O Lobo do Mar

O Lobo do Mar Jack London




Resenhas - O Lobo do Mar


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Regis 13/10/2022

Escuna infernal
O livro conta a história de Humphrey van Weyden que após ser resgatado de um naufrágio, é mantido à força na escuna de caça à focas chamado Ghost, comandado pelo violento Capitão Wolf Larsen. Dessa forma é arrastado para o mar de Bering no extremo norte do oceano Pacífico, sem saber o que o destino lhe reservaria.

A história é narrada por Hump, como passou a ser chamado pelo capitão, ele vai conhecendo aos poucos o trabalho como camaroteiro, vivenciando momentos de terror, aprendendo sobre a vida no mar, adquirido consciência de si mesmo e de tudo que era capaz de suportar.

O Capitão Wolf Larsen foi um verdadeiro vilão: um homem capaz de te fazer admirar e odiar na mesma medida, capaz de te fazer concordar com ele em alguns momentos (mesmo sabendo que era errado). Um vilão que nenhum outro homem pode controlar ou dominar, com uma mente impressionante e uma maldade latente capaz de atos inimagináveis.

Os outros personagens complementam a história ajudando a engrossar essa mistura insalubre de crueldade e sofrimento a bordo dessa escuna infernal.
Destaque para Johnson e Peach: com sua moral e audácia, Louis: com seu sentido aguçado e instinto elevado de autopreservação e Thomas Mugridge: um personagem medroso, bajulador e ao mesmo tempo cruel e pernicioso que apesar de me causar paura, também conseguiu me despertar compaixão em determinados momentos.

Com uma escrita poderosa, capaz de me fazer sentir o odor fétido da gordura das focas, o golpear do vento em meu rosto e o sal do mar em minha língua, o autor me conquistou e me fez devorar cada página do livro, apreensiva e admirada com tudo que se descortinava diante dos meus olhos a cada capítulo.
Como foi fácil embarcar nessa aventura, amar e odiar os personagens, me sentir tentada a gritar a cada injustiça e me regozijar a cada pequena vitória do protagonista.

Os debates acalorados acerca do sentido da vida, da brutalidade humana e da existência da alma travados entre Humphrey e o Capitão, eram primorosos de se ler.
O autor nos mostra uma batalha constante entre o materialismo e o idealismo romântico, o medo da morte, a importância da vida, darwinismo, religião, criacionismo... e alguns outros.
Visões opostas que entram em atrito no empate entre Wolf Larsen e Humphrey van Weyden. Com a adição de Maud Brewster na metade do livro defendendo o idealismo e se unindo a Hump contra Larsen.

Confesso que a entrada de Maud na história deu um freada brusca na progressão, e levou a leitura por caminhos inesperados. Mesmo assim o livro me prendeu até o fim.

Que personagens cativantes, complexos e interessantes.
Devorei esse livro e já estou com saudade da maravilhosa aventura que tive o prazer de vivenciar à bordo do Ghost e seus tripulantes.
Recomendo muitíssimo essa leitura.
Adriana 13/10/2022minha estante
Ótima resenha ??????????


Regis 13/10/2022minha estante
Obrigada, Adriana. ?


Diani Voulga 14/10/2022minha estante
Quando você me contou em nossa conversa sobre a escrita eu já havia ficado interessado. Agora, com essa descrição do Capitão Larsen estou, também, querendo conhecer esse personagem. No fim os vilões e personagens que agem de forma que, na maioria das vezes abominamos, sempre tem facilidade para conquistar nosso fascínio e curiosidade (pelo menos o meu rs).
Ótima resenha, vida ??


HenryClerval 14/10/2022minha estante
Tirando um tempinho do trabalho para apreciar mais uma resenha maravilhosa que fará minha lista de leituras aumentar um pouquinho.
Parabéns minha querida! ????


Regis 14/10/2022minha estante
Ele é realmente um ótimo vilão, Giovani.
Desperta o interesse.


Regis 14/10/2022minha estante
Obrigada Leandro! ?
Sei que esse livro é a sua cara, já que adora O Chamado da Floresta tanto quanto eu.


Geovana 14/10/2022minha estante
Li esse livro quando eu tinha uns 19 anos. Vendo a sua resenha deu até saudade dessa obra maravilhosa ?


Regis 14/10/2022minha estante
La Sereníssima, achei o livro bem impactante. E é o tipo de história que com o tempo pede uma releitura. ?


Alex 25/10/2022minha estante
Excelente resenha. Uma das coisas que mais encanta nesse livro é a dialética entre Hump e o velho lobo. Apesar de toda sua tenacidade e violência, no plano das ideias era possível e até mesmo estimulado o embate, a contradição e, no fim, a construção de novas conclusões.

Obs. Falta muito isso nos dias atuais.


Regis 25/10/2022minha estante
Obrigada, Alex. ?
Concordo, o embate de ideias está em falta nos dias de hoje, quando acontece geralmente não é pacífico e cada um mantém sua opinião inicial.




Haylane.Rodrigues 13/02/2012

Bem-vindos ao Zoológico Humano!
Entre tantos outros livros do gênero, umas das minhas melhores leituras de 2011 foi, sem dúvida, O Lobo do Mar, de Jack London, um clássico que sob uma análise crítica supera outros romances de aventura em alto-mar.

À bordo da "Ghost", o personagem Lobo Larsen é o que se pode definir como um exemplar de absoluta virilidade e poder de ordem, criado sobre o molde do Übermensch (o Super-Homem Nietzschiano) comanda com mãos de ferro a embarcação durante a temporada da pesca de focas, com um caráter extremista que mescla força, intelecto e frieza verdadeiramente Luciférica, Larsen aterroriza seus homens e esmaga a moral de toda a sociedade. Em contra-partida surge o jovem gentleman Humphrey Van Weyden, um exemplo do homem atual: covarde, fragilizado, escravo da moralidade e amante das aparências.

Em suma, o livro mescla a vida dura no mar com os embates filosóficos de Larsen e Hump, e mostra como um homem absolutamente resoluto e firme em sua vontade torna-se a si próprio o seu chefe, o seu Deus, o seu Lúcifer.

* Fica a dica para a adaptação no filme italiano "II Lupo del Mare" de 1975 com Chuck Connor, que a meu ver não se poderia encontrar melhor interprete para dar vida ao tão terrível e magnífico Lobo Larsen.
Laura 25/07/2012minha estante
Nota, parabéns por perceber essas coisas


Haylane.Rodrigues 26/08/2012minha estante
Obrigada, Lau.


Rosas 12/12/2012minha estante
Ele é o melhor livro que eu já li e entendi. Sou fã pra caracaa!!


Ferreira.Souza 06/04/2021minha estante
não é um livro ruim, mas Jesus!
perdi longos cinco dias me arrastando por bobagens machistas


Haylane.Rodrigues 29/05/2021minha estante
Sou apaixonada pelo Lobo Larsen. O que há de machista nesse livro?




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Linter 12/09/2017minha estante
Erikson, concordo plenamente contigo (spoiler): foi um final bem fraquinho para um personagem tão forte e importante no livro. Eu torcia para que um dos dois vencesse o embate moral, mas no caso foi um WO. Um final interessante seria o Hump tomar o lugar do Lobo na Ghost e virasse o capitão, com toda a tripulação sob o seu jugo, ou alguma coisa desse tipo.
E esse romance que apareceu do nada? Pra quê isso???
Faltou pouco para ser um livro genial...


@Estantedelivrosdamylla 06/08/2019minha estante
Já eu vejo de outra forma, acho que a morte de Wolf Larsen foi mais trágica do que se ele tivesse morrido da forma bruta como ele matava os outros. Ele, que era um homem inteligente, viril e cheio de vida, foi submetido a uma morte dolorosa, lenta, e que fez ele ser aprisionado em argila, como diz o próprio Humphrey. Ele assistiu, literalmente, a sua própria morte e além disso, não conseguiu fazer Humphrey agir da forma primitiva que ele fazia.
Além disso, ele sempre enxergava que o mais forte vence o mais fraco, e no final, ele que se achava o mais forte foi quem pereceu frente a Hump, que para Wolf Larsen, mal sabia andar com as próprias pernas.


eriksonsr 19/08/2019minha estante
Nunca tinha visto a coisa dessa forma, chega quase a dar pena dele, alem de morrer ver tudo que acredita acabar desta forma...


Jessé 08/12/2019minha estante
Cara compartilho do seu sentimento com esse livro. Pra mim ele desando quando a tal Maud apareceu na história.

Depois disso o livro não tinha mais diálogos grandiosos, e todos os outros personagens interessantíssimos da tripulação foram esquecidos no churrasco.

Sobre a morte do Wolf, eu também não estava esperando uma morte Brutal, porque já previa que ele tivesse câncer por causa das dores de cabeça. Mas a maneira abrupta que isso aconteceu, é muito frustrante. Acontece de uma hora pra outra, e vc fica: então tá né!




Reccanello 26/12/2022

Em defesa de Lobo Larsen
Quando Gandalf adverte Bilbo "que o mundo está lá fora; não em seus livros e mapas" ele pretende mostrar ao pequeno hobbit que, mais que uma temeridade, o processo de se aventurar é necessário ao crescimento e à evolução individuais, e que todo conhecimento teórico é inútil sem sua percepção e aplicação na prática. Ainda que por caminhos mais tortuosos e menos bucólicos que aqueles desenhados por Tolkien, é esse mesmo amadurecimento que observamos e acompanhamos na história de Humphrey van Weyden, um crítico literário rico, franzino e fraco (tanto física quanto moralmente) que, após ser resgatado de um naufrágio, é mantido à força na escuna de caça à focas chamada Ghost, comandado pelo violento, ríspido e frio Capitão Lobo Larsen, um dos personagens mais impressionantes e, surpreendentemente, ignorados da literatura.
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Escrita em 1903, e colocando o mar e seus trabalhadores como uma metáfora para a própria vida e as relações humanas, a história do teórico e burocrático "playboyzinho" a cujo rosto é atirada sem desculpas a crueza da "vida real" nos traz debates acalorados, profundos e primorosos sobre temas atemporais como o sentido da vida, a brutalidade humana e a existência da alma, sem deixar de lado, entretanto, assuntos mais relevantes e conectados à época de sua escrita, como a batalha entre o materialismo dialético e o idealismo romântico, o medo da morte e a importância da vida, darwinismo, religião e criacionismo, coletivismo versus individualismo... Opostos completos, Lobo Larsen e Hump (apelido ao mesmo tempo carinhoso e depreciativo que lhe é dado pelo Capitão) elevam suas discussões a níveis altíssimos, com Lobo Larsen demonstrando erudição e conhecimentos, no mínimo, inauditos para um "simples homem do mar" que passa seus dias dividido entre a caça e a matança de focas e a tarefa de infernizar a vida de sua tripulação, atemorizando-a constantemente com sua crueldade. Talvez por sua frequente brutalidade, aqueles diálogos filosóficos fluem prazerosamente, impressionando Hump pela bagagem literária de Lobo, que inclui grandes nomes da literatura e da filosofia. Ainda assim, mesmo com esse ponto em comum entre ambos, e mesmo pedantemente destacando que os conhecimentos do capitão são superficiais e inferiores às suas próprias e qualificadas análises como crítico literário, Hump não consegue deixar de admirar a força e a virilidade de Lobo Larsen, a quem em mais de uma ocasião descreve como belo, de simetria ímpar, um espécime perfeito de masculinidade, um exímio autodidata em assuntos tão vastos como matemática, literatura, ciência, filosofia e tecnologia (conquanto reconheça que sua verdadeira força reside em algo mais primitivo e animalesco). Ao mesmo tempo em que arrefece os ânimos exaltados, a introdução de uma personagem feminina na história acrescenta e eleva ao paroxismo a animosidade entre Hump e o Capitão, levando a história para um desfecho trágico, agravado pelo surgimento do irmão de Lobo, Morte Larsen, um capitão que dizem ser ainda mais cruel que nosso herói!
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Assim como acontece com Hump, o leitor também não passa incólume ao Capitão, que ao longo da leitura o odiará, amará e, ao final, parcialmente compreenderá, ao entender seu apego à vida. Enfim, conquanto para muitos o nome do livro se refira a Humphrey van Weyden e à sua evolução como homem e ao seu aprendizado como marinheiro, para mim é Lobo Larsen o personagem principal da obra, porquanto criado da mesma matéria que moldou e temperou personagens tão potentes quando o tenaz e demoníaco Capitão Ahab de "Moby Dick" e o atroz comerciante de marfim Kurtz de "O coração das trevas". Larsen é esse homem "sem ficções", virtuoso no sentido maquiavélico da palavra, que vê a vida como ela realmente é e, portanto, um monstro sábio e solitário, ao mesmo tempo dadivoso como Prometeu e lúcido como Lúcifer, um personagem grandioso, atormentado, torturado e, infelizmente, desperdiçado em um livro cujo final arrastado não fez justiça à grandeza de sua história.

site: https://www.instagram.com/p/Cmo1ryxLZS9/
Mauro 26/12/2022minha estante
Inefável ?


skuser02844 27/12/2022minha estante
Li no comecinho deste ano. Genial! Fiquei muito impressionada. Mas confesso que não gosto a partir de quando chega a personagem feminina. Parece surgir para dar um "final feliz" meio forçado.


Reccanello 28/12/2022minha estante
A personagem feminina parece que foi colocada só para desviar o foco do "bromance" entre Hump e Larsen.


skuser02844 28/12/2022minha estante
Exato! ?




Gisele @li_trelando 15/02/2020

Surpreendente
Diferente do que esperamos em um livro de aventura.
Pandora 19/06/2020minha estante
Muito diferente. Para mim tá sendo aquele livro que atrapalha o fluxo de leitura. Seria ele o "Autobiografia" versão 2020. Estou enfrentando ele agora no ou vai ou racha.


Gisele @li_trelando 20/06/2020minha estante
Kkkkk eu confesso que em alguns momentos fiz leitura dinâmica


Pandora 20/06/2020minha estante
E esse romance BL?!?! Essa moça que aparece no meio do caminho nem me convence. O Lobo morrendo de ciúme.




Ruan.Rodrigo 01/08/2020

Clássico
O lobo do mar é um romance clássico , recomendo para quem gosta de reviravoltas e clichês ... Com um final bom
Camila.Santos 01/08/2020minha estante
Com certeza vou ler, amo Jack London


Ruan.Rodrigo 01/08/2020minha estante
Se vc gosta da escrita do autor, tenha certeza que esse vai ser mais um que vai gostar kkkk foi minha primeira experiência e já achei legal!


Camila.Santos 01/08/2020minha estante
Se vc quiser ter mais contato com o autor eu recomendo fortemente O Chamado da Floresta, o então Caninos Brancos. Ou ainda um conto curtinho dele que vc acha na internet mesmo, Acender Uma Fogueira (esse é de arrepiar!).




Nathalie.Murcia 19/04/2021

Sensacional
Leitura excelente. Clássico é clássico. Wolf Larsen é o capitão do navio Ghost. Um homem temido por seus marujos e caçadores de focas, que faz jus ao epíteto "lobo do mar". Um vilão com uma retórica e sabedoria acima da média, mas despedido de qualquer sentimento de bondade para com os semelhantes. No contraponto, temos o protagonista, Humphrey van Weyden, um homem letrado, da alta sociedade, imbuído de bons sentimentos e ética, mas que nunca trabalhou arduamente (o famigerado "almofadinha").

Eis que, por circunstâncias do destino, ele acaba a bordo do Ghost. Sem embargo de ter sido a experiência mais aterradora por ele vivenciada, haja vista que o protagonista passou por maus bocados, evoluiu muito e criou "uma casca" ao lidar com homens que tinham códigos próprios de sobrevivência, e beiravam à selvageria. Os diversos diálogos entre Wolf Larsen, travados ao longo de toda a narrativa, são o ponto alto do livro. Ao mesmo tempo que o protagonista temia e tinha ojeriza do capitão, o admirava com sinceridade. Um paradoxo muito interessante e bem explorado. A complexidade psicológica do vilão é abissal. Não é à toa que adquiriu notoriedade no meio literário.

A meu ver, em se tratando de romances marítimos, este sobrepujou até mesmo "Robson Crusoé" e "O Velho e o Mar", outros dois clássicos de renome. Pretendo ler os demais livros de Jack London. Paguei a língua, pois sempre achei a literatura norteamericana mais superficial quando comparada com as demais.
Alê | @alexandrejjr 19/04/2021minha estante
Sempre é bom sermos surpreendidos, né, Nathalie?


Nathalie.Murcia 19/04/2021minha estante
Com certeza! E foi uma.bema surpresa.


Nathalie.Murcia 19/04/2021minha estante
Com certeza! E foi uma bela surpresa.




Adriana 31/10/2022

O Lobo Marinho
Como clássico literário, O Lobo do Mar é mais do que um romance, é um livro que coloca vários dilemas morais, e a conversa entre Larson e Humphrey nos faz pensar sobre a vida em geral, ora concordar com um, ora com o outro. .
A essência e a natureza filosófica deste livro o tornam um clássico atemporal, mas não é fácil de ler, mas com certeza fará você pensar.

Recomendo muito essa Leitura.
Regis 01/11/2022minha estante
Foi um bom resumo, Drica. ????


Adriana 01/11/2022minha estante
Obrigada linda ? não sou muito boa em resenhas ??????




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BetoOliveira_autor 27/01/2020minha estante
Tô lendo o livro, ainda nas 100 primeiras páginas. Não me preocupo muito com essa coisa de spoiler, pois a leitura é singular para cada leitor. Muitas vezes a forma de contar é muito mais rica que o próprio enredo e suas tramas.
Você fez uma síntese sobre a mulher que surge no meio da narrativa. Interessante que ela desperta o amor nos dois homens, e cada passa por profundas transformações. O rejeitado, outrora impávido e brutal, definha até o fim. O outro, antes medroso e passivo, ganha coragem e enfrenta seu contendo. O que não foi capaz de fazer antes, abandonar o barco, fez depois movido pelo amor. Parece que por trás dessa melosa situação, há um forte simbolismo. Tanto o homem sofisticado como o homem bruto não escapam das forças inafastáveis das paixões.


Jessé 27/01/2020minha estante
Sim entendi esse aspecto do livro com a introdução dela, mas o meu problema com isso, é o esquecimento de outros personagens na trama. Como disse, o próprio Larsen é esquecido nas últimas páginas e tem fim meio bobo.
E como também mencionei, a qualidade dos diálogos caem muito ao meu ver. Mas foi um bom livro. Só não achei tão maravilhoso como muitos falam.




Alex 26/10/2022

O velho Lúcifer do mar
O Lobo do mar é um livro interessantíssimo, carregado de episódios autobiográficos, em meio a uma ficção de tirar o fôlego.

A história te apresenta Humpfrey van Weiden, protagonista (com muito do próprio Jack London), ele é um escritor, rentista, que nunca precisou ?andar por suas próprias pernas?.

Após um acidente na Bahia de São Francisco, Humprey é resgatado do mar, a bordo de uma escuna de caça às focas, chamada Ghost.

Tal escuna é comandada pelo Lobo do Mar, Wolf Larsen, o próprio diabo para alguns. E é então que começa a história toda.

Humpfrey, passa a ser parte da tripulação do Ghost. Um ato de generosidade de Larsen que afirma ?quem sabe assim ganhe as próprias pernas em algum tempo, quem sabe consiga até andar sozinho?.

Durante a temporada de caça, acontecem inúmeros episódios de violência extrema, maldade visceral, mortes, motim e fugas. Sendo impossível não odiar o temperamento e sadismo do capitão Larsen.

Mas, por outro lado, também acontecem inúmeros embates intelectuais entre Humpfrey (agora chamado Hump) e Larsen. Os dois discutem no plano das ideias. O primeiro, idealista romântico (típico de quem não viveu muito no mundo real), o outro um materialista ferrenho, teimoso e amoral.

Os embates são diretos, sem meias palavras, Larsen apesar de ser um valentão que deseja espancar a todos, consegue manter a dialética, discordar e ainda assim manter o diálogo. E isso me marcou muito, primeiro, porque tais diálogos são riquíssimos, os dois pontos de vistas são instigantes e inteligentíssimos, no mínimo enriquecedor para o leitor; segundo, porque o respeito durante o diálogo, me é muito caro, só pessoas elevadas conseguem conversar, discordar respeitosamente, e seguir dialogando, e Larsen dialoga, admira o repertório de seu interlocutor e estimula, mesmo que as contradições.

Dito isso, este é um dos pontos de divergência no caráter de Larsen, um psicopata, sádico, mas inteligente e dialético. Outro ponto, de divergência é, seu paternalismo com Hump.

Ele não apenas o promove, sem qualquer conhecimento técnico naval, como lida com ele, para lhe dar autonomia, liberdade de ação, vencer seus medos, superar suas barreiras, ?andar com suas próprias pernas?. E quando consegue, sente orgulho de Humprfrey, como se fosse seu filho ou seu pupilo.

Esta jornada de auto descobrimento é de uma riqueza e humanidade tremenda. Mas não cabe em uma resenha. Portanto, recomendo a leitura.

Larsen, entrou no hall dos vilões que amamos odiar. London, reconhecido autor de clássicos e não é à toa, é um mestre em seu ofício.

Obs: os episódios da perseguição do bote fugitivo e do do tubarão, me impactaram tremendamente. Senti ódio de Larsen! Uma raiva sem tamanho, por perpetrar aquelas maldades.
Regis 26/10/2022minha estante
Maravilhosa resenha, Alex. Parabéns! ????


Adriana 27/10/2022minha estante
Excelente resenha Alex, Parabéns ??????????




Paiva 03/11/2023

Que saga!
Lobo Larsen é um bruto, forte, inteligente e perverso impossível de não se apaixonar. Ele é o protagonista, o carrasco e o mestre e sim, vc o odeia, mas torce por ele.
Créditos também para náufrago/prisioneiro Humphrey q passou de filhinho de papai p um belo navegador.
Os diálogos entre os protagonistas sobre moral, ética, vida, Deus são impactantes aos leitores.
As cenas de violência são fortes, mas fiquei mais penalizada com a caça as pobres focas.
Gleidson 03/11/2023minha estante
Um dos meus favoritos! ?




22/08/2010


Exemplificar o ser humano perfeito segundo Nietsche, creio que foi isso que o autor quis ao criar Lobo Larsen. O encontro acidental do gentleman Humphrey Van Weyden e Lobo Larsen, capitão da escuna Ghost,mostra de forma simbólica, através das relações que ocorrem na escuna em busca da caça de focas, as idéias de Nietsche sobre poder e caridade e tem como plano de fundo o materialismo histórico de Marx. Tudo isso é escrito de forma leve, sem peso didático, pois a tensão e as situações novas que surgiam a todo o momento fazem o leitor ter vontade de avançar rapidamente pela história e ver os fermentos, palavras de Lobo Larsen, lutarem para continuarem vivos.
David Fianna 22/12/2011minha estante
excelente apreciação! o materialismo de Wolf Larsem Só se distancia do ideal Nietzscheano no que compete a suprema valorização da intelectualidade, e não consideraria exatamente um espirito livre... mas achei td mt valido




Mister Lyndon 10/05/2020

TEORIA E PRÁTICA
Nem tudo que é ensinado é praticado, por parte de quem ensina. Sabemos que o álcool enfraquece o corpo, mesmo assim o consumimos. Sabemos que a gordura animal, que tanto apetece nossas refeições, está associada aos problemas cardíacos, mesmo assim a deglutimos. Ensinamos aos mais jovens, noções de ética, respeito e valores teóricos, porém, em nosso cotidiano muito de tudo isso é deixado de lado. O embate travado entre Humphrey e Lobo Larsen nos arremete a essas ponderações, teoria e prática, o que se diz e o que se faz, o que ensinamos e o que de fato praticamos. Apesar de lançado em 1904 esse romance é atemporal pois sua essência se faz presente em todos os setores da sociedade moderna. Apoiado na essência darwinista, que estava em alta no início do Século XX, o autor retrata a existência de uma variabilidade – diferentes personalidades dos personagens que navegam na escuna “Ghost” – que serve de base onde atuará a seleção do mais forte, do mais apto, do mais perspicaz e daquele que prevalece e impõe o respeito. No universo da ficção, um fato real chamou a tenção, a matança das focas. Tal barbárie é descrita em detalhes justificando sim a criação da época do antropoceno que estamos. Confesso não ter gostado de Jack London chamar as focas de anfíbios, mas depois percebi que tal temo se aplicava ao estilo de vida – Terra/Mar – dessas pobres criaturas. Naquela época era comum filosofar sobre vida após a morte e a possível existência de uma alma imortal, fato bastante explorado ao longo do romance.

* Lyndon Johnson B. de Souza
driollo 10/05/2020minha estante
Pai, acho que excluí seu comentário no livro do senhor dos anéis. Desculpe, foi sem querer. Também gostei de terminar o livro. Estava ficando cansada. Depois quero ler o Lobo do Mar, mas só depois. Tenho muita coisa na minha estante! Beijos.




Sidney Matias 02/03/2014

O Lobo do Mar - Jack London
Além de jornalista, marinheiro e escritor, Jack London era um notório aventureiro, foi para o Alasca em busca de ouro, e escreveu contos, poesias e ensaios. Alguns destaques do autor como os livros, "O Chamado Selvagem" e "Caninos Bancos", também já tiveram um espaço garantido aqui no blog.

No auge de sua inspiração, Jack London concebe ao mundo literário O Lobo do Mar, este que segue nos mesmos moldes de suas outras obras, extremos e diferentes realidades sendo colocados a prova em um mesmo plano, tendo como cenários paisagens fascinantes em meio a natureza, com boas doses de estadias em lugares inóspitos e enebriantes, onde a luta pela vida é uma necessidade constante.

Escrito em 1903, O Lobo do Mar é uma excelente análise psicológica, influenciado pelas ideologias de Darwin e Nietzsche, Jack London nos apresenta na obra facetas do bem e do mal, nos fazendo pensar qual é o significado e o real valor de nossas vidas. Apesar de leitura fácil e descomplicada, o livro trata de assuntos polêmicos, onde conclusões arrebatadoras de nossos personagens garantem boas horas de reflexão.

As viagens marítimas de Jack London a bordo de um barco caçador de focas, serviram como inspiração para "O Lobo do Mar". O escritor narra a história do crítico literário Humphrey Van Weyden, náufrago resgatado por Lobo Larsen. E uma vez abordo do navio Ghost, a vida de Humprey jamais voltou a ser a mesma.

Nos primeiros capítulos, o autor derrama uma série de teorias filosóficas associadas a Nietzsche, personificando o capitão do sombrio Navio Ghost, onde sua rigidez e ordem de comando opressora, faz com que ninguém tenha dúvida de quem realmente está com as rédeas em punho.
Lobo Larsen também deixou bem explícito seu ceticismo, não acreditava em qualquer divindade, existência de alma ou coisas do tipo. Para o capitão não temos nada além do corpo, onde certamente o medo tem como origem o temor que temos de nos machucar, coisa que ele não sentia, assim como também não tinha compaixão por nada nem ninguém, e intitulava esses sentimentos como fraquezas.

No outro extremo da corda temos nosso personagem que fora resgatado, sem calos nas mãos, um homem criado em meio a livros e culturas infindáveis, que nunca havia realizado algum serviço braçal ou visto cenas de brutalidades e violência física.

Notavelmente o patamar mais elevado das discussões filosóficas, se dão por conta dos debates intelectuais entre Humphrey e Lobo Larsen. Onde em suas mangas, sempre estavam munidos de citações de grandes escritores e filósofos, bastava um diálogo qualquer entre os dois para que pudesse vir a tona temas notavelmente interessantes, seguindo desde a criação da vida e a evolução do homem. Questões sociais, religiosas e culturais também faziam parte dos assuntos abordados.

Quando a pauta pendia ao materialismo e o valor da vida, somos levados a profunda reflexão, onde frases de grande impacto irão martelar constantemente na cabeça do leitor.

Uma obra dotada de uma narrativa fantástica, entretendo o leitor com as relações peculiares entre os tripulantes da embarcação. Sangue, mortes, atos desumanos, castigos, desafios a natureza, mesmo ela se apresentando em sua forma mais brutal. Temos também uma verdadeira aula de psicologia, pessoas vivendo confinadas em alto mar, longe da sociedade e da terra firme, sob comando de Lobo Larsen, um ser que mescla selvageria, força física a uma capacidade intelectual direcionada a sobrevivência sem remorsos, custe o que custar. Corriqueiramente profanando atos demoníacos, como se fossem uma simples tarefa de sua rotina diária, garantindo cenas cheias de horror, onde ao decorrer das páginas, faz com que a obra ganhe um ritmo espetacular, picos de tensão e euforia são constantes, umas das melhores aventuras que pude ler

Após ser resgatado pelo navio Ghost, Humprey passou longos dias a se recuperar do acidente que sofrera durante o naufrágio de sua embarcação, e com muito esforço e sofrimento, muita das vezes segurando as última fagulhas de sua vida nas pontas dos dedos, para ali então permanecer vivo.
Mas com o passar do tempo Humprey evolui física e mentalmente, andando com as próprias pernas, em um novo mundo que até então não conhecia.

Uma aventura empolgante, onde os acontecimentos não param, e em certo ponto as coisas mudam de rumo, quando também perdida no mar e resgatada pela Ghost, sobe abordo a nobre escritora Maud Brewster, e a partir daquele instante, essa nova tripulante passará a ter sua vida a merce da sorte e das inconstâncias de Lobo Larsen, passando a trabalhar em sua embarcação, nas mais ríspidas condições.

Logo de início Humprey foi sugado pelo brilho dos olhos da linda moça, de face sempre rosada, com traços femininos encantadores, o amor depois de tanto tempo, aterrissara nesse novo mundo em que Humprey vivia. Não mais sozinho no embate pela vida, traça um novo plano, onde esforços não seriam medidos, e já nessa nova etapa, a força física adquirida trabalha em conjunto com seu intelecto que sempre fora muito em forma, mas agora mais experiente, levando o leitor rumo a um final expetacular.

Como sempre, Jack London dá um show na criação de personagens, onde suas concepções sobre vida e morte, bem e mal, espírito e matéria, garantem um leitura memorável. Uma ideologia sobre os fracos e os fortes, diálogos marcantes, sempre expondo confrontos de personalidades entre os protagonistas com palavras bem colocadas.

Com muita maestria Jack London conduz a narrativa, descrições de ambientes e termos técnicos de navegação marítima, que nosso aventureiro e escritor muito bem conhecia.

O Lobo do Mar ganhou adaptações cinematográficas em 1941 e 2009.

Um grande clássico da literatura, que vai além de um simples romance, um livro que propõe diversos dilemas morais, nos faz pensar na vida de um modo geral, pontos de vistas diferentes, personagens marcantes e um cenário fantástico, onde as intempéries da natureza trazem castigos vindos do mar a qualquer instante, com se não bastassem as dificuldades em ser subordinado a Lobo Larsen, um livro que todos deveriam ler. Casa de Livro recomenda.

Titulo: O Lobo do Mar
Título Original: The Wolf Sea
Autor: Jack London
Páginas: 226
Ano lançamento: 1903
Editora: Martin Claret

Boa Leitura

Sidney Matias

site: http://www.casadelivro.com.br/2014/01/alem-de-jornalista-marinheiro-e.html
Sarah 20/09/2014minha estante
Obrigada pela Resenha. Já havia comprado o livro mas como vi que a edição da martin claret deste livro teve muitos cortes desanimei. Vou retomar a leitura. Sua resenha me animou. Abraços.




Eduardo.Muhl 04/01/2014

Pensar a leitura de um livro clássico é se imaginar em uma leitura pesado e rebuscada, sendo que somente os melhores acadêmicos serão capazes de extrair dali a essência que o autor quer transmitir. Em "O Lobo do Mar" encontrei o cenário oposto para minha surpresa. O livro se propõe à um debate filosófico entre duas figuras opostas, Humphrey van Weyden (assumindo o papel de acadêmico) e cap. Wolf Larsen (assumindo o papel de sociopata).
O tema filosófico foi o que me levou a iniciar a leitura desta obra de London. Entretanto, fiquei maravilhado ao descobrir que mesmo se propondo à levantar questões e debate-las, o autor não deixa a desejar no quesito "aventura". Há várias passagens memoráveis na obra, retratando a precariedade da vida de marujos em alto mar enquanto em caça à focas. O autor se utiliza de um linguajar sujo e bruto em sua obra, assim como a cama na qual estes homens dormem. Para mim que nunca tive contato algum com o tema, ou seja, navegação, a obra foi um prato cheio, uma vez que ela é carregada de termos e explicações deste universo (recomendo a edição comentada, pois além de possuir ricas informações possui um glossário ao final do livro).
O que mais me agradou nesta obra foi a capacidade do autor de demonstrar diferentes pontos de vista partindo de uma mesma teoria. Isto pode ser demonstrado ao se observar como os dois protagonistas se utilizam do Darwinismo social ou mesmo da ideia de Herbert Spencer ("Sobrevivência do mais apto"). Larsen se defende que aquele que for mais forte no sentido literal sobreviverá, sendo que sua sobrevivência é pautada na "morte" ou "decadência" dos demais. Larsen vive uma vida egoísta, não se importando com o estado dos demais, governando sua escuna desta forma, sendo no fim mais um egoísta numa escuna em um mar de egoístas. Por outro lado, Humphrey van Weyden pode ser considerado um altruísta, acreditando que a vida em comunidade e de cooperação é que deve valer (ao meu ver, esta é a principal diferença entre Humphrey van Weyden e os demais tripulantes, sendo esta também sua maior barreira).
Além destas questões, podemos encontrar também debates sobre vida e morte, imortalidade e reencarnação por exemplo, sendo estes termas sempre sustentados com uma argumentação clara e direta, possuindo sarcasmo e humor em algumas passagens.
Ao fim, o autor nos mostra que uma ideia não leva à um ponto só, havendo várias ramificações desta, e que o debate sempre se fará necessário.
yurigreen 08/03/2014minha estante
Muito bom hein cara! Eu to aqui um tempão querendo ler O Lobo do mar e O chamado da floresta, depois da sua resenha fiquei mais empolgado e vou por como prioridade de compra =D.

Só não me diga que você leu pela versão da Martin Claret (essa que tá apresentada na figura de capa aqui), porque as traduções deles são tenebrosas e traem completamente a obra original.

No mais, pare de vergoinha e resenhe mais por aqui.
Abração.
-Y-





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