spoiler visualizarvictbr7 17/12/2022
Ok, mas cadê a típica emoção?
Adianto a quem lerá essa resenha que fiz a leitura deste livro um mês após ter lido ?O Palácio da meia-noite?, sem dúvidas o melhor livro da trilogia da névoa.
Uma vez dito isso, creio que é fácil de explicar a minha decepção com as ?As Luzes de Setembro?. Pela primeira vez lendo Zafón tive a impressão de que faltou desenvolvimento, o autor não conseguiu entregar na disposição de páginas escolhida toda a emoção e adrenalina costumeira. O tempo para desenvolver os personagens foi demasiadamente curto, oq explica o fato dos personagens principais serem chatos para um caramba, além de ter 0 química enquanto um casal. E também facilita o porquê de, em determinado momento do livro, um personagem morrer e eu não ter dado a mínima (não a conhecia, não tinha passado tempo com ela, não sabia da sua rotina, seus sonhos, suas virtudes e defeitos. Como então me importar com a sua saída de cena?) assim como não entender a reação que a família da protagonista teve (eles se conheciam há pouco tempo e o autor não trabalha a relação entre esses personagens).
Para piorar toda a situação o ?vilão? dessa história aparece como o mais fraco de toda a trilogia (até o fatídico príncipe da névoa consegue ser melhor) uma sombra que persegue um homem?? É sério que essa foi a melhor opção depois do incrível vilão visto no segundo livro da trilogia??
Assim como a presença vilanesca o cenário, dessa vez, não me agradou. Não consegui estar inserido naquela aura fantasmagórica e macabra composta por brinquedos e autômatos (que aliás? difícil, bem difícil ?). Mais uma vez, e peço desculpas pela repetição, foge do que é visto no segundo livro, onde o autor trabalha de forma única a apresentação de uma cidade decadente, um esqueleto vivo, habitado por memórias e arrependimentos, ele consegue (em poucas páginas) fazer uma descrição tão boa de Calcutá que eu consegui sentir até o cheiro da cidade durante a leitura. Logo, não é de se estranhar que eu me decepcione com uma simples praia da Normandia composta por uma mansão cheia de cacarecos, sombras e por um farol mal explorado/aproveitado.
De forma geral percebi o autor por outros olhos durante essa leitura, infelizmente de um ponto de vista mais negativo. Acho que ele levantou mt o sarrafo com ?O palácio da meia-noite?. E alguns de vcs podem entender minha crítica enquanto: ?vc esperava dms?, e confirmo, esperava muito, porque, mais uma vez: o autor fez um excelente trabalho no livro anterior. Por isso, ler ?As Luzes de Setembro? para mim foi como regredir, foi como subir ao alto de uma montanha-russa e ao invés de descer super rápido e com emoção, a máquina falhasse e o carrinho descesse os trilhos devagar, quase parando e, ao invés de aumentar a adrenalina de quem experimenta esse momento, só traz tédio e decepção.
Infelizmente esse livro entra na minha lista como um dos que eu menos gostei em toda a minha caminhada com Zafón. Todavia, essa é minha experiência pessoal, logo, ele pode sim agradar novos leitores ou então àquelas pessoas que têm um gosto maior por esse terror mais leve que envolve coisas da infância, como brinquedos.
Ps: Ou àqueles que ainda não leram ?O palácio da meia-noite?. ?