O Paraíso das Damas

O Paraíso das Damas Émile Zola




Resenhas - O Paraíso das Damas


7 encontrados | exibindo 1 a 7


Henrique 05/08/2023

Não foi o melhor livro do Zola
Titubeei entre dar ao livro 2 ou 3 estrelas. Se desse 3 estrelas seria apenas pelo gênio do escritor e não pelo mérito da obra.

Foi um livro apenas bom, é o 11º na série Les Rougon-Macquart; muito diferente do impacto que foi "O Abatedouro" (7º da série) ou "A Besta Humana" (17º da série). Neste livro, Zola segue quase linear, em uma história sem grandes altos nem muitos baixos e chega a um final corrido que, literalmente, se conclui em 3 parágrafos muito curtos.
Carolina 05/08/2023minha estante
Que pena, esperava que você tivesse gostado dessa vez rs


Henrique 05/08/2023minha estante
Não fique triste. É um bom livro e, mesmo não sendo exatamente o meu favorito, mostra muito bem a larga escala de criatividade que o Zola conseguia alcançar. O livro é bem diferente do que venho lendo dele.




Marcos606 28/03/2023

Tem lugar no mundo dos grandes armazéns e lojas de departamento, um desenvolvimento inovador nas vendas a retalho em meados do século XIX. Zola modela sua loja no Le Bon Marché, que reuniu sob o mesmo teto muitos dos produtos até então vendidos em lojas separadas. A narrativa detalha muitas das inovações do Le Bon Marché, incluindo seu negócio de mala direta, seu sistema de comissão, seu comissário interno e seus métodos de recebimento e venda de mercadorias.

Au Bonheur des Dames é uma sequência de Pot-Bouille. Como seu antecessor, Au Bonheur des Dames se concentra em Octave Mouret, que no final do romance anterior se casou com Caroline Hédouin, dona de uma pequena loja de seda. Viúvo, Octave expandiu o negócio e se tornou uma potência do varejo internacional, ocupando, no início do livro, quase um quarteirão inteiro.

O romance conta a história de Denise Baudu, uma jovem com 20 anos de Valognes que vem para Paris com seus irmãos mais novos e começa a trabalhar como balconista na loja de departamentos "Au Bonheur des Dames". Zola descreve o funcionamento interno da loja do ponto de vista dos funcionários, incluindo os dias de trabalho de 13 horas, alimentação abaixo do padrão e quartos vazios para os funcionários. Muitos dos conflitos no romance decorrem da luta de cada funcionário por promoção e lutas internas maliciosas e fofocas entre os funcionários.

A história de Denise é contraposta à carreira de Octave Mouret, cujas inovações no varejo e expansões de lojas ameaçam a existência de todas as lojas do bairro. Sob o mesmo teto, a Octave reunia têxteis (sedas, lã), além de todo tipo de roupa pronta (vestidos, casacos, lingerie, luvas), acessórios necessários para a confecção de roupas e itens auxiliares como tapetes e móveis. Seu objetivo é sobrecarregar os sentidos de seus clientes, forçando-os a gastar, bombardeando-os com uma variedade de opções de compra e justapondo mercadorias de maneiras atraentes e inebriantes. Publicidade massiva, vendas gigantescas, entrega em domicílio e um sistema de reembolso e notícias, como sala de leitura e lanchonete, induzem ainda mais a clientela feminina a frequentar a loja em número cada vez maior. No processo, ele remove do mercado varejistas tradicionais que operam lojas especializadas menores.
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Aécio de Paula 19/05/2019

Este romance incrível trata-se do mundo da moda da França, século 19, e a revolução das lojas de roupa. A jovem Denise, pobre e que veio da província para encontrar trabalho, é admitida na maravilhosa loja O paraíso das damas. Só com uma muda de roupa, desemparada na grande cidade e vivendo na solidão de um quarto, ela se ver em várias dificuldades: a perseguição de outros vendedores que a querem derrubar, a tirania dos chefes dos setores, o cansaço de conquistar clientes. Além do mais, é arredia, timida, virgem. A noite vive isolada sem conhecer Paris. E ainda tem um irmão que consome os seus poucos soldos quando recebe. É interessante que vemos muitas "Denises" atrás de um balcão das lojas de hoje.
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jota 16/11/2016

Templos de consumo...
Não é qualquer livro, qualquer história, que a prestigiada BBC adapta, transforma em série para oferecer aos seus seletos espectadores. Então não surpreende que O Paraíso das Damas (Au Bonheur des Dames, 1883) do francês Emile Zola (1840-1902) tenha sido adaptado pela BBC Drama Productions como The Paradise e exibido em duas temporadas (2012-2013), num total de 16 episódios. Como outras que vi (especialmente as de Charles Dickens), são produções esmeradas, que não tratam o telespectador como um mero consumidor de produtos audiovisuais.

Em The Paradise, se o tempo (fins do século XIX) foi mantido, no entanto a ação foi transportada para as terras inglesas, personagens e situações foram eliminados ou modificados, episódios foram esticados ou encurtados etc. Porém, o enredo central de Zola foi mantido: tanto o livro quanto a série contam a história de Denise, uma jovem do interior que vem para a cidade grande, consegue emprego numa loja de departamentos e é envolvida pelo charme do mundo moderno. E por um homem que representa esse mundo nascente como poucos então, Mouret (na série, Moray).

Mas vamos ao livro de fato: esta edição da Estação Liberdade (2008) traz um interessante prefácio com quase 20 páginas, escrito que foi pela historiadora francesa Jeanne Gaillard. Ela é autora de vasta pesquisa sobre a história de Paris e dos movimentos operários e sociais dos século XIX e localiza para os leitores o espaço físico e social em que Zola situou sua trama. Logo de início Gaillard alerta para o fato de que o Paraíso das Damas [o magazine de ficção] "(...) tem muitos traços em comum com a loja de departamentos de la Paix, que existiu de fato em Paris." E outras construções e espaços urbanos no entorno da loja de departamentos também.

Gaillard prossegue e tece interessantes considerações sobre as transformações urbanísticas que Paris sofreu através de Georges-Eugene Haussmann (1809-1891), ou apenas Barão Haussmann, responsável pelo planejamento urbano da capital francesa entre 1853 e 1870, que alargou ruas, criou novas avenidas, bulevares e parques. Ou seja, Haussmann reinventou completamente a cidade; Marshall Berman destaca sua ação modernizadora no imperdível Tudo Que é Sólido Desmancha no Ar (Companhia das Letras, 2005).

Falando nisso, O Paraíso das Damas surpreende o leitor pela modernidade do que Zola nos conta (não do modo como ele conta; Paraíso tem início, meio e fim, é um romance tradicional). Sempre pensei que a expressão "templos de consumo", aplicada a shopping centers ou grandes supermercados, tivesse sido criada por algum sociólogo (americano, de preferência) na segunda metade do século XX, quando esses enormes magazines invadiram praticamente todo o mundo. Que nada! Os grandes magazines e a expressão existiam desde bem antes. Eis o que Zola escreveu (página 282) nos anos 1880: "[O magazine] era a catedral do comércio moderno, sólida e leve, feita para uma romaria de clientes. (...) A grande paixão de Mouret [o proprietário] era triunfar sobre a mulher. Ele a desejava rainha em sua casa e erguera esse templo para tê-la à sua mercê." Curioso, não?

Assim, apesar de o romance entre Denise e Mouret tomar muitas páginas da obra, grande parte dela é dedicada mesmo às transformações por que passava a Paris de então, inclusive seu comércio, que vê as pequenas lojas de bairro sucumbirem frente aos poderosos magazines que vão surgindo não apenas na capital francesa, mas em toda Europa, como a conhecida Harrods londrina, que evoluiu a partir de um pequeno estabelecimento fundado em 1824.

Da mesma forma, o Paraíso das Damas, foi iniciado com uma pequena loja no centro de Paris mas no final cresceu tanto que tomava todo um quarteirão, com ambientes requintados e mercadorias variadas, para a delícia de suas frequentadoras. E Zola não é muito complacente com as consumidoras: quase todas são retratadas pelo olhar negativo do autor. São mulheres frívolas, consumistas, invejosas, fofoqueiras, interesseiras e até mesmo algumas ladras. Não apenas elas, que são ricas: as vendedoras também não escapam da pluma que Zola empunha como uma espada para descrevê-las.

De volta à contemporaneidade de O Paraíso das Damas: Mouret promove em sua grande loja de fins do século XIX transformações que somente chegaram a alguns estabelecimentos comerciais muitas décadas depois, conforme destaca a editora brasileira: "(...) numa época em que a grande distribuição só começava, os princípios de marketing e publicidade utilizados pelo protagonista se assemelham bastante às técnicas de que se servem hoje supermercados e shopping centers: vitrines vistosas, mudanças periódicas da disposição de produtos, organização espacial labiríntica para que as clientes se "percam", remarcação de preços e promoções, publicidade em mídias diversas." Por mais talentoso e criativo que fosse, teria o autor do magnífico Germinal (1885) tirado tudo isso de sua cachola?

Claro que não: ele observava a realidade que o cercava, a Paris em mudança, o mundo novo que surgia antes que o século XX tivesse começado de fato. Coisa que a historiadora Jeanne Gaillard destaca no prefácio desta obra, que pode ser lida como um romance e ao mesmo tempo como um livro de história. Peter Gay em Represálias Selvagens - onde, através de Charles Dickens, Gustave Flaubert e Thomas Mann e outros autores, estuda a relação entre literatura e história -, nos lembra que "(...) nas mãos de um romancista de primeira categoria, uma ficção pode fazer história, nos dois significados dessa expressão." É o caso de Emile Zola e este extenso e brilhante O Paraíso das Damas.

Lido entre 08 e 16/11/2016.
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Gláucia 05/05/2014

O Paraíso das Damas - Émile Zola
No prefácio, a historiadora francesa Jeanne Gaillard nos conta que o livro é uma espécie de documentário romanceado pois o Paraíso da Damas realmente existiu sob o nome de la Paix. Trata-se de uma pequena lojinha de bairro que se transformou monstruosa loja de departamentos. Monstruosa aqui tem duplo sentido, além de suas dimensões gigantescas ela acabou por massacrar os pequenos comerciantes, dominando e se apossando de praticamente toda a clientela.
O livro pode ser lido de duas formas pois possui dois focos: a história documental da grande loja e essa parte me impressionou grandemente pois não poderia imaginar que coisas como marketing já existiam e eram muito valorizadas. O livro fala sobre comércio, relações de trabalho, concorrência entre colegas que lutam entre si a fim de sobreviver, consumismo desenfreado, intrigas... O segundo foco é o romance em si: Denise é uma jovem comerciante provinciana que após perder os pais vai a Paris com seus dois irmãos em busca do tio Baudu, um dos pequenos comerciantes que sofrerá as consequências da concorrência desigual. Lá ela conhecerá Octave Mouret, o jovem, ambicioso e visionário proprietário do Paraíso.
Muito interessante a forma como Denise se encontra dividida entre o esplendor que é o novo comércio e o agonizante e decrépito comércio de bairro.
Ah, também pode ser lido de uma terceira forma: como um livro de autoajuda nos casos de compulsão consumista. Vi como numa loja tudo é organizado de forma a fisgar e iludir os compradores para que eles sintam necessidade de comprar sempre mais. Destaco aqui a patética personagem Sra Marty.
O livro é realmente muito bom e agora é correr atrás da série britânica The Paradise.

site: https://www.youtube.com/watch?v=HJic80iHrBw
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fsamanta (@sam_leitora) 16/09/2012

Novamente, Zola não me decepcionou. Um ótimo romance (no sentido romântico da palavra) como há muito eu não encontrava. Há longas descrições, um pouco barrocas demais para atualidade, mas é impressionante pensar que o livro foi escrito em 1883. Fatos tão rotineiros para nós estavam nascendo naquela época e é interessante observar o nascer-morrer do novo pensamento. Achei o livro interessante também pelo fato de se um realismo otimista, algo que eu nunca tinha lido. Não era algo que eu esperasse do mesmo autor de Germinal.
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