ?família?.
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Lia Trajano 15/03/2021

15/03/2021
Literatura contemporânea nacional muito boa, a autora escreve de forma poética um drama familiar interessante.
Achei Orfeu egoísta e Flora foi muito fraca. Eva foi a mais forte, que conseguiu lidar melhor com a vida.
Muito criativo colocar uma cor para cada personagem, ao iniciar alguns capítulos.
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KaioPi 07/06/2020

Esse livro foi uma surpresa pra mim, depois de ter lido e abandonado "navegue a lágrima" da mesma autora. Que livro incrível, muito bom!
josypi 09/06/2020minha estante
quero emprestado!




Malu 17/04/2020

Sal
"Sal" foi a minha "estréia" com Letícia Wierzchowski, e fico feliz que esse tenha sido o livro que escolhi dentre os muitos títulos da autora. Carregado de muita poesia, mas ao mesmo tempo se atendo à um enredo muito real, esse livro me deixou nas nuvens. A história da família Godoy é linda, mas o que mais me interessou foi a construção dos personagens. Todos eles são únicos e apaixonantes, e temos o prazer de conhecer o mundo pelos olhos de cada um. As histórias se cruzam, e pela perspectiva de cada um, o livro ganha uma intensidade gostosa de se ler, e é tudo tão real que em momentos chega a ser cruel. Estou ansiosa para ler mais da autora.
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Nicole 08/03/2021

Drama e poesia
Demorei alguns poucos anos pra finalmente iniciar esse livro, pois sentia que não ia me identificar com a história e ficaria travada na leitura. Acontece que eu estava enganada! Logo no primeiro capítulo fiquei encantada com a narrativa tão poética e filosófica.
O livro conta sobre a história de uma família de origem espanhola que vive em uma cidade litorânea remota, e acompanhos algumas gerações da família Godoy na trama. Durante a passagem de tempo, conhecemos personagens únicos, que despertam todos os tipos de emoções e que permitem a autora à explorar os mais diferentes assuntos.
O que mais me cativou na leitura, além da prosa poética, foram as referências que a autora trouxe. Além de muita mitologia grega, vimos literatura inglesa, um toque de Machado de Assis, e adiciono aqui semelhanças com Carlos Ruiz Zafon (talvez eu estivesse sugestionada por conta do suspense rodeando uma família espanhola).
É uma leitura muito madura e dramática, portanto indico para aqueles que curtem esse tipo de história, ou para aqueles que, como eu, se aventuram em novas águas por diversão.
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Cris 29/03/2021

Poético, belo e triste
“A dor do farol era também a dor de Cecília. Ela sentia falta de Ivan como se lhe faltasse um braço ou a palavra certa para completar uma frase (...).”

Na pequena e isolada ilha de La Duiva, há um farol, que é cuidado há várias gerações pela família Godoy. Os Godoys têm uma história de muitos amores e tragédias ao longo de vários anos.

No presente, nós acompanhamos Cecília, que se casou com Ivan Godoy. Eles tiveram seis filhos. Ela recorda a história de sua família já na velhice, sozinha na Ilha, enquanto tece uma longa tapeçaria colorida, dedicando cada cor a um membro da sua família.

Cecília foi ficando a cada vez mais solitária na Ilha, primeiro quando o marido morreu e depois, quando os filhos começaram a partir, cada um por um motivo diferente. Mas tudo realmente mudou naquela geração da família Godoy quando um professor britânico - Julius Templeman, chegou à Ilha. Todos foram de alguma forma tocados por aquela forte presença entre eles.
Eu já tinha me encantado pela escrita da autora ao ler “A casa das sete mulheres”, há muuuitos anos. E novamente, ela conta uma história capaz de emocionar e de nos encantar.

Este livro tem a história contada de forma não linear, alguns capítulos são contados pela visão da Cecília no presente. E outros personagens contam suas histórias no passado. A autora também atribui uma cor a cada membro da família e isto torna a narrativa muito bela e melancólica.

É uma história triste, eu sofri com os personagens, e mesmo sabendo o que ia acontecer, fiquei ansiosa pra conseguir desvendar como as coisas realmente aconteceram.

Um romance nacional contemporâneo de excelente qualidade. Com certeza, quero continuar lendo livros da autora.

"O tempo pode ter o mesmo efeito de uma guerra. Avassalador. Miúdo e invisível, ele nos pega de surpresa. De repente, bum. O tempo passou como um rio tormentoso carregando tudo consigo." Pág. 123


site: https://www.instagram.com/li_numlivro/
Maria17758 18/04/2021minha estante
Acabei esse livro agorinha e compartilho dos mesmos sentimentos que você. Que história linda, meu deus!!!


Cris 19/04/2021minha estante
Ah, que bom que vc também gostou, Duda! s2




Soraya Felix 22/10/2013

Pura Poesia
Decidi ler Sal, da escritora brasileira Letícia Wierzchowski por dois motivos distintos e interligados. Primeiro por ser obra de uma autora brasileira e segundo, por ser o primeiro livro nacional de ficção lançado pela Intrínseca.
Na verdade confesso que não havia prestado atenção na capa que dizia “autora de A Casa das Sete Mulheres”, uma minissérie apresentada pela Globo a qual me apaixonei.
Sal foi para mim uma descoberta, um presente entre todas as leituras que fiz ao longo deste ano de 2013.
Não é fácil fazer uma sinopse dele, não mesmo, então eu deixo esta tarefa para outros, mas que já está muito bem feita na orelha do livro.
Sal é feito de lembranças, poesia, dor, tragédias, tristezas, surpresas. O livro é como a constante luz de um farol na ilha longínqua, que a cada par de segundos promove a luz e depois as sombras. É isso mesmo, Sal é feito de luz e sombra, em um pulsar constante.
Letícia Wierzchowski nos presenteia com uma trama repleta de narradores, que nos contam suas histórias e que muitas vezes nos deixam mensagens, como se fossem colocadas em uma garrafa em alto mar para pedir socorro.
Cecília, Ivan, Flora, Orfeu, Lucas, Juliana, Eva, Tibérius. Cada um único e universal.
Eu amei Flora, a menina que mergulhou nos livros e começou a escrever ficção com tal empenho, que suas histórias saíram do papel e aconteceram na vida real. Pena que tudo é muito trágico.
Foi Flora quem trouxe Julius, o intelectual de Cambridge, que foi indiretamente presenteado para o irmão Orfeu, que exatamente como a lenda, se apaixona tão perdidamente que se torna capaz de descer ao seu próprio inferno para resgatar Julius. Só que desta vez Orfeu não pactua com Hades, o desafia.
Quem fez o papel do herói trágico é Tiberius, que sai pelo mundo, de país em país, em busca do irmão. Não haveria melhor imagem para a lenda de Orfeu!
No entanto, Letícia nos desvenda pouco a pouco uma “Penélope” – Cecília – que tece sem parar a história da família enquanto aguarda o retorno de Tiberius, e talvez ele traga seu filho Orfeu.
Nesta fase Letícia aprofunda tanto os sentimentos que a narrativa comove, como se esses personagens fizessem parte de nossas famílias.
A autora fala da saudade e da vida em uma narrativa poética, como se referenciasse Julio Cortazar em O Jogo da Amarelinha.
Confesso que não tentei, mas acredito ser possível ler Sal fazendo um zigue-zague de capítulos, que pode não terminar no último.
Outro fato interessante é a proximidade de La Duiva com Oedivetnom. Se você se der ao trabalho de inverter o nome da cidade, verá que se trata de Montevideo (Montevidéu). Então eu fiquei me perguntando o porque de ocultar o nome da cidade?
Talvez ela tenha um motivo. Talvez o mesmo motivo que a levou escrever uma narrativa que se oculta e revela de uma forma surpreendente.
Sal é diferente. Não é um livro para qualquer leitor, não mesmo. Para ler Sal é preciso gostar de Cortazar, Neruda, um pouco de narrativa latino-americana das décadas de setenta e oitenta. O leitor precisa gostar de poesia, mas também ser corajoso suficiente para mergulhar fundo nas idiossincrasias que norteiam o ser humano de carne e osso.
É isso! Sal é o que a maresia nos traz e nos corroí, ano a ano, mas também é a pequena lágrima que escorre de nossos olhos quando nos emocionamos.
É difícil falar de Sal e é fácil senti-lo. Somente uma imersão pacienciosa desnudará as belezas deste livro. Portanto, leia sem pressa.
Pode ter certeza, Letícia Wierzchowski já entrou para minha lista de favoritos.


site: http://prosamagica.blogspot.com.br/2013/10/autor-leticia-wierzchowski-editora.html
Lorena 24/10/2013minha estante
Você conseguiu transcrever em palavras tudo que eu queria dizer quando li Sal, mas não consegui. "É difícil falar de Sal e é fácil senti-lo. Somente uma imersão pacienciosa desnudará as belezas deste livro. Portanto, leia sem pressa." Concordei com você em cada ponto da sua resenha.
Abraço.




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