Rebeca Grauer 24/02/2016
"Cuidado Olhinho O Que Vê"
Ao todo li cinco obras de Zafón e todas me impactaram positivamente. O que mais gosto nele, é a forma de introduzir histórias e personagens de seus romances anteriores de uma forma sutil, mas gostosa de ler. Particularmente, adoro essas conexões. Me sinto íntima dos personagens.
Os Sauvelle foram pegos de surpresa com a morte do patriarca da família: Armand, um homem doce, alegre, amoroso, mas atolado em dívidas. Como infelizmente alguém tinha que pagar, sobrou para a viúva e seus dois filhos trabalharem (e muito) para saldar a dívida. Porém, nem só de credores vivia Paris, um velho amigo da família ofereceu-lhes a possibilidade de mudar-se para uma cidadezinha litorânea. Lá um inventor/fabricante de brinquedos vivia para cuidar de sua esposa, que segundo ele, contraiu uma doença terrível, da qual passava em repouso absoluto, por isso precisava de uma governanta para cuidar de documentos, correspondências e compras.
Assim que chegaram em Baía Azul, foram presenteados com uma vista maravilhosa. Depois de tanto tempo sofrendo na cinzenta Paris, finalmente encontraram-se desfrutando de sol, pessoas tranquilas, passarinhos e uma praia quase paradisíaca.
Larazus Jann é um inventor/fabricante de brinquedos maravilhoso, em todos os sentidos. Muito polido e educado, os Sauvelle afeiçoaram-se com ele de cara. Depois de se instalarem na Casa do Cabo, que por Lazarus foi cedida, foram jantar na casa do sr. Jann, para melhor conhecê-lo. Cravenmoore, a mansão de Jann, ficava dentro de um bosque com árvores altas e sombrias, principalmente à noite. Ao chegarem na mansão, foram recebidos por Christian, um autômato similar a um mordomo, e logo em seguida por fim conheceram Lazarus Jann. A mansão era repleta de suas criações, não havia um espaço em que não houvesse a marca de Lazarus, tudo era bizarro demais e lindo demais. Demais.
Durante o jantar, depois de todas as formalidades o inventor/fabricante de brinquedos explicou a senhora Sauvelle suas obrigações e tarefas. Apesar de não comercializar suas criações, ainda ia ocasionalmente à fábrica de brinquedos (que era um anexo de Cravenmoore), tanto ela quanto os andares superiores eram estritamente proibidos, principalmente a ala oeste da mansão, aonde sua esposa repousava.
"- Não podemos acreditar em tudo o que vemos. A imagem que nossos olhos formam da realidade é apenas uma ilusão de ótica - Comentou - A luz é uma grande mentirosa."
Entretanto nem só de fábricas macabras de brinquedos vivia Baía Azul. Foi aí que Irene, a filha mais velha, conheceu Ismael. Um rapaz quase de sua idade por quem logo se apaixonou - e a recíproca foi verdadeira. Os jovens logo descobriram que queriam passar mais tempo um com o outro, dando vários passeios pelas águas salgadas de Baía Azul. Foi aí que Ismael contou a lenda local para Irene Sauvelle: Ao longe havia uma ilha com um farol. Ele foi desativado após algumas pessoas verem estranhas luzes "passeando" por lá, mas isso só acontecia uma vez ao ano, em setembro, mês que supostamente uma mulher mascarada fugiu para lá. Até hoje ninguém sabe o porque ou quem era a bela dama. Irene não sabia se estava mais encantada com a história ou com Ismael, mas parece que quando tudo dava certo para os Sauvelle, algo (ou alguma força) fazia dar errado.
Hannah era a cozinheira de Cravenmoore, prima de Ismael e amiga de Irene - foi ela quem os apresentou. Ela dormia em Cravenmoore durante a semana e às sextas-feiras ia até a cidade ficar com sua família. Porém um belo dia, Hannah desapareceu. O corpo foi encontrado dias depois.
Com a morte de Hannah, Ismael fechou-se para o mundo e o desejo de vingança pairava sobre ele. Nenhuma explicação era boa o bastante. Hannah foi encontrada de roupas de dormir, pés sujos e teve parada cardíaca. A menina morreu de medo, literalmente. Por quê? O que será que ela viu?
Disposta a ajudar o namorado, Irene reúne toda sua coragem e junto com Ismael (numa noite de lua cheia, repleta de acontecimentos estranhos) entram no coração gelado e sombrio de Cravenmoore.
E você, será que tem coragem de desvendar esse mistério?
"(...) Num mundo de luzes e sombra, todos nós, cada um de nós precisa encontrar seu próprio caminho."
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