O Lobo do Mar

O Lobo do Mar Jack London




Resenhas - O Lobo do Mar


150 encontrados | exibindo 16 a 31
2 | 3 | 4 | 5 | 6 | 7 | 8 |


spoiler visualizar
comentários(0)comente



yurigreen 17/04/2014

Inferno e lucidez
Vivo numa fase onde um dos maiores prazeres que encontro é num diálogo bem construído, seja numa conversa despreocupada, entre personagens de um seriado, filme, texto ou de um livro, desde que me leve a catarse, a experiência há de ser maravilhosa.

O primeiro livro de Jack London que tenho contato oferece essa viagem espetacular através dos encontros e das passagens transcritas entre as falas dos protagonistas Wolf Larsen e Van Wayden, o primeiro sendo o capitão da escuna Ghost e o segundo seu náufrago resgatado. Apesar do plano de fundo ser uma gélida cruzada pelos mares do pacífico, o clima é incendiário do início ao fim do livro, basicamente por dois pontos fundamentais que London estabeleceu: 1) a experiência de convívio entre o próprio diabo (Larsen) e um covarde (Wayden) e; 2) a semelhança de referências literárias que os mesmos personagens carregam, mas com interpretações socio-filosóficas diametralmente opostas. Misture isso a uma tripulação que zomba da própria desgraça, da solidão oceânica, das tempestades dilacerantes e da presença de uma mulher entre tantos marujos nojentos... não fica difícil imaginar o contexto amargo percebido nas páginas.

De modo erudito e racional, Jack London faz emergir a construção de um personagem que decerto marcou minha memória, e demonstra que através da vivência, que acaso e contexto tem total importância na formação física e moral de um indivíduo - uma abordagem por sinal bastante difundida no texto sob o âmbito do darwinismo social.

Sem mais contribuições, leitura magnificente!
comentários(0)comente



Alessandro232 20/04/2014

Um clássico que merece ser lido e descoberto
Apesar de Jack London ser considerado um dos melhores escritores norte-americanos,talvez do século XX, suas obras parecem que são pouco conhecidas no Brasil. O Lobo do Mar segue o estilo do escritor: narrativa fluída que narra as aventuras de um homem que de inesperadamente se vê em ambiente hostil e, por isso, é obrigado a se adaptar a ele para sobreviver. Por trás do formato de história de aventura marítima que não esconde suas origens no clássico Moby Dick, o livro também é uma espécie de romance filosófico, onde os personagens centrais, o almofadinha Humphery van Weyden e o capitão do navio, o bestializado, Wolf Larsen travam um embate intelectual que remete a teoria da evolução da espécie de Darwin e ao conceito de superhomem de Nietzsche. Também são interessantes a referências que o autor faz a Paraíso perdido, poema épico de John Milton, principalmente, para descrever a personalidade turbenta de Larsen, um dos vilões mais interessantes da literatura norte-americana. Envolvente, emocionante e tenso em muito momentos, O Lobo do Mar é um clássico que merece ser lido e descoberto.
comentários(0)comente



Marcos 24/06/2014

O melhor do Jack London - escritor estado-unidense preferido :D
| Incrível! A história contada por Jack London, não só é bem construída como incrível. O livro conta a história de Humphrey van Weyden, que após virar um náufrago em sua viagem é resgatado pela escuna de caça à focas, com o sugestivo nome de Ghost. À bordo descobre o inferno sobre o mar, e, conhece mais profundamente o capitão que o abriga, Wolf Larsen, descrito por toda tripulação como o próprio diabo encarnado. Muita coisa acontece, mas enfim, eis que entra uma mulher na escuna Ghost em meio ao Lobo, o náufrago, marujos e tripulantes selvagens e é melhor ler!
O livro é muito bom, difícil de largar! A história é contemporânea a Moby Dick (Herman Melville), se passa no fim do século XIX e início do século XX. A leitura fica entre uma intrigante discussão sobre os conceitos darwinianos, o bem e o mal e a separação entre razão e sentimentos, proporcionadas por embates de Wolf e Humphrey. Wolf Larsen é um dos personagens mais bem construídos, e, é quem deixa a história mais intensa e profunda. Pra quem tem estômago forte e não tem problema em ler conteúdo com violência, como por exemplo, a atividade de caça à focas (pois era o que fomentava a indústria da moda nesse início de séc.), é uma excelente opção. Então....
Excelente leitura!
comentários(0)comente



Nanda Lima 28/02/2014

Um clássico delicioso!
Adoro vlogs literários: com eles aprendo mais sobre Literatura e conheço novos livros e autores. E um dos melhores livros que já li na vida, conheci através de um vlog. O lobo do mar, de Jack London, é considerado um clássico norte-americano, e seu autor é tido como um dos maiores escritores americanos de todos os tempos. No entanto, vergonhosamente, nunca tinha ouvido falar da obra ou de London.

A obra é de uma profundidade absurda, com diálogos recheados de Filosofia e citações de autores clássicos da Literatura. Os diálogos entre Wolf Larsen um dos melhores personagens que já vi e Weyden são inquietantes e nos fazem refletir sobre nossa concepção de mundo, sobre o verdadeiro significado da moralidade e da existência humana. O clássico, publicado originalmente em 1904, é atual e extremamente relevante.

Possui, também, muita ação, algumas vezes até de tirar o fôlego, e eu me peguei lendo compulsivamente certas partes com olhos vidrados no e-reader.

Eu não era a mesma depois de ler O lobo do mar. Passei dias pensando nas frases de Wolf Larsen, concordando com algumas e abominando outras. E poucos são os livros que nos fazem pensar neles tempos após os termos lido. Mas tenho certeza de que esse livro vai permanecer nos meus pensamentos por muito tempo, e certamente vou querer relê-lo de tempos em tempos. Esse livro, definitivamente, me modificou.

Recomendo para aqueles que adoram um bom clássico, para os que gostam de obras inquietantes e com ação, para os que gostam de Filosofia e para os que querem apenas um bom livro para ler. Dou nota máxima para ele!

site: www.umaleitoraassidua.blogspot.com
comentários(0)comente



Andréa 12/07/2010

A vida na sua realidade mais bruta
Uma aventura no mar onde a luta pela sobrevienvia física é travada junto à luta pela sobreviência moral. Quando duas pessoas tão diferentes como Humper e o Capitão Lobo Larsen, têm que conviver em um pequeno mundo cercado pelos mistérios e perigos do mar, a vida ensina a cada um deles o quão cruel ela pode ser. Humphrey, um homem habituado aos livros que nunca precisou se preocupar em ganhar a vida, após o naufrágio do navio em que viajava, é resgatado, mas se vê obrigado a trabalhar em uma escuda habitada por caçadores de foca e um capitão auto-ditada apaixonado por literatura, mas que despresa a vida como se cada ser humano fosse apenas mais uma gota no oceano. Além de se habituar ao trabalho físico, Hump precisa ignorar preceitos morais de uma vida civilizada que não encontra espaço junto ao cruel Capitão Lobo Larsen. A vida na sua realidade mais bruta é o que Humphrey tem que enfrentar, mesmo quando consegue escapar das mãos de Lobo, porém, a vontade de viver transforma o homem das palavras em homem de ação que não mede esforços para lutar pela sua vida e daquela que assim como ele, se vê presa nas mãos de um homem capaz de matar por simples prazer ou desprezo. Sem dúvida o forte do livro são os diálogos sobre a vida travados entre esses dois personagens tão diversos. A natureza humana nos é apresentada por London com uma realidade que chega a chocar e que nos faz refletir se somos ou não moldados pelo meio em que nascemos e vivemos.
comentários(0)comente



Lela Tiemi 11/06/2009

Muitas aventuras e reflexões...
Toda vez que leio um clássico que me impressiona, vou buscar informações sobre a vida de seu criador: John Griffith Chaney (pseudônimo Jack London), nasceu em São Francisco (EUA), em 12 de janeiro de 1876 e faleceu em 22 de novembro de 1916, aos 40 anos. Alguns acreditam que sua morte foi acidental, outros acreditam que Jack suicidou-se ao ingerir uma overdose de morfina, que costumava tomar para aliviar a dor causada pela uremia. Além disso, Jack tinha problemas com a bebida mais ao fim de sua vida, principalmente após alguns desastres financeiros. Quando mais novo, teve que abandonar a escola para trabalhar, tornando-se um "autodidata", Jack foi jornalista e escreveu diversos livros.
Um escritor com uma vida cheia de aventuras e desafios, só poderia escrever histórias igualmente impressionantes ao que viveu.
London era apaixonado por navegação, e essa paixão se revela em cada detalhe da narrativa sobre essa história de aventura em alto-mar.

Humphrey Van Weyden, acredita estar a salvo ao ser resgatado pela escuna Ghost após o náufrago. Entretanto, ao conhecer o capitão, o brutal Lobo Larsen, ele começa a temer por sua vida. Logo percebe que não será deixado no porto mais próximo, e sim, deverá integrar à tribulação de caçadores de focas e seguir viagem sob o comando de um homem violento e intolerante, mas que também gosta de ler e filosofar.
Lobo Larsen tem uma visão muito peculiar sobre o valor da vida e da condição humana, e se agarra até seu último suspiro em suas convicções, mostrando que mesmo em um corpo debilitado há nele uma alma que não desisti de lutar para impor suas ordens, tentando mostrar-se capitão mesmo quando há mais ninguém para obedecê-lo e não há mais forças em suas mãos para brutalidades.
Já Humphrey, o intelectual civilizado e moralista, forçadamente aprenderá a caminhar com suas próprias pernas, lutando pela sua sobrevivência e mais tarde pela sobrevivência de outra vida, que tanto aprenderá amar.

Adorei os diálogos entre Humphrey e Lobo Larsen durante o livro, mostrando diferentes formas de ver o mundo e a vida; mostrando como de certa forma somos impregnados pelas ideologias que nos são impostas pelo meio em que vivemos, e o quanto isso é bom, ou não, para cada individuo e toda uma sociedade. O que seria do mundo se todos pensassem como Lobo Larsen?!
Este é um livro que, como dizem, dá "muito pano pra manga" quando se trata de questionar e refletir... E eu adorooo!
comentários(0)comente



spoiler visualizar
comentários(0)comente



Mário 07/02/2014

Excelente aventura náutica repleta de discussões filosóficas que versam principalmente sobre implicações éticas e morais que o exercício do instinto de autopreservação, egoísta e muitas vezes cruel, representa em uma sociedade construída sobre o ideal da solidariedade, tolerância e fraternidade.
comentários(0)comente



Renata 15/11/2012

Ganhei esse livro de sabe-lá-Deus-quem, 10 anos atrás. Sim, o pobre coitado ficou 10 anos na prateleira aguardando uma chance de ser lido. A prova de tanto tempo de espera estava estampada na etiqueta da livraria Sodiler em sua folha de rosto (e na época custou 8 reais!)

Antes de iniciar a leitura, fiz uma rápida busca sobre o autor, Jack London. Eu achei estranho esse autor não gozar de tanto prestígio no Brasil, quando comparado com o que possui lá fora (talvez seja ignorância minha mesmo). Até porque, se vocês observarem bem, qualquer coleção pocket possui um livro dele.

Jack London tem suas produções influenciadas por grandes nomes tais como Darwin, Nietzsche e Marx. Confesso que nunca li suas obras (não me recriminem por admitir minha alienação), meus conhecimentos sobre eles são de sala de aula mesmo. Não digo que nunca o farei, mas sempre preferi ler os influenciados a ler os influenciáveis. Acho um pouco fatigante ler a filosofia no duro, sabe? Talvez eu não esteja preparada ou talvez eu simplesmente não esteja a fim mesmo. Esta foi a razão que me levou a ler “Quando Nietzsche chorou” e “A cura de Schopenhauer”. Talvez isso se aplique, inclusive, aos romances históricos (pessoalmente acho muito mais agradável ler um romance histórico a ler um livro do Hobsbawn, por exemplo).

Dito isto, caso não concordem com algo que eu diga, fiquem a vontade para corrigir ou opinar. Sou bastante razoável nesse sentido.
O livro conta a “aventura” de Humphrey Van Weyden, um homem que foi resgatado por uma escuna chamada “Ghost” após ter sido vítima de um naufrágio.

A “Ghost” tem como capitão um homem chamado por seus subordinados de “Lobo Larsen”, de características escandinavas que, na minha opinião, a despeito de sua crueldade, é quem dá alma ao livro, e foi o personagem que me fez terminar a leitura.

Esse livro é escrito em primeira pessoa, como um diário de memórias de Humphrey. Assim, é possível entender como esse personagem se sentia em relação a todos os acontecimentos ocorridos na embarcação.
Eu achei muita coragem do autor escrever tantas páginas e tantos acontecimentos em um ambiente tão limitado como é uma embarcação de pesca/caça (às focas, no caso). Mas depois, pensando melhor, percebi que essa embarcação poderia ser qualquer outro lugar... sei lá, um quartel, uma empresa, etc. O que quero dizer, é que essa embarcação significava, para mim, uma análise micro da sociedade, entende?

Logo no início, li um diálogo com o qual me identifiquei muito e dizia assim: “- Quem o sustenta? Insistiu. Quem conquistou essa renda? Seu pai, com certeza, e você vive sobre as pernas dum homem já falecido. Nunca obteve nada pelo esforço próprio. Não sabe cavar a vida, se o largarem só”.

Lobo Larsen disse isso a Van Weyden, mas acho que a mim também. Todos já passamos por essa situação na vida, em que deixamos de ser sustentados para, enfim, andarmos com as nossas próprias pernas. É uma transição penosa para os idealistas. Antes de iniciar essa resenha, imaginei que muitos “skoobianos” são como Humphrey no início do livro: sempre se limitaram ao conhecimento teórico, esquecendo da prática, da ação em si. Por mais que ao ler um livro adquiramos conhecimento, nenhuma sensação é mais satisfatória quanto a de “botar a mão da massa”. Eu ainda estou conquistando isso.

Larsen, apesar de gostar da erudição, dava mais valor a ação, a atitude, a conquistar com o próprio suor, ao invés de simplesmente receber algo pronto e acabado. Acho que esse foi o maior aprendizado de Humphrey no decorrer do livro.

Lobo Larsen comandava com pulso firme sua tripulação, chegando a ser cruel na maioria das vezes. Claro que a parte cruel da coisa, não era estritamente necessária, isso se dava a sua forma de pensar nas pessoas como coisas necessárias para um fim específico e descartáveis em certa altura. Mas, eu acho que essa hierarquia é necessária para o funcionamento da vida em sociedade.

O capitão da Ghost exercia sua superioridade não só com sua força física inabalável (Humphrey o descrevia como um Deus, um ser desprovido de defeitos físicos, sobre humano, o mais forte), mas também com uma capacidade peculiar de manipular mentalmente seus subordinados. Às vezes eu encarava a Ghost como um quarto branco de tortura: ninguém, após certo período de tempo dentro dela, se mantinha em estado de sã consciência. Era um ambiente hostil, onde a mais frágil das criaturas se tornava um animal para lutar pela própria vida. Os personagens claramente mudam no decorrer da narrativa, influenciados pelo ambiente insalubre e pelas atitudes de seu capitão.

Esse ambiente onde só os mais fortes sobrevivem pode ser identificado na forma de pensar de Larsen: “Penso que a vida é uma confusão, respondeu ele de pronto. A vida é como o fermento, uma levedura que se move por um minuto, uma hora, um ano, um século, um milênio, mas que por fim terá paralisados os movimentos. Para manter-se em movimento, o grande come o pequeno. Para manter-se forte o forte come o fraco. O que tem sorte prolonga o seu movimento por mais tempo – eis tudo”.

Os valores éticos não eram os do “mundo civilizado” de onde Van Weyden provinha. A Ghost tinha seus próprios valores éticos e morais:

“- Por que não atira? indagou ele. Pigarreei para limpar a garganta. - Hump, disse Larsen com lentidão, você não atira porque não pode atirar. Não é medo. É impotência. A sua moralidade convencional fez-se mais forte que os seus instintos. Não passa dum escravo das ideias assentes na terra onde viveu e dos livros que leu. O código dessa terra foi embutido no seu cérebro desde a meninice, e a despeito da sua filosofia e do que aprendeu comigo nesta Ghost, esse código não o deixará matar a um homem desarmado que não resiste".

Além disso, também sofri muito com o mar. Sério... Eu não aguentava mais água... Era tanta vela, tanta chuva, tanto frio, tempestades, ondas... nossa, cheguei a ficar mareada em alguns momentos (acho que me recordei da péssima experiência que tive em um catamarã). Isso sem contar na caça às focas, pobrezinhas... Eu fiquei horrorizada com a crueldade de todos, pude sentir o cheiro de sangue em alguns momentos. Acho que esse foi o primeiro livro a me causar tais sensações físicas.

Enfim, percebi a importância da ação e da satisfação que nos dá ver um trabalho realizado, erguido, completo, concretizado.



comentários(0)comente



Gabriel Oliveira 25/01/2010

Dois livros em um
A história é boa, brutal, filosófica, aventureira, onde ñ há espaço para coisas previsíveis e morais; porém do nada Jack London, pra mim, erra a mão e começa a narrar uma tosca história de amor com final feliz...onde a refutada e simplória questão do "bem e mal" é levada a cabo.
comentários(0)comente



mthama 29/01/2012

Sobre
A ideologia do materialismo, que vê a existência da vida e das coisas unicamente na matéria e em sua forma. Achei bem bacana.
comentários(0)comente



GustoPratt 21/09/2009

Jack London
Um ótimo livro de aventura de um dos nossos maiores escritores da literatura universal.
comentários(0)comente



Franco 21/05/2011

Ótima aplicação de teorias filósificas na construção de uma obra literária, e sem aborrecer ou entendiar.

Os personagens, principalmente Lobo Larsen, são marcantes. A trajetória do protagonista, 'Hump', também chama a atenção e serve como fator de envolvimento com a obra, já que está a todo momento em progressão. O ritmo da história vai bem no estilo aventura, cheia de acontecimentos, o que deixa a leitura fluir facilmente pelos vários capítulos.

E para quem gosta de simbolismos, dá pra fazer uma boa interpretação. Cada acontecimento e personagem, e a maneira como tudo se relaciona na trama, dá uma perspectiva interessante para se pensar em possíveis significados metafóricos. Aí vai, claro, de leitor para leitor.

comentários(0)comente



Angélica 06/03/2011

O Lobo-do-Mar
Antes de “O Lobo-do-mar” já havia lido dois romances de Jack London: “O Chamado da Floresta” e “Caninos Brancos”. Ambos são aventuras dinâmicas e cheias de reviravoltas centradas no mundo animal. Ao começar este livro imaginava encontrar mais um ágil romance de aventuras, mas a verdade é que encontrei bem mais que isso.
O protagonista da história é Humphrey Van Weyden, gentleman inglês apaixonado por literatura, e que nunca precisou trabalhar. Quando voltava de uma visita à casa de um amigo, o navio onde Humphrey se encontrava naufraga. Ele é resgatado pela escuna foqueira Ghost, e forçado a se integrar à tripulação.
Somos então apresentados à Lobo Larsen, o forte e impiedoso capitão da Ghost, e uma das mais fascinantes personagens que já tive a oportunidade de encontrar em um romance de aventuras. Homem duro e acostumado a comandar, Larsen subjuga a vida daqueles ao seu redor através da força, tudo para que possa obter maiores vantagens em suas empreitadas. Porém o capitão da Ghost não é apenas um bruto: autodidata, ele é versado em literatura e filosofia, e ao longo do livro trava verdadeiros debates ideológicos com Van Weyden, utilizando e distorcendo os conceitos do “mundo civilizado” para defender seu modo materialista e racional de agir e pensar, que contrasta completamente com o prisma romântico e idealista através do qual Humphey vê o mundo.
Déspota esclarecido, Lobo Larsen vive pela lei da dominação pela força, e menospreza homens que, como Humphrey, não trabalham para ganhar seu próprio sustento. “Que faz para viver? Você trabalha para viver? Quem é que o sustenta?” – são as perguntas que o comandante faz à Weyden logo que este chega à Ghost, forçando-o em seguida a trabalhar no navio. O livro explora muito essa temática do “trabalhar para viver”, provavelmente como uma crítica aos nobres e ricos que “viviam de renda” como Humphrey, associando o trabalho à vinda da responsabilidade e à capacidade do homem de se sustentar sozinho, sem precisar da ajuda de ninguém. O próprio protagonista admite que só aprendeu a andar com as próprias pernas depois de ter conhecido Lobo Larsen; sua estada na Ghost ensinara-lhe tudo, e o fizera enxergar o lado mais cruel da vida, que ele antes recusava a encarar.
Este “lado mais cruel” é também muito bem explorado ao longo do livro. Através dos rudes caçadores e tripulantes da escuna, o romance nos mostra como o “lado bom” do homem adormece quando este é exposto a condições de vida cruéis e subumanas por um longo período de tempo. Os tripulantes da Ghost não pensam em nada além de sua própria sobrevivência e bem estar; nem mesmo a morte de um companheiro de viagem é capaz de suscitar neles alguma compaixão. Todos estão subjugados pela força e pela astúcia de Larsen, e sempre que um deles vai contra o capitão acaba por sofrer terríveis represálias do mesmo.
“O Lobo-do–Mar” é um livro que certamente nos faz refletir bastante, mas infelizmente nem tudo são flores. Lá pelo final do romance a luta pela sobrevivência e os debates ideológicos são deixados de lado... E somos obrigados a ler vários capítulos sobre o amor de Humphrey por Maud Brewster, naufraga resgatada pela escuna na metade final do livro. É como se pulássemos de um romance de aventuras para uma história romântica de José de Alencar... Essa etapa final mantém a aventura e as reviravoltas como no resto do livro, mas já não é nem 1/3 tão interessante quando as partes anteriores da leitura, principalmente porque praticamente toda a discussão ideológica é deixada de lado em prol de discursos sobre a importância do amor na vida do homem e etc. O romance com Maud é provavelmente o modo que Jack London encontrou para fazer parecer que o modo idealista de pensar de Humphrey (e que também é compartilhado por Brewster) é “melhor” ou “mais correto” do que aquele utilizado por Lobo Larsen. Pessoalmente, eu achei que esta foi uma maneira um tanto “pobre” de se ganhar a discussão...
Mas mesmo com um final não tão interessante, “O Lobo-do-Mar” ainda é um ótimo romance de aventuras, que o/a fará refletir bastante. A presença de uma personagem tão interessante quanto Lobo Larsen no livro já faz a leitura valer a pena. Recomendo tanto para quem deseja ler uma boa história quanto para quem quer refletir um pouco sobre a natureza humana.
comentários(0)comente



150 encontrados | exibindo 16 a 31
2 | 3 | 4 | 5 | 6 | 7 | 8 |


Utilizamos cookies e tecnologia para aprimorar sua experiência de navegação de acordo com a Política de Privacidade. ACEITAR