O Lobo do Mar

O Lobo do Mar Jack London




Resenhas - O Lobo do Mar


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Regis 13/10/2022

Escuna infernal
O livro conta a história de Humphrey van Weyden que após ser resgatado de um naufrágio, é mantido à força na escuna de caça à focas chamado Ghost, comandado pelo violento Capitão Wolf Larsen. Dessa forma é arrastado para o mar de Bering no extremo norte do oceano Pacífico, sem saber o que o destino lhe reservaria.

A história é narrada por Hump, como passou a ser chamado pelo capitão, ele vai conhecendo aos poucos o trabalho como camaroteiro, vivenciando momentos de terror, aprendendo sobre a vida no mar, adquirido consciência de si mesmo e de tudo que era capaz de suportar.

O Capitão Wolf Larsen foi um verdadeiro vilão: um homem capaz de te fazer admirar e odiar na mesma medida, capaz de te fazer concordar com ele em alguns momentos (mesmo sabendo que era errado). Um vilão que nenhum outro homem pode controlar ou dominar, com uma mente impressionante e uma maldade latente capaz de atos inimagináveis.

Os outros personagens complementam a história ajudando a engrossar essa mistura insalubre de crueldade e sofrimento a bordo dessa escuna infernal.
Destaque para Johnson e Peach: com sua moral e audácia, Louis: com seu sentido aguçado e instinto elevado de autopreservação e Thomas Mugridge: um personagem medroso, bajulador e ao mesmo tempo cruel e pernicioso que apesar de me causar paura, também conseguiu me despertar compaixão em determinados momentos.

Com uma escrita poderosa, capaz de me fazer sentir o odor fétido da gordura das focas, o golpear do vento em meu rosto e o sal do mar em minha língua, o autor me conquistou e me fez devorar cada página do livro, apreensiva e admirada com tudo que se descortinava diante dos meus olhos a cada capítulo.
Como foi fácil embarcar nessa aventura, amar e odiar os personagens, me sentir tentada a gritar a cada injustiça e me regozijar a cada pequena vitória do protagonista.

Os debates acalorados acerca do sentido da vida, da brutalidade humana e da existência da alma travados entre Humphrey e o Capitão, eram primorosos de se ler.
O autor nos mostra uma batalha constante entre o materialismo e o idealismo romântico, o medo da morte, a importância da vida, darwinismo, religião, criacionismo... e alguns outros.
Visões opostas que entram em atrito no empate entre Wolf Larsen e Humphrey van Weyden. Com a adição de Maud Brewster na metade do livro defendendo o idealismo e se unindo a Hump contra Larsen.

Confesso que a entrada de Maud na história deu um freada brusca na progressão, e levou a leitura por caminhos inesperados. Mesmo assim o livro me prendeu até o fim.

Que personagens cativantes, complexos e interessantes.
Devorei esse livro e já estou com saudade da maravilhosa aventura que tive o prazer de vivenciar à bordo do Ghost e seus tripulantes.
Recomendo muitíssimo essa leitura.
Adriana 13/10/2022minha estante
Ótima resenha ??????????


Regis 13/10/2022minha estante
Obrigada, Adriana. ?


Diani Voulga 14/10/2022minha estante
Quando você me contou em nossa conversa sobre a escrita eu já havia ficado interessado. Agora, com essa descrição do Capitão Larsen estou, também, querendo conhecer esse personagem. No fim os vilões e personagens que agem de forma que, na maioria das vezes abominamos, sempre tem facilidade para conquistar nosso fascínio e curiosidade (pelo menos o meu rs).
Ótima resenha, vida ??


HenryClerval 14/10/2022minha estante
Tirando um tempinho do trabalho para apreciar mais uma resenha maravilhosa que fará minha lista de leituras aumentar um pouquinho.
Parabéns minha querida! ????


Regis 14/10/2022minha estante
Ele é realmente um ótimo vilão, Giovani.
Desperta o interesse.


Regis 14/10/2022minha estante
Obrigada Leandro! ?
Sei que esse livro é a sua cara, já que adora O Chamado da Floresta tanto quanto eu.


Geovana 14/10/2022minha estante
Li esse livro quando eu tinha uns 19 anos. Vendo a sua resenha deu até saudade dessa obra maravilhosa ?


Regis 14/10/2022minha estante
La Sereníssima, achei o livro bem impactante. E é o tipo de história que com o tempo pede uma releitura. ?


Alex 25/10/2022minha estante
Excelente resenha. Uma das coisas que mais encanta nesse livro é a dialética entre Hump e o velho lobo. Apesar de toda sua tenacidade e violência, no plano das ideias era possível e até mesmo estimulado o embate, a contradição e, no fim, a construção de novas conclusões.

Obs. Falta muito isso nos dias atuais.


Regis 25/10/2022minha estante
Obrigada, Alex. ?
Concordo, o embate de ideias está em falta nos dias de hoje, quando acontece geralmente não é pacífico e cada um mantém sua opinião inicial.




Adriana 31/10/2022

O Lobo Marinho
Como clássico literário, O Lobo do Mar é mais do que um romance, é um livro que coloca vários dilemas morais, e a conversa entre Larson e Humphrey nos faz pensar sobre a vida em geral, ora concordar com um, ora com o outro. .
A essência e a natureza filosófica deste livro o tornam um clássico atemporal, mas não é fácil de ler, mas com certeza fará você pensar.

Recomendo muito essa Leitura.
Regis 01/11/2022minha estante
Foi um bom resumo, Drica. ????


Adriana 01/11/2022minha estante
Obrigada linda ? não sou muito boa em resenhas ??????




Alex 26/10/2022

O velho Lúcifer do mar
O Lobo do mar é um livro interessantíssimo, carregado de episódios autobiográficos, em meio a uma ficção de tirar o fôlego.

A história te apresenta Humpfrey van Weiden, protagonista (com muito do próprio Jack London), ele é um escritor, rentista, que nunca precisou ?andar por suas próprias pernas?.

Após um acidente na Bahia de São Francisco, Humprey é resgatado do mar, a bordo de uma escuna de caça às focas, chamada Ghost.

Tal escuna é comandada pelo Lobo do Mar, Wolf Larsen, o próprio diabo para alguns. E é então que começa a história toda.

Humpfrey, passa a ser parte da tripulação do Ghost. Um ato de generosidade de Larsen que afirma ?quem sabe assim ganhe as próprias pernas em algum tempo, quem sabe consiga até andar sozinho?.

Durante a temporada de caça, acontecem inúmeros episódios de violência extrema, maldade visceral, mortes, motim e fugas. Sendo impossível não odiar o temperamento e sadismo do capitão Larsen.

Mas, por outro lado, também acontecem inúmeros embates intelectuais entre Humpfrey (agora chamado Hump) e Larsen. Os dois discutem no plano das ideias. O primeiro, idealista romântico (típico de quem não viveu muito no mundo real), o outro um materialista ferrenho, teimoso e amoral.

Os embates são diretos, sem meias palavras, Larsen apesar de ser um valentão que deseja espancar a todos, consegue manter a dialética, discordar e ainda assim manter o diálogo. E isso me marcou muito, primeiro, porque tais diálogos são riquíssimos, os dois pontos de vistas são instigantes e inteligentíssimos, no mínimo enriquecedor para o leitor; segundo, porque o respeito durante o diálogo, me é muito caro, só pessoas elevadas conseguem conversar, discordar respeitosamente, e seguir dialogando, e Larsen dialoga, admira o repertório de seu interlocutor e estimula, mesmo que as contradições.

Dito isso, este é um dos pontos de divergência no caráter de Larsen, um psicopata, sádico, mas inteligente e dialético. Outro ponto, de divergência é, seu paternalismo com Hump.

Ele não apenas o promove, sem qualquer conhecimento técnico naval, como lida com ele, para lhe dar autonomia, liberdade de ação, vencer seus medos, superar suas barreiras, ?andar com suas próprias pernas?. E quando consegue, sente orgulho de Humprfrey, como se fosse seu filho ou seu pupilo.

Esta jornada de auto descobrimento é de uma riqueza e humanidade tremenda. Mas não cabe em uma resenha. Portanto, recomendo a leitura.

Larsen, entrou no hall dos vilões que amamos odiar. London, reconhecido autor de clássicos e não é à toa, é um mestre em seu ofício.

Obs: os episódios da perseguição do bote fugitivo e do do tubarão, me impactaram tremendamente. Senti ódio de Larsen! Uma raiva sem tamanho, por perpetrar aquelas maldades.
Regis 26/10/2022minha estante
Maravilhosa resenha, Alex. Parabéns! ????


Adriana 27/10/2022minha estante
Excelente resenha Alex, Parabéns ??????????




Haylane.Rodrigues 13/02/2012

Bem-vindos ao Zoológico Humano!
Entre tantos outros livros do gênero, umas das minhas melhores leituras de 2011 foi, sem dúvida, O Lobo do Mar, de Jack London, um clássico que sob uma análise crítica supera outros romances de aventura em alto-mar.

À bordo da "Ghost", o personagem Lobo Larsen é o que se pode definir como um exemplar de absoluta virilidade e poder de ordem, criado sobre o molde do Übermensch (o Super-Homem Nietzschiano) comanda com mãos de ferro a embarcação durante a temporada da pesca de focas, com um caráter extremista que mescla força, intelecto e frieza verdadeiramente Luciférica, Larsen aterroriza seus homens e esmaga a moral de toda a sociedade. Em contra-partida surge o jovem gentleman Humphrey Van Weyden, um exemplo do homem atual: covarde, fragilizado, escravo da moralidade e amante das aparências.

Em suma, o livro mescla a vida dura no mar com os embates filosóficos de Larsen e Hump, e mostra como um homem absolutamente resoluto e firme em sua vontade torna-se a si próprio o seu chefe, o seu Deus, o seu Lúcifer.

* Fica a dica para a adaptação no filme italiano "II Lupo del Mare" de 1975 com Chuck Connor, que a meu ver não se poderia encontrar melhor interprete para dar vida ao tão terrível e magnífico Lobo Larsen.
Laura 25/07/2012minha estante
Nota, parabéns por perceber essas coisas


Haylane.Rodrigues 26/08/2012minha estante
Obrigada, Lau.


Rosas 12/12/2012minha estante
Ele é o melhor livro que eu já li e entendi. Sou fã pra caracaa!!


Ferreira.Souza 06/04/2021minha estante
não é um livro ruim, mas Jesus!
perdi longos cinco dias me arrastando por bobagens machistas


Haylane.Rodrigues 29/05/2021minha estante
Sou apaixonada pelo Lobo Larsen. O que há de machista nesse livro?




Reccanello 26/12/2022

Em defesa de Lobo Larsen
Quando Gandalf adverte Bilbo "que o mundo está lá fora; não em seus livros e mapas" ele pretende mostrar ao pequeno hobbit que, mais que uma temeridade, o processo de se aventurar é necessário ao crescimento e à evolução individuais, e que todo conhecimento teórico é inútil sem sua percepção e aplicação na prática. Ainda que por caminhos mais tortuosos e menos bucólicos que aqueles desenhados por Tolkien, é esse mesmo amadurecimento que observamos e acompanhamos na história de Humphrey van Weyden, um crítico literário rico, franzino e fraco (tanto física quanto moralmente) que, após ser resgatado de um naufrágio, é mantido à força na escuna de caça à focas chamada Ghost, comandado pelo violento, ríspido e frio Capitão Lobo Larsen, um dos personagens mais impressionantes e, surpreendentemente, ignorados da literatura.
===
Escrita em 1903, e colocando o mar e seus trabalhadores como uma metáfora para a própria vida e as relações humanas, a história do teórico e burocrático "playboyzinho" a cujo rosto é atirada sem desculpas a crueza da "vida real" nos traz debates acalorados, profundos e primorosos sobre temas atemporais como o sentido da vida, a brutalidade humana e a existência da alma, sem deixar de lado, entretanto, assuntos mais relevantes e conectados à época de sua escrita, como a batalha entre o materialismo dialético e o idealismo romântico, o medo da morte e a importância da vida, darwinismo, religião e criacionismo, coletivismo versus individualismo... Opostos completos, Lobo Larsen e Hump (apelido ao mesmo tempo carinhoso e depreciativo que lhe é dado pelo Capitão) elevam suas discussões a níveis altíssimos, com Lobo Larsen demonstrando erudição e conhecimentos, no mínimo, inauditos para um "simples homem do mar" que passa seus dias dividido entre a caça e a matança de focas e a tarefa de infernizar a vida de sua tripulação, atemorizando-a constantemente com sua crueldade. Talvez por sua frequente brutalidade, aqueles diálogos filosóficos fluem prazerosamente, impressionando Hump pela bagagem literária de Lobo, que inclui grandes nomes da literatura e da filosofia. Ainda assim, mesmo com esse ponto em comum entre ambos, e mesmo pedantemente destacando que os conhecimentos do capitão são superficiais e inferiores às suas próprias e qualificadas análises como crítico literário, Hump não consegue deixar de admirar a força e a virilidade de Lobo Larsen, a quem em mais de uma ocasião descreve como belo, de simetria ímpar, um espécime perfeito de masculinidade, um exímio autodidata em assuntos tão vastos como matemática, literatura, ciência, filosofia e tecnologia (conquanto reconheça que sua verdadeira força reside em algo mais primitivo e animalesco). Ao mesmo tempo em que arrefece os ânimos exaltados, a introdução de uma personagem feminina na história acrescenta e eleva ao paroxismo a animosidade entre Hump e o Capitão, levando a história para um desfecho trágico, agravado pelo surgimento do irmão de Lobo, Morte Larsen, um capitão que dizem ser ainda mais cruel que nosso herói!
===
Assim como acontece com Hump, o leitor também não passa incólume ao Capitão, que ao longo da leitura o odiará, amará e, ao final, parcialmente compreenderá, ao entender seu apego à vida. Enfim, conquanto para muitos o nome do livro se refira a Humphrey van Weyden e à sua evolução como homem e ao seu aprendizado como marinheiro, para mim é Lobo Larsen o personagem principal da obra, porquanto criado da mesma matéria que moldou e temperou personagens tão potentes quando o tenaz e demoníaco Capitão Ahab de "Moby Dick" e o atroz comerciante de marfim Kurtz de "O coração das trevas". Larsen é esse homem "sem ficções", virtuoso no sentido maquiavélico da palavra, que vê a vida como ela realmente é e, portanto, um monstro sábio e solitário, ao mesmo tempo dadivoso como Prometeu e lúcido como Lúcifer, um personagem grandioso, atormentado, torturado e, infelizmente, desperdiçado em um livro cujo final arrastado não fez justiça à grandeza de sua história.

site: https://www.instagram.com/p/Cmo1ryxLZS9/
Mauro 26/12/2022minha estante
Inefável ?


skuser02844 27/12/2022minha estante
Li no comecinho deste ano. Genial! Fiquei muito impressionada. Mas confesso que não gosto a partir de quando chega a personagem feminina. Parece surgir para dar um "final feliz" meio forçado.


Reccanello 28/12/2022minha estante
A personagem feminina parece que foi colocada só para desviar o foco do "bromance" entre Hump e Larsen.


skuser02844 28/12/2022minha estante
Exato! ?




nvitoria 26/08/2023

Brutal!
Esse livro é muito bom
Mas eu tive um pouco de dificuldade por causa da escrita mais antiga
Ele mostra como o ser humano pode ser mau
O personagem principal fica aderiva no mar e tem q lutar pra sobreviver em um navio cheio de homens brutos
Esse livro mostra a sua jornada em alto- mar

(n liguem pro erros de Portugues, tenho muita dificuldade em escrever textos)

É isso, um beijo ?
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Claire Scorzi 24/03/2009

Aventura dramática em alto-mar
Outra novela que leio e releio desde a adolescência.

Humphrey Van Weyden é um milionário americano, diletante das artes e crítico de literatura ocasional. Após o naufrágio do navio em que viajava, é resgatado por uma escuna, a Ghost, que viaja para o Japão em caça às focas. Logo Humphrey descobre que não apenas foi resgatado, mas também aprisionado na embarcação - por ordem e capricho do feroz Lobo Larsen, o capitão da Ghost, que o obriga a trabalhar como novo tripulante. Humilhações, perigos no mar, discussões sobre literatura e filosofia, violências e horrores se sucedem nessa viagem que é, para Humphrey, uma mistura de pesadelo e iniciação: a iniciação numa vida anos luz distante da sua...

Jack London (1876-1916) sempre gostou do tema da criatura capaz de adaptar-se às intempéries. Seus personagens, sejam homens ou animais, parecem demonstrar a mesma tese: que os seres vivos conseguem sobreviver, e até triunfar, malgrado os sofrimentos, sob as mais extraordinárias condições. Pode-se ver isso em O Lobo do Mar como em O Apelo da Selva e Caninos Brancos. O escritor foi exímio criador de personagens : o desfile de figuras marcantes, bem delineadas, é amplo - Lobo Larsen, o "Lúcifer, espírito do orgulho" como é chamado por um dos personagens, tipo que atrai e repele, repugna e fascina (como o próprio London parece, a certa altura, enfeitiçado por seu protagonista); Humphrey, o homem bom e inexperiente que começa a mudar, a amadurecer, perdendo a inocência enquanto teme transformar-se em mais um dos marinheiros embrutecidos que habitam a escuna; Johnson e George Leach, criaturas de coragem moral, e trágicas, pois não se curvam a Larsen ("O senhor não gosta de mim porque sou homem demais" diz Johnson a Larsen em um dos momentos que antecedem extrema violência); o abjeto Mugridge, inspirador a um só tempo de asco e piedade; Maud Brewster, a poetisa que, pelo meio do romance, também vem parar por acidente a bordo da Ghost...

Uma obra deliciosa de ler, empolgante, eterno entre os favoritos - é O Lobo do Mar.



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Irla 17/04/2021

O livro é bem viciante. Apesar de eu não entender nada de navios, ele é claro o suficiente pra dar uma ideia geral do q está acontecendo sem q eu entenda realmente os detalhes de como acontece. Os personagens são bastante interessantes, especialmente Maud, q vai e volta numa linha tênue entre receber um tratamento machista ou não.
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Pandora 21/06/2020

Comecei a ler "O Lobo do Mar" de Jack London no dia 4 de fevereiro desse ano. Era uma manhã de terça-feira, estava indo para Jaboatão de metro. Tenho a impressão de está rememorando eventos de outra vida.

Ele é o livro 2 da lista de 12 do #ProjetoExploradores cuja da @soterradaporlivros @tinyowl.reads @chimarraoelivros & @fronteirasliterarias. Quando essa nova vida regrada a medo e confinamento começou perdi o foco dos desafios, mas não me pergunte como ou porquê estou tentando retomar qualquer coisa perdida e comecei com o menos desconfortável, ou seja, os livros.

Ironicamente, o protagonista desse livro, o jovem intelectual, Humphrey Van Weyden, ao longo da narrativa também conta como enfrentou uma aventura de confinamento e medo quando depois de um naufrágio vai para dentro do navio Ghost capitaneado pelo terrível Capitão Wolf Larsen.

Para mim a leitura de "O Lobo do Mar" oscilou entre cansativa, chata, aflitiva, surpreendente, interessante. Os diálogos são longos, tanto Wolf quanto Humphrey as vezes parecem duas pessoas egocêntricas e prepotentes e a caça a foca praticada pelo Ghost me deu agonia, mas não dá para dizer que esse é um livro ruim. Achei uma das leituras mais imprevisíveis do últimos tempos, quando eu pensava que Jack London ia levar a história para um lado ele levava para outro, sempre me surpreendendo muitas vezes positivamente e ao final foi uma leitura satisfatória.

Aliás, sobre satisfação algo que se destaca e salta aos olhos é a forma como London inseriu uma mulher em sua história e construiu as relacoes entre os gêneros de forma horizontal. Curiosamente, ao longo de todo livro o narrador associa a figura feminina a histeria e fragilidade, mas a mulher que aparece no livro é independente, inteligente, dona de sua própria renda e sagaz. A Maud é maravilhosa!
.
O "Lobo do Mar" é um livro de aventura. Apresenta o conflito entre o homem culto e embrutecido por uma vida de trabalho, entre a moralidade burguesa e o materialismo atroz de um homem que só crê na violência. Me colocou dentro de um navio que mais parece o inferno flutuante e ao fecha-lo sinto apenas alívio.
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Blog MDL 27/07/2015

Uma história cativante e deveras reflexiva, O Lobo do Mar nos faz viajar não apenas por mares revoltos, mas por uma análise a respeito do ser humanos e de como a vida e pessoas podem ser fascinantes e únicas.

Tendo o autor, Jack London, estado a bordo diversas vezes em escunas de caça, a história, assim como o Ateneu, traz um cunho biográfico onde o autor pôde relatar toda a sua aventura portando não apenas do estudo, mas de um extenso conhecimento empírico.

Começamos a história conhecendo nosso protagonista. Humphrey Van Weyden é um acadêmico que vive com sua mãe e irmãs e à custa do dinheiro do pai. Nunca tendo tido qualquer contato com trabalho físico, os únicos confrontos que já teve na vida foram discussões entre aqueles iguais a ele, onde uma língua afiada era a arma que definia o embate.

A história se passa inicialmente na cidade de São Francisco. Após uma visita a um amigo, Humphrey está retornando para casa, sendo necessário atravessar a baía de São Francisco em uma balsa. Infelizmente, para nosso caro narrador, a balsa sofre um acidente, que leva a embarcação a naufrágio e a todos os passageiros para o mar.

Humphrey, devido a correntezas, acaba se afastando dos demais passageiros, e após horas lutando pela sobrevivência, é regatado por uma escuna de caça e cai inconsciente. Após retornar a si, ele descobre que a escuna Ghost, nome da embarcação que se encontra, está com destino para o Japão, para a temporada de caça às focas. Hump, logicamente, vai de encontro ao capitão do navio, almejando que o mesmo possa voltar e deixá-lo de volta em São Francisco.

O capitão da escuna, Wolf Larsen, é um homem frio, bruto e cruel, que força Humphrey a ficar na escuna, fazendo com que o mesmo, que sempre teve uma vida pacata e regada de mimos, passe a fazer trabalhos manuais dos mais diversos, sendo totalmente exposto a situações de brutalidade extrema e desprovido de todas as regalias de sua vida.

Com seu trabalho pesado e convivência com os outros marinheiros, Hump descobre que, apesar de toda sua brutalidade maquiavélica e predestinação à maldade, Wolf Larsen é um autodidata letrado, que tem como hobby ler as mais diversas obras dos mais diversos pensadores, o que faz com que o marinheiro de primeira viagem e o cruel capitão formem um laço através de suas discussões sobre o bem e o mal, a existência da alma e a busca pela felicidade.

O livro é incrível não apenas pelo porte autobiográfico que carrega, mas pelos personagens carismáticos que tem. Humphrey, estudioso como é, não consegue parar de notar todas as diversas nuances de personalidades dos demais trabalhadores do navio e suas descrições não apenas enriquecem o texto, como traz notas bastante interessantes. É deveras intrigante quando paramos para perceber que a escuna e sua tripulação formam uma mini sociedade, onde a hierarquia por vezes é definida não apenas pela força bruta, mas pelas habilidades e cada tripulante. Porém, apesar de ser um personagem carismático, o protagonista consegue, a meu ver, ser totalmente ofuscado por seu antagonista.

Wolf Larsen é um homem que é muito mais do que aparenta ser. Por trás de uma beleza rústica (todo o momento descrita pelo Hump, vale ressaltar), bom porte físico e falta de escolaridade, ele é um homem que procurou educar-se por conta própria e sofre por não ter com quem compartilhar aquilo que aprendeu, pois em sua tripulação, mesmo entre os poucos que tem alguma noção de alfabetização, não há ninguém que tenha remoto interesse pelos livros e discussões do capitão.

Temos então um personagem que é bruto e fisicamente forte, mas que, ao mesmo tempo, tem um conhecimento intelectual invejável e opinião forte e formada a respeito dos mais diversos e polêmicos temas da humanidade. Sua maldade e brutalidade são justificadas por sua inclinação às teorias de Darwin. Para ele, a seleção natural é o que move o mundo. Então sim, o capitão irá te atacar, e se você não aguentar é porque não era forte o suficiente.

As discussões entre os personagens são extremamente edificantes. Trazem referências a diversos autores, filósofos e pensadores do século XVIII e nos dão uma visão panorâmica e densa de cada um deles, fazendo com que eles tomem uma forma por terem pensamento, opinião e ideologias.

Infelizmente, nem tudo é maravilha neste livro.

Jack London nunca enganou ninguém, ele gostava de escrever, mas mais do que isso, gostava de receber pelo que escrevia. Para isso, o autor precisava colocar elementos em seu livro que interessasse os leitores para que eles viessem a “consumir” seu produto final. E o que é de conhecimento geral que move a grande massa de pessoas? Um romance.

O clima tenso e magnético entre Humphrey e Wolf Larsen tornou-se quase palpável, creio que devido a ambos os personagens serem, apesar de opostos, baseados no próprio autor. Então, optando por evitar um envolvimento maior entre eles e para atrair mais compradores, ele introduz, próximo ao fim da história, a Srta. Maud Brewster.

O propósito da personagem foi cumprido. O livro vendeu bastante e tornou-se Best-seller, porém a história sofreu e muito com isso.

A dinâmica dos personagens foi totalmente alterada, perdemos todo o brilhantismo do Hump, que passou a ficar páginas e páginas ansiando por sua amada e mesmo Wolf Larsen, que tinha seus atos justificados por suas ideologias, passou a agir brutalmente por pura maldade.

O livro tinha um potencial incrível e, se continuasse na mesma linha que vinha por dois terços da história, teria provavelmente se tornado um épico. Esse é um dos maiores exemplos de como um romance pode arruinar uma história.

Porém, mesmo com esse final que deixa a desejar, afirmo com total convicção que "O Lobo do Mar" está na minha lista de livros favoritos da vida. É uma leitura de fácil entendimento, que faz o leitor refletir todo momento sobre os mais diversos temas e confronta tudo aquilo que carregamos como verdade absoluta dentro de nós.

site: http://www.mundodoslivros.com/2015/07/resenha-especial-o-lobo-do-mar-por-jack.html
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Diego / @blogdiscolivro 06/07/2023

"O inferno é uma geleira perto do que vai ser esse barco daqui pra frente"
Histórias que se passam no mar sempre exerceram certo fascínio sobre mim e várias delas estão entre os meus livros favoritos (Moby Dick, Os Trabalhadores do Mar, 20 Mil Léguas Submarinas, O Velho e o Mar, etc.), mas, me faltava ler este que é um dos principais expoentes da literatura marítima. Publicado originalmente em 1904, "O Lobo do Mar" narra as aventuras do cavalheiro Humprey van Weyden à bordo do Ghost, uma escuna de caça à focas. Vítima de um naufrágio, nosso protagonista se vê resgatado por Wolf Larsen, capitão tirano famoso por seu despotismo desenfreado. Rumo aos mares do Japão, o velho dirige sua tripulação com mão de ferro, usando de armas como tortura psicológica e castigos severos para subjugar aqueles que ousam desafiá-lo. Seria essa a salvação ou a perdição de Humprey?

Habituado a uma vida confortável em meio aos livros e ao seio familiar, Hump entrará em contato com o lado mais sórdido do ser humano pela primeira vez. Afinal, quem embarca no Ghost acaba de cruzar a fronteira do mundo civilizado. Em meio à barbárie, todo o seu cavalheirismo, seu lado culto e sua vida ditada pelas regras morais, serão postos à prova. Sua filosofia de vida, baseada nos princípios do humanismo e do idealismo, baterá de frente com a de Wolf Larsen, um individualista e materialista nato, adepto da violência e desprovido de qualquer senso ético ou moral. O embate filosófico entre os dois personagens se dá através de diálogos acalorados, às vezes, chegando às vias de fato. Assuntos como imortalidade, o valor da vida, altruísmo, literatura, religião e morte serão debatidos de forma intensa e aprofundada. São duas naturezas completamente opostas convivendo em um espaço pequeno e hostil. Conseguirá Hump manter inabalada a sua fé na humanidade depois de embarcar nessa nau desumana?

Em outra de suas camadas, é uma obra que também denuncia as injustiças e os abusos que aconteciam à bordo dos navios norte-americanos, algo parecido com o que Melville fez em "Jaqueta Branca". Assim como seu conterrâneo, Jack London foi marinheiro e se inspirou em experiências pessoais para conceber o romance, método padrão em seus escritos. Cruamente realista, a narrativa não irá poupar o leitor de detalhes desagradáveis, cenas de tortura e espancamento serão recorrentes no convés do Ghost. É também um livro de aventura, não há dúvida. A obra tem um certo tom novelesco - perto do fim, acho que London até abusou um pouquinho disso - e a aura enigmática que paira em torno do capitão fisga a gente logo de cara (o que será que aconteceu com esse ser?, o leitor se pergunta). Com isso, a leitura flui de vento em popa. É um livro fácil de ser devorado!

Aventurosa, realista e filosófica, "O Lobo do Mar" é uma obra que possui muitas camadas. A leitura pode ser encarada de várias formas e irá agradar a diferentes tipos de leitores. A mim, saltou aos olhos o dilema filosófico que autor apresenta nas personas de Hump e Larsen, ambos extremamente humanos, ou seja, falhos, e apegados a seus princípios. O primeiro detém um grande conhecimento, mas este é puramente livresco. Como consequência, é um tanto romântico, e diria até inocente, pois ainda não foi "tocado pela vida". O segundo é o completo oposto, praticamente uma força da natureza. Privado de qualquer instrução, deturpou todo o conhecimento que foi capaz de absorver para assim justificar os seus meios e satisfazer suas necessidades mais egoístas. Nas palavras de Hump, é "um homem a se temer o tempo todo, da mesma forma que tememos uma víbora, um tigre ou um tubarão... Uma espécie de monstro." Arrivista até os ossos, faz jus ao nome e age feito um lobo solitário. Em resumo: um nasceu em berço esplêndido e foi criado pelos livros, o outro nasceu na miséria e foi crivado pelas agruras da vida em alto-mar. Porém, o "monstro" aqui desempenha um papel fundamental na formação de Hump, ele é o "toque de vida" que lhe faltava. Desse conflito, podemos tirar a lição de que nunca é bom se apegar a extremos, viver inteiramente no mundo das ideias pode ser tão perigoso quanto ser privado delas, é preciso buscar um ponto de equilíbrio para nos tornarmos pessoas melhores.

site: https://discolivro.blogspot.com/
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Nathalie.Murcia 19/04/2021

Sensacional
Leitura excelente. Clássico é clássico. Wolf Larsen é o capitão do navio Ghost. Um homem temido por seus marujos e caçadores de focas, que faz jus ao epíteto "lobo do mar". Um vilão com uma retórica e sabedoria acima da média, mas despedido de qualquer sentimento de bondade para com os semelhantes. No contraponto, temos o protagonista, Humphrey van Weyden, um homem letrado, da alta sociedade, imbuído de bons sentimentos e ética, mas que nunca trabalhou arduamente (o famigerado "almofadinha").

Eis que, por circunstâncias do destino, ele acaba a bordo do Ghost. Sem embargo de ter sido a experiência mais aterradora por ele vivenciada, haja vista que o protagonista passou por maus bocados, evoluiu muito e criou "uma casca" ao lidar com homens que tinham códigos próprios de sobrevivência, e beiravam à selvageria. Os diversos diálogos entre Wolf Larsen, travados ao longo de toda a narrativa, são o ponto alto do livro. Ao mesmo tempo que o protagonista temia e tinha ojeriza do capitão, o admirava com sinceridade. Um paradoxo muito interessante e bem explorado. A complexidade psicológica do vilão é abissal. Não é à toa que adquiriu notoriedade no meio literário.

A meu ver, em se tratando de romances marítimos, este sobrepujou até mesmo "Robson Crusoé" e "O Velho e o Mar", outros dois clássicos de renome. Pretendo ler os demais livros de Jack London. Paguei a língua, pois sempre achei a literatura norteamericana mais superficial quando comparada com as demais.
Alê | @alexandrejjr 19/04/2021minha estante
Sempre é bom sermos surpreendidos, né, Nathalie?


Nathalie.Murcia 19/04/2021minha estante
Com certeza! E foi uma.bema surpresa.


Nathalie.Murcia 19/04/2021minha estante
Com certeza! E foi uma bela surpresa.




Helena 16/08/2020

Um bom desenvolvimento de personagem
A primeira metade da história mostrou-se enfadonha para mim: uma aventura marítima e com uma pitada de diálogos filosóficos (embate de ideias opostas) entre os dois personagens principais (pouco desenvolvidas, inseridas sem contexto por vezes). Ademais, temos um vocabulário náutico com o qual pouco estava habituada, o cotidiano a bordo do Ghost com seu amargo capitão e a sofrível adaptação do narrador àquela realidade. Entretanto, a segunda metade me envolveu e cativou, a partir do momento que surge uma personagem feminina trazendo romance à trama. E olha que não sou de gostar de romances rsrs Aqui, achei que trouxe a leveza. Os conflitos a bordo se intensificam, algumas reviravoltas surgem. A história se torna mais interessante quando você repara no desenvolvimento do personagem-narrador e como ele evoluiu em su jornada. Àqueles que podem ver alguns acontecimentos com olhar de "clichê", temos que lembrar da época que essa obra foi escrita, afinal, trata-se de um clássico. Por fim, foi um livro que cumpriu em me entreter.
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