À Sombra das Espadas

À Sombra das Espadas Kamran Pasha




Resenhas - À Sombra das Espadas


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D.J. Alves 23/09/2021

Um Relato sem Igual das Cruzadas
Um livro muito bem elaborado rico em detalhes históricos mas também com ar poético e fantasioso.

É muito bem construído pelo autor com personagens marcantes como Saldino e Miriam. Foca na versão Mulçumana das Cruzadas mas temos personagens cristãos, mulçumanos e judeus que nos dão uma visão bem ampla de como foi para todos os povos. Nos ensina preciosas lições sobre o passado. A narrativa é fluída mas viajada em alguns pontos. Nota 4 de 5. Agora seguem algumas notas tiradas do livro:

«Diz-se que Deus gosta da ironia; talvez seja essa a razão pela qual Sua cidade, cujo nome vem da paz, não conheceu nada além de guerra e morte.

Era melhor acreditar em um Deus zangado, mas ainda consciente de suas criaturas, do que enfrentar a imensidão brutal do vazio do cosmos.

ela era nova na cidade e a vida na corte podia ser muito perigosa para quem não entendia as limitações impostas pelo decoro e pelas convenções sociais.

Quem era ela para brincar com um homem assim? Muito depois de seus ossos terem virado pó para sempre, o nome de Saladin ainda seria exaltado por milhões de homens.

Foi essa semelhança inegável e notável entre religiões e culturas ao longo dos milênios que o convenceu de que a fé em Deus, por mais que pudesse se expressar de um número infinito de maneiras diferentes, era eminentemente a mesma em todo o mundo.

Além disso, ele sabia que a Igreja de Roma tinha um interesse particular em manter o povo na ignorância, porque se o homem comum alguma vez lesse e assimilasse verdadeiramente as palavras do Senhor, seria o fim. As estruturas tradicionais de poder e as relações deste mundo entre sacerdote e leigo, senhor e servo, marido e mulher, pai e filho, e talvez também entre crente e infiel, seriam completamente rompidas graças ao poder libertador dos simples ensinamentos de Cristo. O amor era o antídoto para o poder e aqueles no poder fariam qualquer coisa para apagar a chama do amor, assim como fizeram no Gólgota mil anos atrás.

"Ódio e medo são uma combinação perigosa no coração dos homens."

Não se tratava do que era certo e errado ou dos argumentos habilmente construídos de estudiosos religiosos. O terror era a loucura que os dominava e nenhuma razão, nenhuma fé, poderia lançar o menor raio de luz na região mais escura da alma dos homens.

"O trono é uma prisão

Saladino se forçou a afastar esse pensamento da mente antes que as comportas cedessem e a torrente de pesar e dor que se acumulara ao longo de décadas de guerra e traição se desencadeasse. O sultão sabia que, se desse vazão a essas emoções, uma tristeza além da loucura o consumiria e as vidas de centenas de milhares de inocentes na Palestina seriam sacrificadas no altar de sua autopiedade. Se ele pretendia definir o curso para a nação em face daquela grande tempestade final, ele tinha que manter sua mente desperta e em alerta constante, e seu coração imperturbável e duro como o aço de Damasco.
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Liliane.Soares 31/10/2020

Demorei pra engatar nessa leitura, mas confesso que me envolvi completamente, é como se facilmente existissem mais dois ou tres sequenciais e eu pudesse embarcar, revelando todos os momentos decisivos e cruciais para a história , ate chegarmos aos dias de hoje.
Guerras tem suas mais diversas justificativas por aqueles que as criam, seja poder, religião ou defesa, mas a verdade é que o terror e o sofrimento jamais serão compensados por qualquer que seja o benefício ilusóriamente oferecido.
Somente quando leio algo do gênero, chego próximo de sentir o que foram e o que representaram as guerras para todos aqueles que já estiveram lá.
Um livro muito bom, muito real, mesmo sendo uma ficção, consigo imaginar os acontecimentos como se eles tivessem de fato ocorrido. Adorei a forma como a ficção foi desenvolvida com base na história, o que me faz querer saber mais, querer descobrir mais, sobre Ricardo, Saladino, Maimônides além de guardar pra sempre a idéia que construi para Miriam, uma personagem inventada, mas que pode muito bem ter existido!

Ja quero ler de novo, é um livro que cativa

Recomendo
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Luis 24/05/2020

Livro fantástico para todo amante de história medieval. O livro conta o embate entre Saladino e os cristãos durante a terceira cruzada,mostrando todo o terror causado pelos cristãos,com base em relatos históricos.
A matança de mulheres, crianças,idosos, reféns... Tudo isso pelos guerreiros de Cristo.
Natty 16/03/2021minha estante
Já quero ler!!




Fábio Valeta 19/06/2018

A primeira coisa que me chamou a atenção neste livro foi o gênero. Ficção Histórica é meu gênero literário favorito, então normalmente livros que pareçam pertencer a ele sempre atraem a minha atenção nas minhas visitas a livrarias. A segunda coisa foi o fato de ser um livro sobre as cruzadas vindo de um autor de origem Árabe o que prometia dar uma visão bem diferente sobre o período do que geralmente estamos acostumados.

Lendo sobre o livro, acabei descobrindo que inicialmente o autor o escreveu como um roteiro para o cinema, desistindo de transformar a história em filmes porque Ridley Scott chegou na frente com seu “Kingdom of Heaven” (curiosamente, o livro poderia até ser uma continuação do filme de Scott, uma vez que ele começa exatamente no final do filme, com a retomada de Jerusalém por Saladino). Sendo pensado como uma história para o cinema, imaginei que seria no mínimo uma leitura ágil. Veja que não estou falando em ação desenfreada ou algo do tipo, e sim uma leitura rápida e precisa.

Então temos: um gênero favorito, que prometia contar uma história a partir de um ponto de vista original (pelo menos do ponto de vista ocidental) e que aparentemente seria uma história ágil e, com sorte, empolgante. Pena que absolutamente toda essa expectativa se mostrou infundada.

Sem mais delongas, o livro é ruim. Pura e simplesmente. Sua escrita é tediosa, a história é ruim e em muitos momentos absurda.

O autor transforma toda a história da Terceira Cruzada em um triângulo amoroso entre Ricardo Coração de Leão, Saladino e… uma moça judia (só para misturar as três religiões abraâmicas) e transformando o embate entre duas civilizações e religiões em um conflito pessoal entre seus líderes apaixonados. É uma história tão improvável, que precisaria ser muitíssimo bem escrita para parecer coerente, o que infelizmente não acontece. Pois além de não convencer com o romance, a escrita é bem fraca.

Pasha parece fissurado em tiques nervosos, e não consegue descrever um personagem sem falar em algum tique que o mesmo demonstre quando está ansioso ou nervoso. Em um determinado ponto da história, ele gasta umas duas ou três páginas falando sobre um personagem e consegue falar que o mesmo tem nada menos que quatro tiques diferentes.

E como nada é tão ruim que não possa ser piorado, em uma tentativa de se criar um clímax no final do livro, o autor inventa uma forma absurdamente inverossímil de juntar os dois antagonistas frente a frente para um duelo. E o que já estava se desenvolvendo de forma ruim termina de uma maneira ainda pior, e o único clímax que temos é de ruindade a que o livro chegou.

Definitivamente não era nem um pouco do que eu esperava quando comecei a ler. Em retrospecto, deveria ter abandonado a leitura bem antes de chegar ao final, já que há muitos livros na fila para serem lidos, mas sempre havia uma esperança da história melhorar em algum ponto. Infelizmente, foi apenas uma perda de tempo que não recomendo a ninguém.

Teria sido melhor rever o filme do Scott que, apesar de ser no máximo mediano, pelo menos demora só um pouco mais de duas horas para chegar ao final.
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Claudia Cordeiro 09/07/2014

Eu daria 5 estrelas MAS aquele assassinato ficou mal explicado, acho que o autor não queria fazer um livro policial e daí me saiu com aquela morte meio sem pé nem cabeça... e aquele personagem que aparece no final não parece real, não acho que fosse possível existir alguém assim. Não vou falar mais para evitar spoiler. De resto, o livro é excelente, conseguiu me prender a atenção, é daqueles que não dava para largar, e vc fica pensando a que horas estarei livre para voltar a ler...quase foi 5 estrelas!
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Núbia Esther 21/10/2013

Kamran Pasha, conhecido por seus roteiros de séries e filmes, acabou enveredando pela literatura por causa de uma tragédia e uma casualidade. Influenciado pelos ataques de 11 de setembro, Pasha concebeu À Sombra das Espadas como um roteiro cinematográfico, mas acabou sendo precedido nas telonas por Ridley Scott com Cruzada e o roteiro acabou transformado em romance.

Pasha tinha como objetivo ao escrever essa história não apenas dar vida às personalidades e aos acontecimentos históricos, mas também motivar uma reflexão sobre as lições que podemos tirar dos eventos históricos, em especial das Cruzadas, a guerra santa perpetrada pela intolerância religiosa e cultural. E para isso ele recheou seu texto de teologia e filosofia, mas acabou fazendo-o em demasia, e confesso que em alguns momentos fiquei entediada. Apesar disso, foi uma escolha acertada para colocar em discussão os conflitos religiosos que perduram até hoje.

Em À Sombra das Espadas, os eventos da 3° Cruzada são recontados do ponto de vista muçulmano. A história tem início com a vitória do lendário Saladino sobre os francos e a soberania do líder muçulmano sobre a Cidade Sagrada. A Segunda Cruzada chegava ao fim e durante esse período, Saladino tentou promover a paz em Jerusalém com árabes, judeus e cristãos vivendo sob a proteção de seu sultanato. Mas essa frágil pacificidade fica ameaçada quando o jovem herdeiro da coroa britânica, Ricardo Coração de Leão, chega decidido a empreender a 3° cruzada e conquistar Jerusalém.

“Desolado, lastimável, envolto no silêncio opressivo que se segue ao fim de cada época da história da humanidade. O sultão conhecia bem aquele silêncio. Era a mesma mortalha que pairara sobre cada um dos palácios nos quais ele havia entrado como conquistador, de Damasco ao califado fatímida no Cairo. Saladino era um vazio que, ao passar, silenciava os suspiros finais de uma civilização decadente, substituindo-os pelos choros recém-nascidos da era seguinte.”

“Alguém – ele não se lembrava quem – uma vez lhe disse que Deus gostava de ironias. Talvez a Divindade achasse graça na ironia daquela tragédia que manchava o início de sua missão sagrada. (…) Mas de uma coisa Ricardo tinha certeza. Seu destino não seria mudado por mortes nem desastres. (…) Quando Ricardo Coração de Leão estivesse diante de Saladino no campo de batalha, o mundo finalmente viria a conhecer a verdadeira natureza de Deus e do homem.”

O islamismo e o cristianismo entram novamente em guerra, mas em meio às batalhas e carnificinas, Pasha também reserva um espaço para o romance, com a inclusão da judia Miriam. A moça é sobrinha do principal conselheiro de Saladino e tem um passado duramente marcado pelas agruras das guerras santas. É dona de uma personalidade marcante e opinião firme e acaba despertando o amor de Saladino, mas Ricardo, ao conhecê-la também fica interessado e ao ficar entre os dois homens mais poderosos de seu tempo, Miriam acaba envolvida em conspirações, traições e espionagem.

A trama criada por Pasha é inovadora por recontar um momento histórico sob um ponto de vista pouco divulgado no ocidente. Estamos acostumados a acompanhar esses eventos históricos pela ótica ocidental, e ter um vislumbre do outro lado foi um exercício interessante. O autor também acertou na forma como retratou Saladino e Ricardo. O muçulmano não é retratado apenas como o líder forte e honrado como é conhecido até hoje, Pasha recorre à licença poética, pede desculpas aos muçulmanos, mas não deixa de mostrar um Saladino destemido, mas temeroso, honrado, mas passível de erros. Por outro lado, à Ricardo, frequentemente enaltecido, cabe o papel de vilão, mas um vilão que em alguns momentos é até carismático e se em outros falta simpatia e sobra cretinice, não podemos negar, ou deixar de admirar (os que gostam de descrições bélicas) sua mente estrategista. Enfim, Pasha criou em À Sombra das Espadas uma história democrática. A obra tem tudo para agradar os que gostam de romance, sem deixar de lado os que curtem os romances históricos pelas batalhas e ardis. Isso tudo sem deixar de lado o tom reflexivo tão desejado pelo autor.

[Blablabla Aleatório]

site: http://blablablaaleatorio.com/2013/10/21/a-sombra-das-espadas-kamran-pasha/
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Leninha Sempre Romântica 23/09/2013

Essa foi uma resenha complicada de escrever, até porque é sempre difícil tentar passar para o papel impressões de uma história que tem como pano de fundo fatos reais, sem correr o risco de cometer uma gafe imperdoável.

Foi assim também para Kamran Pasha, o autor do livro, que tinha receio de atingir moralmente a religião muçulmana ao falar de Saladino tratando-o como um ser humano, sujeito a falhas e fraquezas, já que ele é tido como um herói venerado por seu povo.

Porém Kamran conseguiu passar durante toda a narrativa a nobreza de caráter, a generosidade e a essência de um homem com espírito magnânimo. E conseguiu também tirar o reverenciado Ricardo Coração de Leão do pedestal que lhe é imposto nos livros de história.

Até hoje Ricardo sempre foi um personagem romantizado pelos livros escritos sobre sua pessoa, mas durante a leitura deste romance podemos ver o quanto ele foi cruel com seus inimigos, sempre usando a força em nome de Cristo, nunca assumindo realmente que fazia isso porque tinha um coração ganancioso e vil.

Claro que falo isso totalmente baseado na leitura desse livro, me fio no fato de que o autor fez uma profunda pesquisa para escrevê-lo, e mesmo sendo uma ficção, ele passa a verdade da personalidade dos personagens reais da história.

Vale tudo na guerra e pelo amor! Será mesmo?!
Ao adentrar nas páginas d’À Sombra das Espadas eu já me preparava para algo novo, inusitado, porém foi um grato prazer me deparar com uma história tão ricamente e historicamente ilustrada.

Tudo se passa no final do século XII, Terceira Cruzada, período da guerra entre cristãos e muçulmanos, e entre eles uma mulher.

Como todos sabem, durante uma guerra tudo pode acontecer. Homens se tornam monstros na luta pelo poder e é assim que inicia a história de Miriam. Uma judia linda, forte e destemida, criada pelo tio Maimônides — conselheiro do Sultão Saladino —, após a morte da mãe pelas mãos famigeradas daqueles que se diziam lutar por Cristo.

Miriam é um espírito valente que sobreviveu às agruras da guerra, mas que não perdeu a pureza no olhar. E esse mesmo espírito conquistou o coração de Saladino, o exemplo de moralidade e justiça, mas acima de tudo de homem, sujeito a fraquezas e falhas, apesar da grandiosidade d’ alma.

Jerusalém foi tirada das garras dos cristãos e agora vive aparentemente tranquila, guiada pelas mãos de Saladino, um homem que ousou tentar unificar os povos em nome da paz, porém, com a morte do Rei Henrique, seu filho, Ricardo Coração de Leão, decide tomar de volta o que acha ser seu por direito, induzindo seu povo numa cruzada que vai deixando ao longo do caminho: morte, destruição e sangue.

Dois homens com destinos diferentes, e com os mesmos ideais, se veem unidos pelo amor a uma mesma mulher.

E um Deus irônico tece as malhas da história, unindo três destinos nas teias desse imenso tapete. Homens cegos pela luxúria e o poder que se dizem guiados como peões em nome de um Deus de glórias.

Como deu para notar, durante a leitura fui abduzida pela história, o livro narra quase de forma poética uma época de lutas, conquistas e mortes. E durante esse período vemos corações em constante batalha.

Mirian apesar de possuir uma beleza hipnotizante e de saber usá-la, é inocente. Ela consegue conquistar os homens sem esforço, mas ao se deparar com Saladino, o grande Sultão, seu coração se rende ao amor. Todavia forças ocultas não deixarão que essa paixão se concretize, e muita dor, maledicências e sofrimento estarão em seu caminho.

Uma história de conflitos e lutas que absorve completamente quem a lê. Não posso dizer que foi uma leitura fácil, já que estou acostumada com a escrita simples e de fácil entendimento. Aqui não, durante toda a narrativa tomamos um banho de conhecimento, e vemos a história sob uma nova perspectiva, na visão humana da guerra, pelo olhar dos fiéis ou infiéis, dependendo do lado em que você se coloca durante a leitura.

Nessa guerra não há vencedores, apenas homens em busca da paz através de lutas sangrentas.

O autor teve um cuidado imenso ao tentar passar a veracidade da história entremeada à ficção. E acredito que cada leitor irá se apaixonar pela narrativa e pela riqueza de detalhes contidas em suas páginas.

Eu estou completamente apaixonada pelo sultão Saladino e com ganas de raiva por Ricardo Coração de Leão. Isso mesmo, aqui temos a visão desse homem tão criticado pelos livros de história cristã, expressada de forma humana. Conseguimos vislumbrar o que eles carregam em seus corações. Sentimentos ocultos nos livros de história e aqui tão bem explanados.

Uma leitura que foi para minha lista de inesquecíveis e com certeza Saladino irá figurar na minha lista de top piriguetagem de fim de ano, rs.

Recomendo para todos que gostam de um livro baseado em fatos reais entremeado com a ficção, com direito a muita guerra e paz, amor e destruição.

Saladino, Mirian e Ricardo são personagens que ficarão por um bom tempo em minha memória.


site: http://www.sempreromantica.com.br/2013/09/a-sombra-das-espadas-kamran-pasha.html
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Vanessa Vieira 08/09/2013

À Sombra das Espadas_Kamran Pasha
O livro À Sombra das Espadas, do autor paquistanês Kamran Pasha, se passa no final do século XII e nos retrata a Terceira Cruzada, o período de guerra entre os cristãos e os muçulmanos pela posse de Jerusalém, sob o ponto de vista oriental.

A Segunda Cruzada resultou no fracasso dos cristãos. Saladino e seu exército se saíram vitoriosos. O sultão é um incondicional defensor da paz e acredita que o mundo pode ser um lugar melhor com a convivência harmoniosa entre árabes, cristãos e judeus.

Porém, com a subida ao trono de Ricardo Coração de Leão, o sonho de utopia entre as nações dá lugar ao caos temerário. Ricardo se instala na Palestina com o propósito de retomar Jerusalém, espalhando tragédia e derramando muito sangue para alcançar o seu ideal. O choque entre o islamismo e o cristianismo é inevitável e sua repercussão é vista até nos dias de hoje.

Em meio a guerra e desolação, Saladino encontra amor e paz em Miriam, uma linda judia, sobrinha de seu fiel conselheiro Maimônides. A religião da moça em nenhum momento interfere nos seus sentimentos por ela, e seus dias se tornam mais brilhantes e esperançosos com a sua presença. Miriam teve uma infância muito triste, em consequência da Segunda Cruzada. Ela assistiu sua mãe, Raquel, ser violada por um cavaleiro templário, e logo após, ser degolada na sua frente. A menina também foi estuprada e só conseguiu sobreviver porque buscou esconderijo no recôndito de uma caverna, onde foi resgatada e criada pelos seus tios Maimônides e Rebeca.

Durante uma de suas investidas ao exército palestino, Ricardo acaba capturando Miriam, e se apaixona perdidamente pela moça. Ele se encanta não só com a sua beleza mas com o fato dela ser corajosa e ter o temperamento bem parecido com a de sua mãe, Leonor, uma mulher que ele admira e respeita bastante pela sua fibra e determinação. Com o sequestro de Miriam, os dois homens mais poderosos da Terra se enfrentam em uma batalha ardil, não só pelo amor da judia, mas também pelo futuro de toda uma civilização.

À Sombra da Espadas nos retrata o período da Terceira Cruzada de uma forma muito bem escrita e detalhada, além de arraigar em seu interior um romance forte e destemido. Narrado em terceira pessoa, sob o ponto de vista muçulmano, conhecemos personagens bem construídos e heterogêneos entre si, que transbordam suas vidas e sentimentos em cada página do livro.

Saladino é um defensor da paz. Extremamente sábio e cauteloso, ele é um verdadeiro líder e faz o melhor que pode pelo seu povo. Nunca foi a favor da guerra, mas não deixou de sujar as suas mãos com sangue em defesa de seus ideais e conceitos. Sua visão a respeito da religião é ampla e abrangente, tanto que um de seus maiores conselheiros é o judeu Maimônides, em quem ele confia com todo o seu coração. Desde a primeira vez que vê Miriam, se apaixona pela moça, mesmo tendo um harém pomposo a sua disposição. Ele tenta transformá-la em uma de suas esposas, mas Miriam não quer se sujeitar ao harém e ser apenas mais uma. A coragem e determinação da moça o encantam ainda mais.

"(...)Não há momento melhor na vida do que quando se encontra o companheiro do próprio coração."

Miriam sofreu muito e padeceu das piores mazelas que um ser humano pode suportar. Muito bonita e dona de exímios olhos verdes, chama a atenção por onde passa. Ela é corajosa, impetuosa e orgulhosa, características essas que me agradaram muito. Mesmo amando Saladino, não se sujeita a sua vontade, procurando o que é melhor para si. Por ser judia, o relacionamento dos dois acontece às escondidas, por receio que os súditos do sultão entrem em represália. Sua presença enriquece e traz um ar todo especial a trama. Achei a sua colocação na história muito semelhante a de Helena de Tróia. As duas são personagens extremamente fortes e belas, que interferem diretamente no destino de duas nações.

"Todas as terríveis histórias que seu pai lhe contara da história de seu povo, haviam, afinal, se tornando reais naquele dia. As histórias que ela acreditava serem fábulas trágicas do antigos eram todas verdadeiras. De fato, elas eram a única verdade para um povo que havia sido escolhido por um Deus que exigia um preço alto demais por Seu amor."

Ricardo Coração de Leão se mostrou um personagem desprezível e egoísta. Ao contrário de seu pai, o rei Henrique, é mimado, inconsequente e não se importa de ceifar quantas vidas forem necessárias em busca de sua causa. Talvez seja presunção minha, mas se tem um verdadeiro antagonista por trás de tudo o que ocorreu, esse alguém é ele, com sua mesquinhez e ambição desenfreada. Senti que seu apreço por Miriam se deveu mais ao fato de ela ter um envolvimento com Saladino, e por si só, isso torná-la um objeto de seu interesse. Logicamente, quando ele a conheceu mais a fundo, notou traços do caráter de sua mãe na moça, e isso acabou lhe despertando novas sensações.

Em suma, À Sombra das Espadas é um romance incrivelmente construído, que nos relata com precisão e riqueza de detalhes esse período tão triste e caótico na história da humanidade, que esparramou as suas vertentes até o período contemporâneo. O autor pesquisou a fundo o tema, e soube mesclar fatos históricos com ficção de uma forma magistral e surpreendente. O romance foi bem arquitetado e serviu como uma divisor de águas para nos mostrar com exatidão as facetas de cada personagem. A capa é muito bonita e retrata bem o teor da história. A diagramação está favorável, com fonte em bom tamanho e revisão de qualidade, apesar de algumas partes do livro estarem um pouco apagadas. Recomendo, com certeza!

site: http://www.newsnessa.com/2013/09/resenha-sombra-das-espadas-kamran-pasha.html
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Jéssica 08/09/2013minha estante
Parabéns pela resenha Nessa.
Fiquei muito interessada no livro.


Jéssica 08/09/2013minha estante
Parabéns pela resenha Nessa.
Fiquei muito interessada no livro.




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